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Dispara custo do seguro de carro no país; saiba motivos

Expansão na venda de veículos usados fez aumentar o valor das apólices

Gilmara Santos

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A comercialização de veículos seminovos e usados apresentou alta de 22,2% nos primeiros dois meses deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, alcançando a marca de mais de 2 milhões de unidades vendidas. É o que revela levantamento mais recentes da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores). A expansão na venda de usados fez aumentar também o custo do seguro.

De acordo com o Índice de Preços do Seguro Automóvel (IPSA), da insurtech TEx, o indicador atingiu o maior patamar da série histórica iniciada há 26 meses. Segundo o levantamento, o índice geral de seguro auto chegou a 6,7% em fevereiro. Foi o terceiro mês consecutivo de aumento, dessa vez com elevação de 1,5% em relação ao mês anterior. Já em comparação aos 12 meses anteriores, o índice encareceu 17,5%.

Dentre diversos fatores que podem ter contribuído para isso, está o aumento do valor Fipe de veículos usados nos últimos anos. Isso fez subir a taxa das ocorrências de roubos e furtos, elevando assim a sinistralidade geral, fator determinante para a inflação dos seguros. Outro motivo foi a crise dos semicondutores e o desarranjo do mercado de autopeças durante a pandemia de Covid-19, que aumentaram o custo e o tempo de reparo dos veículos e, consequentemente, o preço dos seguros.

“Existe um efeito da pandemia que ainda não se estabilizou. Não está normalizado fornecimento de veículos novos e isso valoriza usado”, diz Emir Zanatto, CEO da TEx. “A escassez na cadeia de suprimento levou empresas a diminuírem o ritmo e pararem a produção e isso faz com que aumente o preço, mas também faz com que não tenha peças em caso de colisão, como também aumenta o volume de roubo e furto”, avalia o executivo.

Mesmo com valorização na casa dos 30%, os usados seguem mais atrativos que os modelos zero quilômetros, apontam os especialistas.

“Normalmente, todo começo de ano começa mais fraco para o comércio em geral, por conta dos vários compromissos que os consumidores têm com IPTU, IPVA e despesas escolares. Mas, neste ano, percebemos uma atenuação dessa questão, já que os preços dos seminovos e usados estão mais atrativos para os clientes. A persistir um movimento de aquecimento da economia durante o ano, esperamos chegar a um patamar de vendas próximo aos 15 milhões que foram registrados em 2021”, afirma Enilson Sales, presidente da Fenauto.

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Conforme o levantamento, no primeiro semestre de 2021, o IPSA teve uma série de reduções, passando depois por um período de alta e terminando o ano no mesmo patamar do início daquele ano. Já em 2022 apresentou algumas elevações, com leves reduções, fechando numa retomada de alta. O ano atual começou em um patamar muito mais caro.

Veja episódio de “Tá Seguro”:

Como é calculado o preço do seguro?

A região onde o segurado reside é um fator muito importante na precificação do seguro. Interfere diretamente, por exemplo, as taxas locais de roubo e furto. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, pagou 7,5% do valor do carro em seguro, o equivalente a 66,6% a mais comparado com a Região Metropolitana de Belém, que pagou 4,5%, o índice mais baixo das regiões comparadas.

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A Região Metropolitana de São Paulo, por sua vez, desembolsou 7,4% do valor do carro em seguro do carro. Especificamente na cidade de São Paulo, o IPSA revela que na Zona Leste o seguro auto atingiu 9,1%, sendo 75% maior que no Centro, que obteve um índice de 5,2%. Já no Rio, a Zona Sul, menor índice, pagou 37% a menos que a Zona Oeste, índice seguinte no ranking, o que denota uma grande distância daquela zona com relação ao restante da cidade.

O preço do veículo na tabela Fipe também interfere no valor do seguro, assim como a idade do veículo e a quantidade de quilômetros rodados. “Carros mais antigos possuem o custo de reparo mais alto porque as seguradoras utilizam peças novas e originais. Esses veículos também sofrem mais com roubo e furto”, enfatiza Zanatto.

Conforme o levantamento, um carro com 6 a 10 anos de uso paga 87% a mais de seguro comparado a um zero quilômetro. Veja:

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O que afeta o preço do seguro auto?

1° Classe de bônus

É a variável mais importante para determinar o valor do seguro de um automóvel, sendo categorizada em faixas que vão de 0 a 10. Esses valores são representados pela fidelidade e competência do segurado. Quanto mais renovações sem sinistro (a ocorrência do evento danoso previsto na contratação do seguro), maior será sua classe de bônus.

2° CEP do condutor

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A região geográfica por onde o carro transita tem grande importância na determinação do valor do seguro, podendo, por exemplo, encarecer em locais com maior risco de roubo e furto.

3° Valor do veículo

Veículos mais caros, geralmente, não são alvos de roubos e furtos. Por isso, veículos nessa categoria têm um valor proporcionalmente menor no seguro.

4° Idade do veículo

Carros mais velhos, com maior quilometragem, têm maior custo de reparo e geralmente são mais roubados. Quanto mais velho o carro, mais caro é o seguro.

5° Idade do condutor

É um bom indicativo de experiência na condução de veículos. Em geral, quanto mais velho é o condutor, menor é o preço do seguro.

6° Fabricante do veículo

Cada fabricante opera de maneira distinta na produção dos veículos, e isso também pode influenciar o preço do seguro. Um exemplo clássico é o custo de manutenção do veículo, que pode variar bastante conforme o fabricante.

7° Tipo de utilização do veículo

Para qual fim o veículo será utilizado? O uso particular é o mais comum, porém, há muitos casos de transporte por aplicativo, cuja a exposição ao risco e a tendência mais acelerada de desgaste do carro pode provocar uma elevação da tarifa do seguro.

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC