Estatísticas do século XX: população brasileira ficou 10 vezes maior em cem anos

Estudo revela um raio X da situação do país no último século, em especial, referente à inflação, crescimento e desigualdades

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SÃO PAULO – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta segunda-feira, um estudo denominado “Estatísticas do século XX”, em que revela um verdadeiro raio X da situação do país no último século, sobretudo no que se refere à inflação, crescimento e desigualdades.

PIB per capita cresceu 12 vezes

Entre 1901 e 2000, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita brasileiro registrou crescimento de quase 12 vezes, a uma média de 2,5% ao ano, dado este superado apenas por economias como a do Japão, Taiwan, Finlândia, Noruega e Coréia. Ao longo do século, o PIB real aumentou 100 vezes, enquanto a população cresceu pouco menos de 10 vezes.

A diferença entre os mais ricos e os mais pobres também cresceu de forma preocupante. Na década de 1960, a renda total dos 10% mais ricos era 34 vezes maior que a dos 10% mais pobres. Em 1990, esta diferença deu um salto para 60 vezes. No período, o índice que mede a desigualdade passou de 0,50 para 0,63, lembrando que quanto mais perto de 1, maior a distância entre ricos e pobres.

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Comportamento da inflação

No que se refere à inflação no período, o estudo do IBGE revelou que a partir da década de 1930 a inflação apresentou forte tendência de alta, a qual só foi revertida com a criação do Plano Real, em 1994. Sendo assim, a taxa média de inflação passou de 6% nos anos 30 para 12% nos anos 40; 19% nos anos 50; 40% das décadas de 60 e 70; saltando para 330% nos anos 80 e 764% de 1990 a 1995, posteriormente recuando para 8,6% de 1995 a 2000.

Outro dado interessante da pesquisa diz respeito à mudança das moedas no país. Em 100 anos, foram sete novas moedas, entre réis e real. Imaginando que a moeda brasileira fosse o real desde o início do século e que um cafezinho custasse naquela época R$ 1, em 2000 seria necessário assinar nada menos do que R$ 11 quatrilhões para pagar este mesmo cafezinho.

População cresceu de 17,4 milhões para 169,6 milhões

Ao longo do século XX a população brasileira tornou-se dez vezes maior. Enquanto em 1900 o Censo contou cerca de 17,4 milhões de residentes, este número deu um salto para 51,9 milhões de residentes em 1950 e 169,6 milhões de pessoas em 2000. Desde 1970, quando se cantava “90 milhões em ação” na Copa do Mundo de futebol, a população cresceu nada menos do que 82%.

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A pesquisa destacou ainda que 10% do crescimento populacional do período se deve à migração de estrangeiros para o Brasil, o que de fato passou a ocorrer já no século XIX, com a abolição da escravatura e decorrente carência de mão-de-obra agrícola. Sendo assim, entre 1840 e 1940 a participação dos imigrantes (próprios e seus descendentes) foi de 19% do aumento populacional.

O documento mostra, ainda, que a expectativa de vida do homem brasileiro subiu de 33,4 anos em 1910 para 62,3 anos em 1990 e, no caso das mulheres, de 34,6 para 69,1 anos de 1910 para 1990.

No que se refere à educação, o aumento das cidades fez crescer o número de escolas, levando o analfabetismo a reduzir ao longo das décadas. Para se ter uma idéia, em 1920 65% da população de 15 anos ou mais era analfabeta, não sabiam ler e escrever. No ano 2000 esse índice caiu para 13%.

Religião

O século XX foi marcado pelo declínio da religião católica, sendo que os fiéis que antes representavam mais de 95% da população brasileira em 1940, passaram para 73,8% em 2000. Já o número de evangélicos cresceu de 2,6% em 1940 para 9% em 2001. Por último, o número de pessoas que se declararam “sem religião” também cresceu no século XX. Em 1940, eles eram apenas 0,5% do total da população. Na década de 90, já representavam 5,1%.