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O setor de seguros representa apenas 3% do PIB (Produto Interno Bruto) da América Latina e ampliar essa participação é o grande desafio das seguradoras.
Segundo Clarisse Kopff, membro do conselho de administração da Munich Re, nos países de renda mais baixa da região, mais de 80% da população não é coberta por seguros. E há muitas razões, tanto do lado da oferta quanto de demanda que explicam esses percentuais ainda baixos.
Do lado da demanda, a executiva da Munich Re destaca a falta de conscientização da população. “As pessoas não querem pensar nas coisas ruins que podem acontecer com elas”, diz. Além disso, existem limites em termos de capacidade de pagamento. Além disso, países de baixa renda sofrem ainda com a desconfiança em relação ao arcabouço regulatório e dúvidas se o sinistro será pago ou não.
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Já do lado da oferta, a analista afirma que o seguro é um produto complexo de vender e de custo de distribuição elevado. Existe ainda uma certa preocupação por parte dos seguradores de não conseguirem neutralizar os riscos cobertos.
Para ela, solucionar esses entraves passa pela conscientização e, para isso, é importante usar todos os meios possíveis para disseminar e divulgar ideias sobre o valor do seguro.
“Tornar o seguro mais viável economicamente é uma tarefa de todos os atores envolvidos assim como é importante melhorar os processos ao lidar com sinistro [quando acontece risco previsto no contrato de seguro]. É justo dizer também que os governos podem ajudar subsidiando [parte dos seguros]”, diz. Ao mesmo tempo, é importante adotar ações para tornar o custo de distribuição mais viável, pensando em novas vias de distribuição.
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Clarisse dissecou a América Latina no painel ‘Insurance Global Trends’, da 38ª Conferência Hemisférica da Fides (Federação Interamericana de Empresas de Seguros), maior conferência de seguros da região, que acontece no Rio de Janeiro até esta terça-feira (26).
O debate, que contou com a mediação de Raquel Balarin, diretora de redação do InfoMoney, teve a participação de André Medici, diretor executivo da Universal Health Monitor; Daniel Castillo, vice-presidente de subscrição da IRB (Re); Isabelle Santenac, global insurance leader da EY; Ivan Luiz Gontijo Jr, presidente do Grupo Bradesco Seguros; e Jeremy Goodman, presidente reinsurance solutions da Aon.
Importância da tecnologia
A análise de dados torna-se um insumo precioso para o desenvolvimento do setor, pontua Jeremy Goodman, presidente reinsurance solutions da Aon. “Um dos maiores segredos deste segmento é a quantidade de dados que temos coletados há décadas”.
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Para Isabelle Santenac, global insurance leader da EY, os dados compõem a nova revolução tecnológica. “As empresas que conseguirem lidar com essas informações serão as vencedoras neste mercado”, considera.
Isabelle lembra que a digitalização e a Covid19 criaram uma nova maneira como as pessoas querem consumir os produtos. “Vemos a necessidade de evoluir na indústria de seguros para manter os clientes existentes e para chegar aos que não são atendidos hoje pelo setor, com novas formas e novos produtos”, diz. Ela afirma que o desafio é encontrar o “momento mágico”, aquele em que o consumidor está aberto para ouvir a proposta. E os dados podem ajudar nesse mapeamento.
Ivan Luiz Gontijo Jr, presidente Grupo Bradesco Seguros, destaca que a inteligência artificial assim como a análise de dados podem ser usados para entender a necessidade real do consumidor.
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Longevidade
Outro aspecto importante a ser considerado pelas seguradoras é a questão da longevidade, alerta André Medici, diretor executivo da Universal Health Monitor. Ele lembra que 7% da população latino americano tem mais de 65 anos e esse percentual deve subir para 15% em 2050. “Precisamos começar a nos preparar para isso”, diz Medici. Um instrumento importante para isso é a incorporação de tecnologia na análise de dados, que pode contribuir para que não se padronize riscos desnecessariamente.
Outro ponto que fez parte das discussões foi a questão da regulação. “O setor público e os governos deveriam ser capacitadores, mas há uma intenção de legislar em excesso”, avalia Clarisse Kopff. Para ela, o setor público deveria apoiar a iniciativa privada e liberar o mercado.
Para Gontijo Jr, quanto mais o órgão regulador entender a relevância de produtos como previdência e capitalização, melhor vai desenvolver esse setor. “Precisa dar liberdade para que as seguradoras possam mudar seus contratos com a finalidade de dar garantia e proteção que os consumidor necessita”, diz.
“A regulação não devia ser mínima nem máxima, mas a necessária para os objetivos que se têm no país”, complementa Medici. Durante o painel, os executivos lembraram ainda que a venda de seguros junto com outros produtos pode ser interpretada pelo Judiciário como venda casada e as seguradoras podem ser, inclusive, penalizadas.
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