Ganhar a Mega da Virada (cujas apostas vão até sexta-feira dia 31 pela internet) deve ser o sonho de muitos brasileiros, mas deixar o dinheiro parado em vez de fazer os juros compostos trabalharem por você pode não ser uma boa escolha. Principalmente considerando a forte pressão inflacionária, que corrói o poder de compra ao longo do tempo.
Este ano, a Mega promete pagar R$ 350 milhões – o valor mais alto da história do concurso. O montante, embora bastante expressivo, pode ficar ainda maior se investido.
E graças ao movimento de alta da taxa Selic pelo Banco Central, não é preciso ser um investidor arrojado, aplicando em produtos mais arriscados, para ter bons rendimentos, dado que aplicações conservadoras já têm oferecido retornos mais atrativos do que os encontrados no último ano.
Para critério de comparação, no início de 2021, com a taxa básica de juros no menor patamar histórico de 2%, a caderneta rendia 70% da Selic mais a taxa referencial (TR), atualmente zerada, ou 1,4% ao ano.
Já um investimento que rendesse 100% do CDI, como o título público Tesouro Selic, atrelado à taxa básica, pagava 1,65% ao ano (descontado o Imposto de Renda).
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Agora, com a Selic em 9,25% ao ano, a poupança passa a pagar 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais a TR, enquanto um título Tesouro Selic, por exemplo, entrega um retorno líquido de IR de 7,63%.
Neste cenário, R$ 350 milhões deixados na poupança renderiam R$ 1,75 milhão por mês, ou R$ 21,6 milhões em um ano, mostra Gustavo Maders, especialista de alocação do escritório Ável Investimentos.
Foi considerada uma Taxa Referencial (TR) de zero; o valor, contudo, pode mudar nos próximos meses. Confira a simulação:
Rendimento mensal | Rendimento anual | |
Poupança | R$ 1.750.000,00 | R$ 21.586.950,00 |
Embora o resultado já pareça alto, é menor do que aquele que poderia ser encontrado no título público Tesouro Selic. Nele, o prêmio da Mega renderia R$ 2,14 milhões por mês ou R$ 26,7 milhões no prazo de um ano – ambos os valores já líquidos de IR (alíquota de 17,5%).
Maders lembra que o Tesouro Selic tem risco soberano e alta liquidez, por isso a aplicação costuma ser usada para garantir a reserva de emergência.
Rendimento mensal | Rendimento anual | Tributação | |
100% do CDI | R$ 2.007,149,72 | R$ 25.090.625,00 | 22,50% |
100% do CDI | R$ 2.071.896,48 | R$ 25.900.000,00 | 20% |
100% do CDI | R$ 2.136.643,25 | R$ 26.709.375,00 | 17,50% |
100% do CDI | R$ 2.201.390,01 | R$ 27.518.750,00 | 15% |
É importante destacar que os cálculos consideram o rendimento nominal, isto é, não levam em consideração a variação da inflação no período.
Em novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial do país, teve alta de 1,17% frente outubro – o maior valor para o mês desde 2002. No ano, o indicador acumula alta de 9,57% e, em 12 meses, de 10,73%.
Dito isso, é importante que o investidor também tenha aplicações com rendimento atrelado à inflação, destaca Maders, de forma a manter o poder de compra no longo prazo.
Para isso, o investidor pode buscar títulos públicos atrelados à inflação (Tesouro IPCA+), por exemplo.
Ao InfoMoney, especialistas destacaram preferência por papéis mais curtos, com vencimento até 2026, dado o cenário de grande incerteza e de pouca diferença entre as taxas oferecidas nos papéis mais curtos e longos (que costumam carregar maior volatilidade).
CDBs e crédito privado
O investidor também pode encontrar em plataformas de instituições financeiras Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) que pagam uma taxa de 120% do CDI.
Neste cenário, R$ 350 milhões renderiam R$ 2,54 milhões por mês e R$ 32 milhões em um ano, já líquidos de IR. Confira as simulações:
Rendimento mensal | Rendimento anual | Tributação | |
120% do CDI | R$ 2.389.792,08 | R$ 30.108.750,00 | 22,50% |
120% do CDI | R$ 2.466.882,15 | R$ 31.080.000,00 | 20% |
120% do CDI | R$ 2.543.972,22 | R$ 32.051.250,00 | 17,50% |
120% do CDI | R$ 2.621.062,29 | R$ 33.022.500,00 | 15% |
Maders reforça, contudo, que o limite para ter cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é de R$ 250 mil por CPF e instituição financeira, considerando o rendimento no período. É possível, contudo, que o investidor invista um total de R$ 1 milhão entre diferentes CDBs e instituições.
Ainda na renda fixa, o investidor pode acessar ativos de crédito privado, como debêntures incentivadas e Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs).
O especialista da Ável Investimentos lembra que esses produtos não contam com a proteção do FGC e que, portanto, é preciso ficar atento ao emissor – isto é, a quem está emprestando o dinheiro –, e para as notas de classificação de risco, das agências de rating, buscando aqueles de melhor qualidade, como “AAA”.
Uma das vantagens do maior montante investido, segundo o assessor, recai sobre o maior leque de produtos oferecidos. Isso porque, a partir de R$ 1 milhão o investidor é considerado qualificado, podendo ter acesso à maioria das classes e produtos de investimento que estão disponíveis no mercado, como fundos de private equity, por exemplo. São produtos de maior risco, mas que podem oferecer altos retornos.
Já a partir de R$ 10 milhões, o investidor é classificado como profissional e pode acessar ainda mais produtos restritos, seja Fundos de Investimento em Participações (FIPs), Fundos de Investimento em Direito Creditório (FIDCs), algumas ofertas de CRIs e CRAs, entre outros.
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