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Um dos convidados mais esperados da 38ª Conferência Hemisférica da Fides, que se encerra nesta terça-feira (26), no Rio de Janeiro, o norte-americano Paul Krugman, vencedor do Nobel de Economia (2008), destacou que o cenário de aumento de juros que o mundo experimentou na pós-pandemia não tem afetado significativamente o crescimento econômico.
“Sempre houve medo de que os Bancos Centrais exagerassem, porque os efeitos da alta demoram a ser sentidos e, quando aparecem, a economia já está sufocada. Mas não vimos recessão até agora, a economia tem sido admiravelmente resiliente à alta de juros”, disse o economista, durante o painel “Desafios para o crescimento global sustentável”.
“O fato de a economia não ter desacelerado, com a alta de juros, faz com que os Bancos Centrais tenham receio de reduzir as taxas. Então, talvez tenhamos que viver com juros altos por mais tempo. Está cada vez mais difícil pensar em queda das taxas. E as taxas de longo prazo sobem, refletindo essa expectativa.”
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Sem dor
Krugman lembrou que as medidas de proteção social e econômica adotadas pelos governos durante a recessão causada pela pandemia geraram uma situação em que a capacidade de produção da sociedade foi reduzida, mas não o consumo.
“Isso, inevitavelmente, geraria inflação. Poucos lugares do mundo não experimentaram um salto inflacionário. Passada essa fase, a questão era quão difícil seria reduzir a inflação a patamares aceitáveis. Nos EUA e na Europa não tivemos inflações como essa desde os anos 1980. Controlá-la naquela época tinha um custo imenso e temeu-se que esse cenário se repetiria. Mas, especialmente nos EUA, estamos vendo uma acelerada queda da inflação sem desempregos, sem sinal de que a economia esteja sendo afetada.”
Questionado por Dyogo Oliveira, presidente da CNseg e seu interlocutor no painel, sobre a taxa de juros brasileira, atualmente em 12,75% ao ano, mas com perspectiva de novos cortes, Krugman afirmou que a política monetária brasileira não é tão diferente da vista nos Estados Unidos ou na Europa.
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“Não acho que nenhum dos Bancos Centrais tiveram muitas alternativas diante da alta da inflação. Parecia que não era o resultado do aquecimento da economia. Mas, mesmo assim, se as economias não sofreram uma recessão com as taxas elevadas, isso parece sugerir que essa alta dos juros básicos era necessária.”