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As cooperativas de crédito estão na Avenida Paulista e na Faria Lima com agências físicas. Também estão entre os participantes do piloto do Drex, a futura versão digital do Real. Em números, uma delas está entre as dez maiores instituições do País em volume de ativos, à frente de bancos tradicionais. E de acordo com especialistas, o avanço do volume de depósitos que estão nessas instituições mostra que elas começam a concorrer mais diretamente com os bancos.
Dados do Banco Central mostram que em março, as cooperativas reuniam 6,9% dos R$ 4,8 trilhões em depósitos que estavam em instituições financeiras. Ainda estavam distantes dos bancos, mas o crescimento nos últimos dez anos tem sido constante. O número era maior que a soma dos depósitos mantidos em outros tipos de participante do sistema financeiro, como as instituições de pagamento, categoria em que se enquadram muitas das fintechs mais conhecidas pelo público.
Alguns fatores explicam esse crescimento. O primeiro é a presença física: desde 2019, o segmento abriu 2,3 mil agências no País, enquanto os bancos fecharam 2,7 mil para ampliar esforços no atendimento digital. Um segundo fator, derivado do primeiro, é a migração de profissionais do segmento bancário para o de cooperativas.
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“Vimos as pessoas saindo de banco e indo para as cooperativas, e esse movimento leva a um aumento do apetite de crédito”, afirma o diretor sênior de instituições financeiras da agência de classificação de risco Fitch, Claudio Gallina. “O apetite mudou, e o cliente começa a ver os benefícios, como o crédito relativamente mais barato que no banco.”
Modelo diferente
Nas cooperativas de crédito, o cliente é, na verdade, um cooperado, que faz uma contribuição financeira ao entrar, geralmente de valor simbólico. Ao final de cada exercício financeiro, o resultado é dividido entre todos eles. “As cooperativas, diferentemente de fintechs e bancos, não visam ao lucro, porque o cliente é também o dono”, diz o diretor da Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, Ênio Meinen, que destaca que os recursos recolhidos por uma cooperativa devem ser aplicados na mesma região.
As centrais – ou seja, sistemas de cooperativas de crédito como o Sicoob e a Sicredi – reúnem uma série de cooperativas locais. No Sicoob, há 339, enquanto no Sicredi, que em ativos é o maior sistema do País, são 105. “Cada cooperativa pode estar em vários municípios, embora no nosso caso, uma não concorra com a outra. Elas têm regiões de atuação bem delimitadas”, afirma o diretor de Administração do Sicredi, Alexandre Englert Barbosa.
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O diretor de bancos e instituições financeiras não-bancárias da Fitch, Jean Lopes, afirma que embora o sistema ainda seja concentrado, a expansão das cooperativas de crédito é chamativa justamente pelo modelo de negócio. “Quando dois players com um modelo de negócio diferente começam a aparecer entre os maiores, isso tem um efeito”, afirma. “Os bancos estão olhando para as cooperativas como um concorrente bem forte.”
Como não têm o lucro como finalidade, as cooperativas são isentas de tributos sobre os resultados, diferentemente dos bancos, o que também ajuda na expansão das operações. “Elas pagam menos impostos comparadas aos bancos, e isso permite que tenham um capital mais robusto”, diz Gallina, da Fitch.
Disputa
Outro fator que explica o crescimento das instituições cooperativas é a captura de clientes de todos os segmentos da economia, após décadas em que essas instituições se voltavam aos produtores rurais. Em resumo, qualquer pessoa pode abrir uma conta, o que também levou a um crescimento da prateleira de produtos.
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“Cooperativa tem depósito a prazo, letras de crédito do agronegócio, imobiliárias. Como operam com crédito imobiliário e empréstimos rurais, geram lastro para esse tipo de ativo”, diz Meinen, do Sicoob. “O associado pode concentrar todas as suas atividades financeiras em uma cooperativa.”
Barbosa, do Sicredi, afirma que um dos segmentos em que os sistemas têm a atuação mais forte é o de micro e pequenas empresas (MPEs). Em julho, o Sicredi chegou a 1 milhão de associados pessoas jurídicas, sendo que 73% deles eram MPEs, e 22%, microempreendedores individuais. “A grande diferença é o fomento, a oportunidade que damos para que empresas menores passem a ter crédito e alavancar os municípios.”
Em março deste ano, o Sicredi tinha uma carteira de crédito de R$ 179,8 bilhões, alta de 25,8% em um ano. No Sicoob, o dado publicado mais recente é o de dezembro de 2022, com carteira de R$ 140,6 bilhões, alta de 22,4% em um ano.
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