Ex-aluna de Harvard supera lesão e usa lições de finanças para ganhar ouro em Paris

Kristen Faulkner nasceu no Alasca e era capitalista de risco antes de se tornar ciclista de estrada

Equipe InfoMoney

Kristen Faulkner, medalhista de ouro dos EUA no ciclismo de estrada (Reprodução/Instragam)
Kristen Faulkner, medalhista de ouro dos EUA no ciclismo de estrada (Reprodução/Instragam)

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Kristen Faulkner levou, nesta semana, a medalha de ouro para os Estados Unidos nas Olimpíadas de Paris 2024 no ciclismo de estrada — um percurso de cerca de 160 quilômetros feito em 3h59min23seg.

O feito, que já é impressionante, ganhou ainda mais destaques por alguns fatores: fazia 40 anos que os EUA não garantiam vitória nesta prova — a última atleta a obter êxito foi Connie Carpenter nos jogos de Los Angeles, em 1984; ela começou a praticar o esporte por diversão há seis anos; foi chamada pelo time americano para as Olimpíadas porque houve desistência de outra atleta americana; e teve lesão grave antes das disputas.

Kristen tem 31 anos e cresceu em Homer, uma pequena cidade na Península de Kenai, no Alasca, e mais tarde se formou na Universidade de Harvard em 2016. Ela só começou a praticar ciclismo em 2017, quando se mudou para Nova York para trabalhar no setor de risco de capitais.

Em entrevista à NBC News, ela compartilhou que começou no esporte porque sentia falta de uma atividade ao ar livre e que o ciclismo foi suprindo esse sentimento. A verdade é que Kristen nem iria competir nas Olimpíadas de Paris de 2024, mas foi convocada para a equipe dos EUA no início de julho deste ano, depois que Taylor Knibb renunciou ao seu lugar na equipe para se concentrar em outras modalidades como o triatlo.

Carreira em finanças x atleta em tempo integral

Depois de começar a pedalar pela diversão e pela saúde, Kristen se inscreveu em uma clínica introdutória ao ciclismo feminino no Central Park, em Nova York. Por volta de 2020, ela já estava competindo pela TIBCO-Silicon Valley Bank, equipe profissional de ciclismo feminino mais antiga da América do Norte.

Conforme foi treinando, ela se interessou pelo esporte e, no início de 2021, tomou uma decisão mais radical: deixou a área de capital de risco para se dedicar ao esporte em tempo integral — ela presumiu que seria um breve desvio em sua carreira, talvez de dois a três anos, contou ao Wall Street Journal.

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Mas a vida aconteceu e hoje Kristen corre pela equipe feminina continental americana EF-Oatly-Cannondal. Ela conta na entrevista que a paixão pelo esporte e tudo o que o envolve se aprofundou ainda mais nesse período: a competitividade, as amizades com seus companheiros de equipe e até mesmo a rotina constante de treinamento. Kristen, que agora mora em São Francisco, também nos EUA, pedala cerca de 80 km por dia.

Apesar da transição radical de carreira, ela entende que sua profissão como capitalista de risco foi fundamental para seu sucesso como atleta profissional porque ela já sabia como calcular e avaliar as adversidades. “Em uma corrida, levo comigo essa mentalidade: qual é a relação risco-retorno? Saber quando apostar tudo é importante”, afirmou em outra entrevista à Associated Press.

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Lesão x ouro olimpíco

Kristen tem, ainda, uma história de superação nesse processo que a levou até o seu ouro nas Olimpíadas de Paris 2024. No ano passado, ela foi atropelada por um carro durante um treino na Califórnia e fraturou a tíbia — uma lesão que poderia ter encerrado sua carreira de ciclista. Em decorrência disso, ela fez uma pausa de três meses do ciclismo.

A corrida de ciclismo de estrada tem 160 quilômetros e começa e termina em Paris, mas se estende por vários percursos montanhosos e termina no Trocadéro, com o Rio Sena e a Torre Eiffel ao fundo.

Na visão dela, sua educação no Alasca foi um estímulo para a força e a resiliência que ela precisava para superar a lesão e confiar em si mesma para competir em um cenário global. “Nunca é sobre se vou continuar, é apenas uma questão de como”, disse à NBC News.

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Agora, Faulkner almeja sua segunda medalha olímpica – na competição por equipes, onde correrá em uma pista com três de seus companheiros de equipe dos EUA contra ciclistas de outros países. O evento começou na terça-feira (6) com a qualificação.