Efeito Pix: 7 a cada 10 transações são feitas no celular, mostra Febraban

Só em 2023, foram feitas 130,7 bilhões de operações nos smartphones de clientes, avanço de 22% na comparação com o ano anterior

Giovanna Sutto

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Sete em cada dez transações bancárias realizadas por brasileiros são feitas pelo celular. Se foram consideradas as transações feitas pela internet e mensagens instantâneas (sms, apps ou chatbox), o percentual sobe para 8 em cada dez transações.

Entre 2019 e 2023, as transações pelo smartphone tiveram um significativo crescimento de 251% no país — enquanto o volume de transações totais dobrou, as movimentações pelo smartphone cresceram 3,5 vezes no país. Só em 2023, foram feitas 130,7 bilhões de operações bancárias nos smartphones dos clientes, um avanço de 22% na comparação com o ano anterior. Com as demais possibilidades, o volume de transações atingiu a marca de 186 bilhões.

Os dados são da pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, divulgada nesta quarta-feira (26) durante a Febraban Tech 2024. O estudo considera 21 bancos, o correspondente a 80% do mercado brasileiro.

Segundo Rodrigo Mulinari, diretor responsável pela pesquisa, o aumento nas transações mobiles se dá pela popularização do Pix, que apresenta números “superlativos” de crescimento. O sistema superou a marca de 114 milhões de usuários cadastrados no último ano, com alta de 16% frente ao ano anterior. O Pix foi responsável por adicionar 71,5 milhões de usuários no sistema financeiro nacional, promovendo a bancarização no país, segundo o Banco Central.

A alta nas transações via Pix abrange todas as modalidades, na comparação com o ano anterior: chaves Pix (alta de 44% contra 22), QR Code dinâmico (+258%), inserção manual (+51%), QR Code estático (+154%) e iniciadores de pagamentos (+25%).

A pesquisa mede o comportamento dos usuários chamados de “heavy users”, que são pessoas físicas que fazem mais de 30 Pix por mês e pessoas jurídicas que fazem mais de 50 Pix por mês: esse grupo representa 45% dos usuários cadastrados, contra 38% no ano anterior. “O Pix vem trazendo mais usuários e também aumentando a frequência de transações”, conclui Mulinari.

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Foram 550 milhões de contas ativas em 2023. E 53% do total de aberturas de contas
correntes foram realizadas via canais digitais.

Na visão de Sérgio Biagini, diretor responsável pela pesquisa e sócio-líder da Deloitte, fica claro que o mobile banking se consolidou como o principal canal de relacionamento dos bancos com seus clientes. “Isso é resultado dos avanços tecnológicos, da cibersegurança e da mudança no comportamento do consumidor nos últimos anos. Apesar deste domínio do mobile, ainda há muito espaço para avançarmos neste canal, principalmente na experiência entregue e na assertividade do relacionamento desenvolvido neste ambiente. Isto reforça a importância de continuarmos investindo em tecnologia e inovação para oferecer experiências mais personalizadas e eficientes”, diz Biagini.

Outro indicativo da força do mobile banking são as transações via apps de mensagens instantâneas, que subiram 76%, passando de 70,9 milhões para 125,2 milhões.

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“Embora a representatividade deste canal ainda seja menor quando comparada à dos demais, os resultados recentes confirmam a tendência dos aplicativos de mensagens como mais uma opção disponível aos clientes”, ressalta Mulinari.

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Open Finance cresce

Embora ainda enfrente alguns desafios, como falta de conhecimento do cliente e de produtos, em comparação com a edição anterior, houve aumento de 347% na quantidade de chamadas de APIs. Ainda assim, das 27 chamadas de APIs existentes, 99% das consumidas são referentes à etapa de dados cadastrais e transacionais (fase 2), sendo as de contas, cartão de crédito e consentimento, as principais.

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Carolina Sansão, diretor de inovação da Febraban, afirma que o Open Finance tem uma curva de adoção maior por ser o “meio” e não o “fim”. “Não é um desenvolvimento trivial. À medida que os bancos vão implementando mais soluções, os clientes vão ver mais opções de uso e mais valor no que o Open Finance oferece. O ecossistema vai ser melhor explorado quando tivermos mais clareza do produto na ponta”, avalia.

Leia também: Super App de volta? Veja o que está em jogo na solução que pode atrair os bancos

Oferta de seguros nas agências bancárias

A oferta de soluções de seguros pelas instituições bancárias está cada vez mais se disseminando pelos canais digitais. Apesar disso, ainda há uma prevalência das agências como principal canal de oferta: 88% das ofertas de seguros são feitas por agências bancárias na amostra de 16 dos 21 bancos que têm produtos securitários e responderam à pesquisa da Febraban. O dado, na avaliação de Mulinari, evidencia a importância de atendimento personalizado e de um profissional com conhecimento especializado para vender esse tipo de produto considerado mais complexo.

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“Por outro lado, este panorama indica uma oportunidade para que os bancos aprimorem a jornada digital, buscando oferecer produtos cada vez mais customizados às necessidades de seus clientes e adaptando suas soluções às novas tecnologias, como inteligência artificial, para abarcar diferentes realidades e se diferenciar estrategicamente”, diz o estudo.

Em 2023, 78% do total de seguros correspondem às novas contratações e, 22%, às
renovações, enquanto o setor atingiu 68,6 milhões de novos produtos de seguro
contratados.

O destaque é para o seguro de vida, produto mais buscado pelos consumidores (50%) para fazer cotações e simulações nos bancos – a modalidade é também a mais contratada em agências bancárias (48%).

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.