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De olho em mercado de R$ 200 bi, seguradoras criam produtos para as comunidades

Ofertando produtos adaptados à realidade desse público, as empresas estão focando em um crescimento de mercado

Gilmara Santos

(Pixabay/guertzen)
(Pixabay/guertzen)

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Cerca de 18 milhões de pessoas vivem em favelas em todo o Brasil. Esse contigente é equivale à população da Guatemala, país da América Central, e está distribuído por 14 mil comunidades urbanas. Juntas, as favelas brasileiras têm um PIB (Produto Interno Bruto) estimado em cerca de R$ 200 bilhões. “O que é um valor muito relevante na economia brasileira e as empresas estão se voltando para esse mercado por enxergar o potencial de consumo desse público”, considera a educadora financeira Aline Soaper.

Ela comenta que muitas pessoas que são moradoras nas comunidades brasileiras possuem negócios, carros, imóveis e também necessitam dos serviços das seguradoras. “Ofertando produtos adaptados à realidade desse público, as empresas estão focando em um crescimento de mercado”, diz.

Os moradores desses territórios têm interesse em adquirir seguros em segmentos variados. Porém, o acesso à informação sobre esses serviços é precário e pouco customizado para esse tipo de público. De olho no potencial deste mercado, seguradoras resolveram criar produtos específicos para estes consumidores.

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“Nosso estudo mostra que 71% dos trabalhadores das favelas são autônomos e enfrentam incertezas diárias. A oferta de seguros de vida, acidente temporário e funeral é fundamental para garantir que essas famílias tenham a proteção necessária para continuar empreendendo e sustentando seus lares com dignidade”, diz Renato Meirelles, CEO do Data Favela.

Recentemente, a Favela Holding anunciou parceria com a MAG Seguros para criar a primeira seguradora voltada às comunidades do país: a F Seguros. O objetivo central da F Seguros é unir a expertise da Favela Holding com seu amplo conhecimento no território de favela, e a experiência da MAG Seguros no segmento segurador.

“Os sistemas econômicos e financeiros tradicionais não foram desenvolvidos para quem vive nas favelas. Por isso, é tão gratificante estar com a Favela Holding e a Cufa [Central Única das Favelas] para fazer esse lançamento. O seguro para a favela chega para quebrar paradigmas, pois foi exclusivamente pensado para atender às reais necessidades dos moradores destes territórios”, comenta Helder Molina, CEO da MAG Seguros.

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A Cufa será a parceira social da empresa que, junto à equipe da F Seguros, treinará moradores desses territórios para se tornarem corretores de seguros e viabilizar a venda para os moradores das favelas. A empresa vai garantir o acesso dos moradores das favelas em todo território nacional a produtos como: seguro de vida, título de capitalização, auxílio-funeral, entre outros.

“Estamos muito entusiasmados com a nova parceria, que vai abrir novas oportunidades jamais vistas nas favelas de todo o Brasil. O nosso grande diferencial é a linguagem simples, que irá facilitar o entendimento do morador da favela com serviços considerados básicos para o morador do asfalto”, diz Celso Athayde, CEO da Favela Holding.

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Outras iniciativas

Recentemente, a Mapfre anunciou o lançamento de 3 seguros destinados aos pequenos empreendedores que vivem nesses espaços. O lançamento aconteceu em Paraisópolis, famosa comunidade urbana de São Paulo que já foi até nome de novela, em parceria com a G10 Favelas — coletivo de líderes e empreendedores de impacto social dedicado a promover o desenvolvimento socioeconômico das comunidades, com foco no combate à pobreza e à exclusão social.

“Um dos nossos objetivos é, com o projeto, tornar o seguro mais acessível porque representa proteção”, diz o CEO da Mapfre no Brasil, Felipe Nascimento.

A iniciativa oferece soluções de microsseguros acessíveis e adequados às necessidades dos micro e pequenos empreendedores que residem em favelas.

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Os valores dos produtos variam de R$ 27,90 a R$ 197,90 por ano, e o pagamento pode ser feito por meio de um desembolso único via cartão de crédito. Neste momento, os seguros serão comercializados por meio de um modelo de autocontratação digital.

Para Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas, o ‘Mapfre na Favela’ se soma a outras iniciativas para garantir o acesso a serviços financeiros e proteção social dos empreendedores das favelas.

“Estamos construindo oportunidades para pessoas que consomem, mas não têm acesso à rede bancária ou a um seguro”, diz Rodrigues, ao destacar que as comunidades já contam com iniciativas como banco próprio, consórcios, maquininhas e, agora, o seguro. Para ele, há um potencial de escala grande, com o G10 representando 400 favelas em 16 estados do país.

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Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC