Dívidas: quando levantar financiamento é saudável

Nem sempre financiamento é sinônimo de inadimplência, ao contrário pode ser uma alternativa inteligente para aumentar seu patrimônio

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Para os brasileiros que viveram a época em que os juros eram de mais de 100% ao ano, a palavra financiamento levanta sérias suspeitas. Como os salários não eram ajustados na mesma proporção da inflação e os juros subiam, boa parte destas pessoas acabou inadimplente, sendo forçada a entregar móveis ou vender propriedades para quitar suas dívidas.

Apesar da taxa de juro básica no Brasil estar em um patamar bastante elevado para padrões internacionais, o brasileiro já pode levantar um financiamento e não acabar atolado em dívidas.

O segredo é levantar financiamentos que busquem no médio prazo aumentar seu patrimônio, e não para realizar um sonho de consumo. Além disso, é preciso ficar de olho no orçamento, de forma a não comprometer mais do que pode com o pagamento das dívidas.

Investindo no seu futuro
O grande problema de levantar um financiamento é saber quando ele realmente é necessário e quando deve ser evitado. Com os juros nos níveis atuais, certamente a melhor opção para quem pode é evitar as dívidas. Contudo, como boa parte dos brasileiros ainda precisa de ajuda para comprar sua casa, ir à faculdade ou simplesmente abrir seu negócio, nem sempre é possível evitar os empréstimos.

Levantar um empréstimo com o objetivo de melhorar suas perspectivas profissionais ou simplesmente aumentar seu patrimônio no médio-longo prazo vale a pena. Antes de optar pelo empréstimo reflita sobre as seguintes perguntas: com ele você está garantindo uma renda mais alta no futuro, está investindo no seu patrimônio, ou simplesmente melhorando suas perspectivas profissionais? Se a resposta for sim vá em frente, caso contrário pense novamente sobre a necessidade do empréstimo.

A estudante Ana Patrícia Ribeiro sempre sonhou com um curso universitário, mas por situações adversas na sua família, o sonho da faculdade ficou distante quando ela não conseguiu entrar em uma faculdade pública, pois a família não tinha dinheiro para pagar a mensalidade do curso. Neste caso, recorrer a uma das várias modalidades de financiamento estudantil vale a pena, pois a estudante está garantindo uma melhor colocação profissional no futuro.

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O caso da estudante Ana Patrícia reflete uma destas situações em que o financiamento é positivo, pois garante ao tomador um retorno maior do que aquele que o custo dos juros que está pagando. Outros exemplos de empréstimos saudáveis do ponto de vista financeiro são aqueles que viabilizam a abertura ou expansão do seu negócio, compra da casa própria ou cursos que permitam seu crescimento profissional.

Mesmo assim é preciso cuidado para não comprometer demais o seu orçamento ou o da sua empresa. Levantar um financiamento para garantir a expansão do seu negócio é positivo, desde que isto não implique em um comprometimento excessivo do fluxo de caixa. Neste caso, o melhor é esperar mais um pouco ou tentar renegociar os termos do empréstimo.

Imóveis: aumentando seu patrimônio
Financiar um imóvel também pode valer a pena, mas cuidado para não dar um passo maior que a perna. Além disso, como o imóvel serve de garantia para o financiamento, os juros cobrados são mais baixos que em outras formas de financiamento de curto prazo, como por exemplo, os empréstimos pessoais, cartões de crédito etc.

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Isto sem falar na possibilidade de valorização da propriedade, o que é bastante comum em cidades grandes, como São Paulo. Mas para isto é preciso escolher bem o imóvel, a localização e o estado do imóvel, que são essenciais. Imóveis bem localizados tendem a se valorizar, recuperando parte dos gastos com juros. Por último, vale lembrar que no futuro o imóvel pode servir de fonte de renda para o proprietário. Diante disto, as chances de que o retorno do financiamento seja maior do que os gastos com juros são bastante grandes.

Atolado em dívidas
A grande dificuldade que o brasileiro encontra é exatamente discernir entre o empréstimo que é essencial e saudável e o que pode levá-lo à ruína. Financiar um carro, por exemplo, não é uma forma positiva de endividamento. Por mais que você possa argumentar que com o carro você aumenta sua eficiência, pois consegue chegar mais rápido ao trabalho ou à faculdade, o fato é que o retorno deste empréstimo certamente é menor do que o que você vai pagar nos juros.

Isso ocorre simplesmente porque carro não é investimento, mas sim despesa, e as despesas com carro aumentam quase em direta proporção com o seu valor. Carro não é investimento porque, na hora da venda, você sempre sai perdendo, isto é, recebe menos do que pagou pelo bem. Neste caso, o melhor é optar por um modelo mais barato que não precise ser financiado, e que permite que você atinja os mesmos objetivos que atingiria com um carro mais caro.

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O mesmo vale para roupa. É verdade que uma boa apresentação pode lhe abrir portas, mas só isto não garante sucesso profissional. Entre financiar um terno novo e um curso de inglês, não há dúvidas qual financiamento vale mais a pena. Além disso, é muito fácil cair na armadilha das dívidas, pois se você acha que vale a pena financiar a compra de um terno, porque não fazer o mesmo para garantir sua viagem de férias, celular novo etc.

Antes que você possa perceber estará atolado em dívidas! Quando o assunto é cartão de crédito, dívida saudável é só aquela que você pode pagar no mês seguinte. Usar o cartão para adiar um pagamento que seria feito à vista vale a pena, mas desde que você não perca o controle.