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Sabia que figuras históricas brasileiras como a Marquesa de Santos, o Duque de Caxias e o político Eusébio de Queiroz eram consumidores de seguros no país? Os três foram clientes da MAG, seguradora brasileira que completou 190 anos em operação no início de 2025.
Segundo Helder Molina, CEO da seguradora há mais de 20 anos, a empresa é uma das mais longevas do país – extrapolando o mercado segurador. “Tem só duas companhias mais antigas que a MAG, que nunca pararam de operar desde sua fundação: o Diário de Pernambuco e uma empresa de mate do Paraná”, ressalta o executivo em entrevista exclusiva ao InfoMoney. Outro fato curioso é que a MAG chegou a pagar uma pensão por 76 anos – possivelmente a indenização mais longa da história do Brasil.
Molina comenta os casos curiosos e as mudanças no mercado e no comportamento do consumidor observadas ao longo do tempo, além de temas como inovações tecnológicas e estratégias do mercado para ampliar o acesso da população à proteção securitária – e financeira.
Mercado crescente
A indústria de seguros brasileira vem crescendo ano a ano e, para o consumidor, as transformações que acompanham a evolução do mercado podem ser especialmente relevantes. Para se ter uma ideia do avanço do setor, no acumulado de 2024, as receitas totalizaram R$ 435,56 bilhões, representando um crescimento de 12,2% em relação ao ano anterior, informa a Susep (Superintendência de Seguros Privados), autarquia federal que regula e fiscaliza o mercado.
Uma das principais seguradoras brasileiras, a MAG Seguros também acompanhou o bom desempenho do setor em 2024. O lucro líquido superou pela primeira vez a marca dos R$ 300 milhões, alcançando R$ 311 milhões, um crescimento de 16% em relação ao ano anterior. O capital segurado ultrapassou R$ 950 bilhões, enquanto os benefícios pagos aos clientes chegaram a R$ 862 milhões no ano. Em termos de receita, a seguradora obteve R$ 3,2 bilhões em prêmios (valor pago pelo cliente à seguradora ao comprar o seguro) ganhos, um avanço de 15% frente a 2023.
Com presença nacional, a empresa chega perto dos dois séculos de atividade responsável pela proteção de 6,8 milhões de vidas, com 39 unidades espalhadas pelo Brasil, mais de 1,5 mil colaboradores, uma rede de 6,8 mil corretores parceiros e 800 parceiros de negócios.
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![](https://www.infomoney.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Helder-Molina-divulgacao-mag-e1739293350760.jpeg?quality=70&strip=all)
Desafios e oportunidades
Na avaliação do CEO, uma das oportunidades para o setor é usar a tecnologia a seu favor. Ele conta que a MAG foi uma das primeiras seguradoras a adotar ferramentas como o CoPilot da Microsoft e a investir em inteligência artificial para melhorar atendimento ao cliente e processos internos. “Estamos em um processo, tem que ir em ondas. Mas isso tem ajudado muito as pessoas e a produtividade da companhia”, disse Molina. Essas ferramentas estão ajudando a personalizar ofertas e agilizar a contratação de apólices.
A tecnologia é uma grande aliada também na Simple2U, a ‘insurtech’ do grupo com produtos sob demanda e 100% digital que recebeu em agosto do ano passado a autorização definitiva para operar como seguradora no mercado brasileiro, após participar da primeira edição do sandbox regulatório da Susep. Já na terceira edição, o sandbox permite aos participantes operarem em ambiente regulatório sob supervisão da autarquia e testar novos produtos, serviços ou novas formas de prestar serviços tradicionais por um prazo determinado.
Outra iniciativa inovadora da empresa lançada em 2024 e destacada com orgulho pelo executivo é a Favela Seguros, uma parceria com a Favela Holding e a CUFA (Central Única das Favelas), que tem como objetivo levar seguros para as comunidades carentes. Além de oferecer proteção financeira para um público historicamente excluído, o projeto gera trabalho e renda, com moradores das próprias favelas atuando como corretores. “Nosso objetivo é poder disponibilizar seguro para uma classe que nunca teve. E, ao mesmo tempo, gerar trabalho para quem mora nessas comunidades”, explicou o CEO. A iniciativa está em fase piloto em quatro favelas do país – Brasilândia e Paraisópolis em São Paulo e Rocinha e Complexo da Penha no Rio.
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Mesmo com tantas oportunidades, Molina salienta que um desafio persiste: a dificuldade de vender seguro de vida individual. Diferente do seguro auto, que é comprado por necessidade, o de vida precisa ser apresentado ao consumidor. Ele não acredita em concorrência acirrada no segmento, já que somente 10% dos brasileiros possuem um seguro de vida, segundo estimativas do mercado. “Para mim não existe concorrência porque o país tem um gap [lacuna] gigantesco de proteção. Tem 90% da população brasileira para batermos na porta e oferecer um seguro”, aponta o executivo.
Ele explica que “pouquíssimas seguradoras” desenvolvem a venda do seguro individual, que é a base do seguro de vida no mundo. Já no Brasil, Molina conta que a maioria dos seguros de vida contratados são da modalidade coletiva. Para driblar essa questão, ele conta que a MAG investe em treinamento de 500 a 1.000 corretores bianualmente e em estratégias para tornar a contratação do seguro de vida individual mais acessível e atraente ao consumidor.
A pandemia foi um divisor de águas no setor, conta Molina. Antes dela, quase ninguém procurava um seguro de vida espontaneamente, mas, durante a crise sanitária, a busca disparou. “Nunca o telefone tocou para alguém que quisesse comprar um seguro de vida. Durante a pandemia, aconteceu isso”, destacou o executivo. No entanto, ele ressalta que esse efeito foi temporário e que, cinco anos depois, “o ser humano esquece as coisas” e a conscientização sobre seguros voltou aos níveis anteriores.
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Outro desafio ‘encarado’ pela MAG, conta o CEO, é o de tornar os seguros de vida mais inclusivos para quem tem doenças pré-existentes. Tradicionalmente, pessoas com diabetes, HIV ou hipertensão, por exemplo, têm dificuldade em contratar um seguro da modalidade. Mas ele garante que a seguradora criou uma metodologia que permite precificar melhor os riscos, possibilitando que mais brasileiros tenham acesso a essa proteção. “Eu acredito que não existe risco ruim. O que existe é risco mal precificado”, afirma Molina.
De olho no futuro
O executivo vê uma tendência que deve crescer nos próximos anos: o seguro voltado à saúde. Com os altos custos dos planos de saúde, produtos como cobertura para doenças graves, cirurgias e diárias de internação hospitalar estão ganhando espaço como alternativas mais acessíveis para quem busca segurança financeira diante de imprevistos médicos. “As pessoas muitas vezes não têm dinheiro para comprar um plano de saúde e precisam de mais coberturas para si. É um mercado que deve crescer mais do que a média de crescimento dos outros produtos”, observa Molina.