Itaú cria protótipo de conta remunerada em criptoativos

Solução usa conceitos de finanças descentralizadas (DeFi) e seria compatível com o real digital

Paulo Barros

Aplicativo do Itaú
Aplicativo do Itaú

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O Itaú apresentou nesta terça-feira (25) o protótipo de uma conta bancária que entregaria remuneração sobre criptoativos depositados pelo cliente. Apresentado durante o evento Lift Day, promovido pelo Banco Central, o experimento busca aliar as finanças tradicionais aos conceitos inerentes ao mundo das criptomoedas — mais especificamente, das finanças descentralizadas (DeFi).

Pela proposta, um cliente do banco poderia depositar suas criptos em uma conta especial para obter um determinado rendimento. Em troca do pagamento, o usuário deixaria seus recursos disponíveis para uso por pessoas interessadas em realizar conversões instantâneas entre diferentes tipos de ativos, incluindo criptomoedas, “dólares digitais” ou reais digitais.

A troca rápida (swap) entre diferentes criptoativos é comum em plataformas DeFi como a Uniswap (UNI), que não tem um controle central. Os usuários de sistemas como esse não precisam passar por verificação de identidade, mas costumam conviver com alto risco de ataques hackers e golpes.

Assim como na Uniswap, o experimento do Itaú visa permitir conversão de criptos a qualquer momento sem precisar conectar diretamente um comprador com um vendedor. Por outro lado, o banco busca conferir um nível mais alto de segurança ao usuário.

A solução se baseia em pools de liquidez, que funcionam como reservatórios onde são depositados os ativos que alimentam as operações: quem usa o serviço paga taxas que são revertidas como forma de remuneração para quem fornece a liquidez.

O percentual de retorno não foi revelado. Mas, segundo o Itaú, o modelo estudado conseguiu alcançar um nível de rentabilidade em linha com o que é ofertado em ambiente DeFi, que pode chegar a dois dígitos ao mês.

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“Nosso objetivo foi avaliar se conseguiríamos utilizar as estruturas das finanças descentralizadas para trazer algum benefício para o sistema financeiro tradicional, e entender se conseguiríamos construir um modelo de negócio viável para aqueles clientes que gostariam de rentabilizar os seus criptoativos”, explicou Yukiko Dias, do time de produto do Itaú responsável pelo projeto.

Os testes foram realizados usando a blockchain Stellar (XLM), mas a solução seria também compatível com redes que aceitam o padrão Ethereum (ETH), como a Hyperledger Besu, escolhida pelo BC para o primeiro projeto-piloto do real digital.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas