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Como o seguro residencial ajuda o consumidor a ser mais sustentável?

De serviços de assistência a coberturas, seguradores comentam o que o mercado oferece ao cliente hoje

Jamille Niero

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Uma pesquisa recente da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) aponta que 56,7% das seguradoras entrevistadas oferecem aos consumidores produtos ou linhas de negócios relacionados diretamente ao risco ou responsabilidade ambiental, com destaque para o seguro residencial com serviços ambientais, como consultoria, descarte de eletrodomésticos e móveis (52,9%) e uma linha de negócio específica para energia solar/eólica (41,2%). Neste último tópico, as companhias pesquisadas declaram ter iniciativas para apoiar o desenvolvimento de fontes de energia renovável, sendo que 46,4% estão focadas no seguro residencial com a proteção para painéis solares.

Segundo os especialistas do mercado consultados pelo InfoMoney, é uma tendência que veio para ficar. “O seguro se adapta à necessidade dos clientes e aos riscos reais de hoje”, avalia Claudio Saba, professor da FIA Business School e especialista em seguros.

Saba comenta que o ramo vem evoluindo na oferta de serviços e proteções adicionais há anos como forma de tangibilizar o seguro para o consumidor. Neste caso, o objetivo é atender ao público que está cada vez mais atento aos efeitos das mudanças climáticas e quer reduzir o impacto do seu consumo ao meio ambiente. As seguradoras buscam também atender à exigência do órgão regulador do setor, a Susep (Superintendência de Seguros Privados), que por meio da Circular 666 emitida em 2022 trata como a sustentabilidade deve permear os negócios das companhias – como, por exemplo, por meio do desenvolvimento e da oferta de produtos e serviços.

Custa mais caro?

A resposta é: depende. De acordo com os entrevistados, o seguro residencial costuma ser barato comparado a outras proteções (como o seguro automóvel), já que custa em média, cerca de 0,1% ou 0,2% do valor do imóvel, calcula Raquel Cerqueira, superintendente executiva de Ramos Elementares da Bradesco Seguros. Já a cobrança desses serviços e coberturas “sustentáveis” (como a consultoria ambiental e a proteção de painéis solares) varia conforme cada seguradora.

Ismael José de Andrade Junior, superintendente de Seguros Massificados da Zurich, conta que o seguro residencial comercializado pela seguradora já contempla cobertura para painéis solares, lançada há cerca de 4 anos, e mais recentemente para carregadores de carros elétricos. Ou seja, o cliente não precisa desembolsar nada além da mensalidade do seguro residencial para ser indenizado em caso de dano a esses dois tipos de equipamentos que ele tiver dentro de casa. “Chamamos de cobertura de risco: se houver dano como incêndio, vendaval, raio, dano elétrico causado por oscilações de energia [gera indenização]. Também tem roubo e furto, mas é menos. Se houver, o cliente estará coberto sem necessidade de contratar cobertura adicional específica para isso”, conta Junior.

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A mesma estratégia é aplicada aos serviços de descarte ecológico de móveis, eletrodomésticos, entulho e restos de obras e consultoria ambiental – que consiste na visita de um especialista à residência do cliente para calcular quantos painéis são necessários para quem tem o interesse de aderir à energia solar, por exemplo.

Segundo o executivo da Zurich, situações catastróficas que ocorrem no país – como os deslizamentos de terra no litoral paulista em fevereiro e os ciclones que atingiram o sul do país no segundo semestre – fazem a sociedade prestar mais atenção e buscar entender melhor as coberturas que amenizam os riscos e prejuízos. “Minha percepção de dia a dia é que vejo mais interesse das pessoas”, comenta. Por isso, Junior acrescenta, estrategicamente a seguradora opta por não cobrar a mais pelos serviços e proteções “sustentáveis”, apesar de ter um custo para serem oferecidas. “Tudo isso não sai de graça. Fica mais caro. Hoje digo que meu seguro residencial custa R$ 200 o básico. Se tem um com tudo isso que custa R$ 240, poucos vão comprar. Mas como uma empresa que tem o papel de induzir [práticas mais sustentáveis], na média vamos subir [o preço do seguro] para pagar o custo porque é importante para a gente”, acrescenta, pensando no longo prazo.

A Tokio Marine é outra seguradora que oferece serviços e proteções que ajudam o segurado a ser mais sustentável. Magda Truvilhano, superintendente de Produtos RD Massificados da companhia, relata que danos a painéis solares estão cobertos pela apólice de seguro residencial sem custo extra, também de 4 anos para cá. Em relação à cobertura para danos em carregador para carros eletrificados acaba sendo mais aplicada ao seguro condomínio em vez do residencial, conta a superintendente. “Porque quem possui [o veículo] dificilmente instala nas suas casas o equipamento, geralmente usa um portátil. Mas se tiver dano nesse equipamento no uso residencial, se estiver usando e causar incêndio, vai estar coberto”, exemplifica.

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Em se tratando das assistências, o consumidor pode escolher entre três pacotes diferentes. A opção “assistência vip”, que representa 15% das contratações, é a que fornece os serviços com viés sustentável. O atendimento contempla desde consultorias ambientais para esclarecer dúvidas simples ou auxiliar na elaboração de projetos mais complexos como sistemas para captação de água da chuva e telhado verde ao serviço de checagem que testa as partes elétrica e hidráulica da residência, para detectar e sanar eventuais vazamentos e desperdícios. Contempla ainda o descarte ambientalmente correto de móveis e eletroeletrônicos. “Todo o processo de descarte é certificado”, ressalta Magda, contando que só em 2022 foram coletadas mais de 7 toneladas de resíduos descartados corretamente provenientes dos clientes do seguro residencial.

Para Raquel, da Bradesco Seguros, a incidência de sinistros [ocorrência do risco previsto no contrato de seguro] é menor em residências, se comparado aos sinistros de automóveis, por exemplo. Por isso, acaba sendo um produto menos lembrado pelo consumidor – vale lembrar que apenas 17% de todas as residências do Brasil têm seguro residencial.

“É preciso investir na expansão sustentável para esse segmento, mantendo a qualidade do serviço e tendo como pilares a inovação associada ao atendimento humanizado e especializado, que é o diferencial na relação com o segurado”, aponta a executiva como caminho para a ampliação deste mercado.

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A companhia tem entre as opções sustentáveis disponíveis ao cliente do seguro residencial o recolhimento de bens danificados nas casas dos segurados e o encaminhamento do resíduo a um destino socioambientalmente correto. Raquel comenta que até o mês de junho de 2023, a Bradesco Seguros viabilizou a coleta de 115,3 toneladas de materiais.

A seguradora possui ainda um seguro específico para painéis fotovoltaicos. “No primeiro semestre do ano, a seguradora registrou um aumento de 111% na contratação do produto, em relação ao 1o semestre de 2022. O equipamento para energia solar também está amparado pelo produto Residencial Sob Medida, quando estiver fixado no telhado do imóvel. Assim, tendo amparo por todas as coberturas contratadas no seguro”, complementa.

Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa