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Furacão na Flórida e vendaval em São Paulo. Qual o impacto no valor do seu seguro?

Os prejuízos ainda estão sendo calculados, mas as perdas podem superar a casa dos R$ 100 milhões na região metropolitana de São Paulo e chegar a mais de US$ 100 bilhões na Flórida para as seguradoras

Gilmara Santos

Vento sopra sobre palmeiras perto da ponte da Ilha Sanibel enquanto o furacão Milton se aproxima de Fort Myers, na Flórida – 09/10/2024 (Foto: Ricardo Arduengo/Reuters)
Vento sopra sobre palmeiras perto da ponte da Ilha Sanibel enquanto o furacão Milton se aproxima de Fort Myers, na Flórida – 09/10/2024 (Foto: Ricardo Arduengo/Reuters)

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O setor de seguros ainda nem se recuperou do impacto do furacão Milton nos Estados Unidos e um novo evento climático deve ter reflexo significativo no setor. O vendaval que atingiu a região metropolitana de São Paulo na última sexta-feira deixou ao menos 7 mortos e atingiu casas e comércios, deixando milhares de paulistanos sem energia elétrica por vários dias. Na Flórida, o furacão deixou um rastro de destruição e, ao menos, 12 pessoas mortas, segundo autoridades locais. Passado o pior dessa tragédia é hora de contar o prejuízo.

Os prejuízos ainda estão sendo calculados, mas as perdas podem superar R$ 100 milhões em São Paulo e US$ 100 bilhões na Flórida para as seguradoras no mundo, criando aumento na procura de preços de resseguros em 2025. “As tempestades como ocorridas recentemente em São Paulo costumam causar impacto em diversos segmentos de seguros patrimoniais e automóveis. Casas, condomínios e empresas sofrem diversos prejuízos. Entre eles, os danos elétricos em que ocorrem variações anormais de tensão e causam queima de aparelhos e equipamentos eletroeletrônicos”, lembra Jarbas Medeiros, presidente da comissão de riscos patrimoniais Massificados da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais). Ele destaca que os fortes ventos também causam destruição ao provocar o destalhamento dos imóveis e entrada de água, que danificam tanto os imóveis quanto bens e, no caso de empresas, mercadorias e estoques. Também é comum ocorrem queda de árvores e alagamentos que causam danos nos móveis e veículos. “Todos esses eventos são cobertos pelas seguradoras”, afirma.

A dúvida dos consumidores, no entanto, é se os eventos climáticos vão levar também a um aumento nos valores dos seguros.

“O vendaval que atingiu São Paulo deve gerar um aumento significativo nos pedidos de indenização no setor de seguros, especialmente nas coberturas patrimoniais e de automóveis. Com ventos de até 100 km/h, os prejuízos podem superar os R$ 100 milhões, segundo estimativas preliminares. Telhados arrancados, quedas de árvores e danos a veículos são os principais motivos para acionamento do seguro”, avalia Rodolfo Bokel, sócio da GLobus.

De acordo com ele, o volume elevado de sinistros pressiona as seguradoras, que podem repassar os custos em forma de aumento das apólices no futuro.

“No Brasil, embora o furacão não afete diretamente o território, o mercado de seguros pode sofrer com a alta nos custos globais de resseguros, elevando os preços das apólices nacionais. As seguradoras brasileiras, que dependem de resseguradoras internacionais, já preveem ajustes. Assim, a pressão sobre o setor no Brasil e no mundo pode ser refletida em prêmios mais altos para consumidores, impactando diretamente o bolso dos segurados”, avalia Rodolfo Bokel, sócio da GLobus.

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Julio Tenreiro, diretor da Korsa Riscos e Seguros, concorda que, como o mercado de seguros e resseguros também é globalizado, perdas significativas ocorridas em outros países podem afetar os custos de resseguro (e consequentemente do seguro) em mercados que não foram diretamente atingidos pelos eventos mas que acabam sofrendo esses impactos.

“Não podemos esquecer que em 2024 já tivemos outras ocorrências importantes em termos de eventos climáticos, trazendo perdas significativas para o mercado”, afirma.

De acordo com ele, é importante avaliar o volume de indenizações que foram geradas por estes danos e o impacto que essas indenizações podem trazer no custo da oferta de resseguro.

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“Havendo essa elevação, provavelmente o custo final dos seguros, que dependem de capacidade de ressseguro, podem ser afetados por esse cenário”, comenta Tenreiro.

Para Carlos Hermida, diretor executivo A12+ Corporate, em um mundo globalizado, as consequências oriundas de eventos desta magnitude acabam interferindo em menor ou maior grau na percepção dos riscos envolvidos e consequentes de cenários catastróficos, aliado a uma avaliação de que fenômenos naturais como este, além de atribuir perdas severas, passam a ser mais recorrentes. “Este somatório se torna o pior cenário possível para o mercado ressegurador.

“Porém, em razão de ainda não se poder estimar os prejuízos causados por este furacão e, principalmente, em virtude de não ser o Brasil um país afetado por este tipo de fenômeno atmosférico, é prematuro afirmar que o ocorrido possa majorar custos globais de resseguros e, por consequência, afetar de forma negativa os custos praticados nas apólices de seguros em âmbito nacional, apesar de, no meu entender, não será este evento o responsável por grandes mudanças nos custos de cobertura securitária”, diz.

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O professor José Luíz Munhós, da FIA Business School, avalia que o custo do resseguro deve impactar todas as seguradoras no mundo porque há um repasse internacional para diminuir o risco.

“No Brasil, podemos esperar que alguns riscos passarão a ter um custo mais alto e pode ocorrer a não aceitação de algumas coberturas para riscos que consideram extremos”, diz o professor ao comentar que o que ocorreu no Rio Grande do Sul também pode contribuir para limitar a cobertura de apólices para este tipo de evento.

Importante lembrar que o Estado gaúcho sofreu com as fortes chuvas que inundaram várias cidades e levaram destruição e mortes à região. De acordo com o último estudo da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) junto às suas associadas, os pedidos de indenização relacionados às enchentes no Rio Grande do Sul alcançaram a marca de R$ 6 bilhões.

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC