Como pagar com Pix na Black Friday (sem cair em golpes)

Especialistas afirmam que cliente não fica mais vulnerável por escolher o Pix; veja como se proteger

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Apesar das promoções antecipadas, a Black Friday acontece oficialmente nesta sexta-feira (27) e neste ano os consumidores terão mais uma opção como meio de pagamento: o Pix, novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, que estreou na semana passada para todos os brasileiros.

Os dados mais recentes do BC mostram que até esta segunda-feira (23), cerca de 83,5 milhões de chaves Pix foram cadastradas, sendo 79,8 milhões em nome de pessoas físicas. Na primeira semana de operação, (entre os dias 16 e 23 de novembro) foram realizadas 12,2 milhões de transações via Pix, que movimentaram algo em torno de R$ 9,3 bilhões.

Aos poucos o sistema vai ganhando tração, mas muitas dúvidas ainda pairam no ar. Os clientes precisam ter algum cuidado a mais ao comprar com Pix? O sistema é realmente seguro? Afinal, como comprar os produtos na Black Friday usando o novo meio de pagamento?

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O InfoMoney já mostrou que a Black Friday será a primeira prova de fogo do Pix, mas como o sistema foi lançado recentemente ainda há um caminho até ele se consolidar entre os consumidores e os lojistas.

Veja a seguir tudo o que você precisa saber para usar o Pix na sexta-feira de descontos e como evitar golpes e prejuízos ao usar o novo meio de pagamentos.

Como usar o Pix para comprar na Black Friday

O Pix está disponível como um novo meio de pagamento, ou seja, uma opção a mais para o consumidor. Há duas maneiras principais de comprar produtos usando o Pix: por meio de transferências ou pagamentos com QR Codes – ambas valem para a Black Friday, mas também para qualquer outra ocasião.

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a) Transferências

Para fazer uma transferência, será preciso acessar o aplicativo do seu banco, o mesmo que já é usado hoje, buscar no menu a opção “Pix” e “transferir”. Ele também pode aparecer junto às outras transações, como TED e DOC.

Vale ressaltar que o Pix pode funcionar de forma ligeiramente diferente de um banco para outro, mas segundo as diretrizes do BC, a opção de transferência via Pix deve aparecer nos canais digitais do banco com a mesma exposição que a TED e o DOC.

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Veja um exemplo de como funciona na prática: Pedro vai transferir R$ 100 para Ana, que tem uma loja de roupas. Ele entra no app do banco, na opção “Pix”, informa o tipo de chave que a Ana usa, como o CNPJ ou o celular, e, em seguida digita o número. Ao fazer isso, o valor é enviado imediatamente para a conta atrelada àquela chave.

Se o recebedor não tiver registrado sua chave ainda, basta informar os dados da conta (nome, CPF, agência, conta), como se fosse uma TED. Mesmo sem a chave, a transação via Pix acontece normalmente e o dinheiro é transferido em até dez segundos.

b) QR Codes 

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De maneira geral, para usar o QR Code em um pagamento basta abrir o aplicativo da sua instituição financeira, escanear o código e completar o pagamento. Nesse caso, o passo a passo pode mudar um pouco a depender da instituição.

Por exemplo, no Santander o cliente pode abrir o aplicativo e selecionar “pagar ou cobrar”, escanear o código e depois colocar a senha para efetivar o pagamento. Já no Itaú o cliente precisa primeiro fazer o login, selecionar a opção “Pix” e depois clicar em “pagar com QR Code” ou poderá entrar em “pagar conta” e escanear o código.

No Nubank, o usuário também precisa fazer o login e acessar a área “Pix” e clicar em “pagar” para escanear o QR Code.

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De qualquer maneira, ao pagar com o QR Code, para efetivar o pagamento o usuário sempre estará logado no ambiente da instituição financeira – medida de segurança adotada no regulamento do Pix.

São dois tipos de QR Codes possíveis no ecossistema: o estático, que é emitido apenas uma vez e pode ser usado para diversas transações, e o dinâmico, que é exclusivo para cada transação e possui mais informações (pode incluir dados sobre multas e juros, por exemplo).

Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks, afirma que o QR Code deve ser a modalidade mais usada pelos lojistas e comerciantes ao vender produtos não só na Black Friday, mas no dia a dia também.

“Não é prático ficar passando o CNPJ como chave para fazer as transferências para toda venda. Especialmente o QR Code dinâmico deve ser mais usado na data porque ele permite adicionar informações agregadas, como multas, juros, data de vencimento, uma URL que redireciona o usuário para a nota fiscal, entre outros – na prática, vai ser o substituto do boleto e muito usado no e-commerce”, explica.

Tire todas as suas dúvidas sobre Pix no guia que o InfoMoney preparou: clique aqui.

“Black Fraude”?

A Black Friday também ficou conhecida pelo alto volume de fraudes e o aumento das vendas online, projetado pela Ebit/Nielsen, também poder gerar mais oportunidades para os criminosos, que encontram nas transações digitais um prato cheio para atuar.

Inclusive, a data ganhou o apelido “Black Fraude” após golpes acontecerem com frequência no período – além dos descontos falsos, claro. Por isso, se a segurança já é uma preocupação com outros meios de pagamento, a chegada do Pix pode deixar os clientes ainda mais aflitos.

Na prática, Zanini afirma que o cliente não está mais vulnerável por usar o Pix. “Pelo contrário, é tão seguro quanto qualquer outro método, se não for mais. Com o Pix, a transação passa pelo SPI [Sistema de Pagamentos Instantâneos] – sistema criado pelo BC para liquidar as transações – e é possível rastrear o fluxo de pagamentos e transferências”, afirma.

O InfoMoney também fez uma matéria que explica se o Pix é seguro para que você possa tirar todas as suas dúvidas.

Vale lembrar que uma transação com o Pix não tem como ser estornada, ou seja, uma vez efetivada, ela cai em até dez segundos e o cliente não tem como reaver o dinheiro.

Há um impasse sobre com quem fica a responsabilidade no caso de fraudes: o agente financeiro direto que está em contato com o BC, como o banco; o indireto, que participa do Pix por meio da infraestrutura de um participante direto, como uma varejista; ou o próprio BC. Ainda não há uma definição no regulamento do Pix.

Mas André Ferraz, CEO e cofundador da Inloco, empresa de segurança e performance de aplicativos, explica que a competição que o Pix vai promover deve levar as instituições financeiras, principalmente os grandes bancos, a optar pelo caminho de prezar pelo bom relacionamento com os clientes.

“E é por isso que há uma tendência de os bancos se responsabilizarem por eventuais fraudes de contas. Isso se aplicaria no caso de um criminoso se passar pelo cliente e usar o seu app do banco após roubar as credenciais da conta, por exemplo. E em alguns casos, a depender da relação com o cliente em questão, o banco vai resolver da melhor forma possível para evitar o prejuízo do consumidor. Senão, o cliente vai trocar de chave e vai para as fintechs”, afirma.

Ele entende que se algo nesse sentido acontecer na Black Friday, os bancos darão suporte para os clientes pensando em oferecer a melhor experiência possível – bem como se falhas operacionais em seus sistemas prejudicarem os clientes de alguma forma, mas tudo vai depender da importância do cliente para a instituição.

Evite fraudes ao pagar com Pix

A ClearSale já detectou 48 sites falsos que podem pedir a chave Pix e dados pessoais do usuário por links ou SMS – nesse caso são tentativas de phishing, que roubam dados visando o roubo financeiro.

“Não temos como saber a intenção do criminoso, mas sabemos que esse tipo de golpe pode ser potencializado na Black Friday”, alerta Marcelo Queiroz, gestor comercial focado em serviços financeiros da ClearSale. Nesse caso, o cliente é enganado ou induzido por meio de links a fornecer dados pessoais.

Uma reportagem do InfoMoney já mostrou que se o criminoso tiver apenas a chave Pix em mãos, no limite, ele pode conseguir atrelar a chave Pix da vítima a uma conta própria e receber os valores que seriam depositados para ela. Mesmo assim precisaria passar pela autenticação de dois fatores.

Só a chave não permite o acesso ao aplicativo do banco. Para acessá-lo, continua sendo necessária a senha, biometria ou o reconhecimento facial do dono da conta – o acesso não mudou com o Pix.

Para Zanini, em casos de phishing é difícil o cliente conseguir o reembolso do dinheiro porque o golpe aconteceu fora do sistema operacional da instituição. Mas, novamente, será preciso esperar mais um pouco para ver como as empresas vão lidar com problemas como esse.

Ele acrescenta que outro golpe deve acontecer bastante na Black Friday ao pagar com o Pix: os criminosos vão usar QR Codes falsos para enganar os clientes.

“Na hora que o cliente for escanear o código pensando que o dinheiro vai para a loja, o valor vai para a conta do golpista imediatamente – porque o código foi trocado. Nesse caso o cliente provavelmente não receberá o dinheiro de volta também porque autorizou a transação no app e a alegação dos bancos pode ser que o cliente não se atentou na hora da operação”, diz Zanini.

Ele acrescenta que o consumidor é o elo mais fraco da cadeia e esse ônus da conferência deve recair sobre ele. Por isso, a principal recomendação para o usuário no caso do Pix é conferir o destinatário da transação antes de confirmar o pagamento ou transferência com o Pix.

“É simples e pode evitar muito prejuízo. Quando a pessoa digitar a chave ou QR Code vai aparecer na tela de todas as instituições um resumo da operação com os dados gerais. É muito importante que a pessoa verifique isso. Às vezes, o criminoso muda uma letra do endereço da loja ou mesmo o QR Code. É importante conferir para ter certeza de o dinheiro vai para a conta certa”, finaliza Zanini.

Veja também quais são os golpes mais comuns na Black Friday e como se proteger deles.

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.