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Neste 8 de março, o InfoMoney dá voz a cinco mulheres, de diferentes estratos da sociedade. Todas elas enfrentam percalços para manter a renda em um Brasil que, sob a pandemia, é impactado pelo desemprego e pela inflação.
Conheça os desafios de Leoneide, 46, de Ribeirão Pires (SP).
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Aos 46 anos, a paulista Leoneide Elionor, que durante boa parte da vida trabalhou como faxineira e foi obrigada a parar por conta de três hérnias de disco, voltou a sonhar com uma profissão.
Ela quer se tornar cabeleireira profissional e construir um pequeno salão de beleza em sua casa, em Ribeirão Pires, cidade da região metropolitana de São Paulo.
Mãe de três filhos, sendo dois com deficiência, Leoneide precisa conciliar o negócio estruturado em casa para não deixar de cuidar dos meninos.
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Na pandemia, colocou em prática algumas habilidades adquiridas em cursos gratuitos de cabeleireira e ganhou clientes fazendo escova progressiva e mechas. Sem material profissional, improvisou usando até o chuveiro da casa.
Com a ajuda de amigos, ganhou equipamentos usados. O atual companheiro, ajudante de pedreiro, colocou mais “um tijolo” no sonho de Leoneide, reformando um cantinho da casa, na área externa, para que ela pudesse atender as clientes.
Apesar de ter fidelizado uma pequena clientela por caprichar na escova progressiva, Leoneide subiu a régua do seu sonho depois de conhecer o Instituto Rede Mulher Empreendedora. A meta agora é fazer um curso profissionalizante para se capacitar como uma especialista em coloração e química e se tornar uma microempreendedora.
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“Quero ter mais segurança. Não dá para mexer com química sem estudar. É até perigoso para as clientes”, diz.
Levada por uma amiga, ela conheceu os cursos do instituto durante a pandemia, participou de mentorias e passou no processo de aceleração. Agora está desenvolvendo o projeto de seu salão.
“Preciso me aprimorar para entregar o melhor para as minhas clientes. Aprendi muito nos cursos, não sabia como fazer levantamento e controle dos materiais. Não sabia ainda que o salão poderia ser uma empresa e me pagar um salário. Foram aprendizados muito bons”, comenta.
Embora não lhe faltem força de vontade e empenho para realizar o sonho profissional, Leoneide esbarra na barreira do orçamento exíguo. Para conseguir melhorar as instalações do salão improvisado na área externa da sua casa e fazer o tão sonhado curso, estima que precisará de, pelo menos, seis vezes mais que a renda mensal da família, um salário mínimo.
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Esse valor é referente ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que Leoneide conseguiu para o filho mais velho, Leonardo, 25, que tem deficiência mental e esquizofrenia.
Assim como Leonardo, Cauã, 15, demanda cuidados especiais. O adolescente também perdeu totalmente a visão de um dos olhos, quando ainda era criança, por causa de uma catarata mal tratada.
“Eu sempre falava com Deus. Um dia queria trabalhar com alguma atividade em que eu pudesse estar na minha casa por conta dos meus filhos. Leonardo precisa tomar medicação em horários específicos e, apesar de ele conseguir fazer atividades sozinho, fica nervoso muitas vezes, precisando de ajuda. Não dá para ficar sem acompanhamento”, conta.
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Leoneide cuida dos três filhos — o mais novo, Pablo, 9, é fruto do atual relacionamento — sem abrir mão do seu planejamento profissional. E ainda se desdobra para atender as clientes fiéis de escova progressiva e mechas.
As lições de empreendedorismo também deram um tempero ao talento dela para culinária, área que vem ajudando a complementar o orçamento familiar.
Sem emprego fixo, o companheiro conseguiu ganhar o auxílio emergencial do governo durante a pandemia, mas agora a família só conta com o benefício de Leonardo.
A saída é tentar a esticar o orçamento doméstico com a venda de gelinhos (ou sacolés) e bolos confeitados. “Apesar de vivermos sempre com orçamento apertado, nunca deixei de fazer os bolos de aniversário dos meus filhos. Eles faziam sucesso entre os vizinhos, e comecei a receber encomendas”, conta.
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