Intercâmbio é equiparado a estágio: o que muda e como se preparar?

Nova lei deve incentivar as buscas por estudos no exterior com validade por aqui

Anna França

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O intercâmbio no exterior foi equiparado a estágio para cursos de nível superior com a sanção da Lei 14.913 de 2024, que aconteceu neste mês de julho. O projeto incentivará a internacionalização das universidades brasileiras e a maior diversidade no ensino superior do país em função das experiências culturais e das formas de pensamentos adquiridas pelos estudantes, segundo a senadora Professora Dorinha (União TO), que deu parecer favorável ao projeto.

A novidade anima o mercado de intercâmbio, que só no último ano já tinha registrado um forte crescimento de 25% ante 2022 e alta de 30% em relação a 2019, período antes da pandemia de Covid-19. Em 2024, o setor já espera fechar o ano com avanço de 20%, conforme estimativas da consultoria especializada em educação internacional Student Travel Bureau (STB). Atualmente, a empresa faz parte do grupo BeFly, maior empresa privada da América Latina, com um faturamento anual de R$ 15 bilhões.

De acordo com a gerente de produtos STB Universidades, Camilla Gouveia, a equiparação do intercâmbio internacional ao estágio para cursos de nível superior abre uma porta importante para os estudantes, que antes teriam de parar o curso se quisessem fazer um intercâmbio. “Atualmente, já é possível fazer o semestre ou até um ano acadêmico inteiro fora do país e contando para o currículo. Com isso, o número de universitários brasileiros em instituições internacionais, que ainda é muito baixo (apenas 1%), pode crescer. O potencial é enorme”, diz a executiva.

Segundo Camilla, muitos estudantes vêm buscando graduações no exterior, mas as vagas são limitadas. Por isso, o trabalho junto às instituições daqui e de fora tem sido um desafio crucial. “Isso é importante não apenas ponto de vista acadêmico, mas também pela possibilidade de os estudantes ficarem imersos em uma nova cultura com muita troca, num enriquecimento pessoal que vai ajudar muito quando ele voltar”, disse.   

Como funciona na prática?

Há modalidades mais curtas, que podem ser feitas nas férias de julho e duram de duas a seis semanas, possibilitando que os estudantes conciliem com estudos aqui no Brasil. Já a modalidade semestral ou um ano acadêmico são voltadas para quem quer ter imersão maior. Nelas os alunos fazem o semestre lá fora e pedem validação. Para estes casos os alunos precisam ter um nível maior de inglês para acompanhar.

Já o curso de pós-graduação pode ser feito em seis meses ou um mestrado mais robusto de um a dois anos. Há, inclusive, mestrados mais profissionais ou de pesquisa. Hoje a área de universidade já representa cerca de 10% os negócios STB.

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Destinos mais procurados

Quando o aluno universitário, os destinos mais populares estão na Europa. Entre eles se destacam Espanha, Inglaterra ou Itália. Isso por causa da mobilidade. Segundo Camilla, há universidades cujos programas incluem a realização de módulos em vários países. “Por mais que o euro não seja a moeda mais barata, tantas possibilidades a tornam mais interessante do que os Estados Unidos, por exemplo. Além disso, hoje há muitos brasileiros que têm dupla cidadania, o que facilita ainda mais e reduz custos”, explica.

Além disso, dependendo do tempo e do lugar, estudantes podem trabalhar durante o curso e ajudar nas suas contas. Apesar dos Estados Unidos ainda ser o carro-chefe nos intercâmbios, Canadá também se destaca como destinos escolhidos, seguido pela Austrália.

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Outro destaque mais recente é a Coreia do Sul. O país oferece universidades que possuem um alto nível acadêmico. Na maioria delas os cursos são ministrados em inglês. “Esse novo perfil de intercâmbio tem característica mais acadêmica e agrega valor na carreira”, disse.

Muitos programas em universidades exigem candidaturas, ou seja, não é só fazer uma prova. É preciso reunir documentação para que a universidade avalia o perfil do estudante, de acordo com a executiva da STB. “Por isso, o planejamento nesse tipo de intercambio é fundamental, diante de um processo mais complexo de avaliação. O prazo de organização varia entre 8 meses e um ano de antecedência. Para destinos que não precisam de vistos ou se o estudante tem passaporte europeu, o prazo pode cair para até seis meses.

O que é preciso para fazer um intercâmbio

  1. Sentar avaliar o seu interesse e os cursos disponíveis;
  2. Avaliação do perfil acadêmico e como ele se encaixa;
  3. Pode ser áreas correlatas, como um engenheiro estudar empreendedorismo, por exemplo;
  4. Começa a juntar a documentação;
  5. Submeter aplicação para as universidades, fazemos toda a ponte para viabilizar a candidatura;
  6. Planejamento, pós oferta, como comprar passagem, ver moradia, plano de saúde, etc.
  7. Fazer reserva de moeda é importante, há também possibilidade de fazer um cartão pré-pago, onde se acumula créditos
  8. Se houver possibilidade de trabalho, começar a ver quais são as chances de se conseguir emprego naquele local.

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Anna França

Jornalista especializada em economia e finanças. Foi editora de Negócios e Legislação no DCI, subeditora de indústria na Gazeta Mercantil e repórter de finanças e agronegócios na revista Dinheiro