De fintech a varejista: novas empresas passarão a compartilhar dados no Open Finance

Companhias com mais de 5 milhões de clientes são obrigadas a adotar o Open Finance, nas etapas de compartilhamento de dados, a partir de janeiro de 2025

Giovanna Sutto

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O Banco Central publicou, recentemente, uma série de instruções normativas com mudanças e atualizações nas regras do Open Finance no Brasil. Uma delas foi o aumento de escopo de instituições obrigadas a participar do ecossistema.

“A ampliação de escopo do Open Finance, até então, sempre foi sobre o tipo de informação que o cliente compartilha, começando pelos dados bancários e evoluindo para investimentos e câmbio. Ano que vem haverá a portabilidade de crédito. Em função da ampliação desse escopo, percebemos a necessidade de ampliar também o escopo de instituições que vão oferecer os serviços e produtos”, afirma Janaina Attie, Chefe de Divisão do Departamento de Regulação do BC. A medida entra em vigor em janeiro de 2025.

Agora, além das instituições S1 e S2, também são obrigadas a participarem do sistema as instituições com mais de 5 milhões de clientes. “Com isso, a base de participantes do Open Finance passa de 75% para 95% das instituições do país”, complementa Attie.

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Mas quem são essas empresas?

A nova regra impacta o compartilhamento de dados, referentes às fases 1,2 e 4. Ou seja, a nova medida não dispõe sobre a fase 3, que é a de pagamentos (ela será abordada mais abaixo).

O InfoMoney questionou o Banco Central sobre quais seriam as instituições que passarão a integrar o ecossistema, a partir de janeiro de 2025. O BC compartilhou um link em que é possível observar o número de clientes de todas as instituições do país. A reportagem, com a ajuda de especialistas de Open Finance, filtrou primeiro todas as instituições que possuem mais de 5 milhões de clientes e, depois, as que devem entrar nas fases de compartilhamento de dados do ecossistema a partir do ano que vem com a regra do BC — porque não adotaram as etapas de forma voluntária.

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A reportagem também procurou todas as instituições para confirmar as informações. C6, Dock, BRB, BanQi, Realize, Hub Instituição de Pagamentos confirmaram que vão entrar no Open Finance conforme a nova regra do BC. Todas as demais foram contatadas, mas negaram a participação ou não responderam à solicitação.

Veja quem são as entrantes nas etapas de compartilhamento:

Instituição Nº total de clientes
Ame Digital (Americanas) 32.420.910
PagBank (PagSeguro)31.402.324
Inter 30.795.160
C6 Bank29.361.259
Neon 23.092.289
Hub Instituição de Pagamento (Magazine Luiza)13.170.391
PagueVeloz 11.648.689
Pefisa (Pernambucanas)11.214.735
Banco CSF (Carrefour)8.625.207
Midway (Riachuelo) 8.218.286
Mercantil do Brasil7.571.423
Banco BRB6.594.782
Will Bank 6.537.169
BanQi (Casas Bahia)6.509.657
Realize Crédito (Renner) 5.601.074
Dock 5.552.990
Fonte: Dados do BC + Governança Open Finance

Importante mencionar que muitas das instituições com mais de 5 milhões de clientes já participavam das fases de compartilhamento de maneira voluntária, como é o caso da XP Inc., Banrisul, entre outras companhias.

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“Essas empresas poderiam ter se antecipado para oferecer o compartilhamento e buscar a principalidade do usuário em seus canais, como outras empresas já fizeram. Mas a resolução vem para subir a barra e beneficiar o consumidor. Milhões de pessoas utilizam essas empresas e não tinham acesso ao compartilhamento”, afirma Rogerio Melfi, membro da ABFintechs, uma das associações com cadeiras na governança do Open Finance Brasil. “Com a chegada delas no ecossistema, mais usuários têm a oportunidade de comparar produtos, ter acesso a análises de crédito mais acuradas, com menores taxas, entre outros eventuais benefícios”, avalia o especialista.

Um ponto que chama a atenção é que das 16 instituições, 7 são braços financeiros de varejistas como Renner, Casas Bahia e Carrefour. Essas instituições, por definição, não entrariam no Open Finance por não serem bancos, mas seus segmentos financeiros vêm, cada vez mais, ganhando importância para o ecossistema — o que atraiu a atenção do BC para trazê-las para dentro do escopo oficial do Open Finance.

“Não foi uma resolução voltada para um segmento específico. Na verdade, o conceito é que quanto maior a instituição for, mais relevante para o sistema é, e maior a necessidade de se adequar às regras do Open Finance para ser capaz de oferecer benefícios ao usuário. Vai aumentar ainda mais a competitividade”, analisa Melfi.

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Iniciação de pagamentos

Além disso, o BC também alterou os participantes da iniciação de pagamentos – empresas que são fiscalizadas e reguladas pela autoridade monetária, mas que atuam especialmente na fase 3, de transação de pagamentos.

“Será facultativa a participação das instituições que têm menos de 500 mil clientes. Até então era obrigatória a participação de todas as instituições detentoras de contas”, explica Attie.

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.