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Na última semana, um anúncio vindo de fora significou mais um passo nessa agenda de inovação do Banco Central (BC): a Apple vai abrir a tecnologia Near Field Communication (NFC) do iPhone para desenvolvedores de empresas terceiras no Brasil — na prática, isso significa que o usuário poderá fazer transações financeiras sem utilizar exclusivamente a wallet ou o Apple Pay.
A medida de abertura veio após pressões regulatórias da União Europeia, onde a empresa poderia ser investigada por supostas práticas anticompetitivas, sob o risco de pagar uma multa de US$ 40 bilhões. Além de Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, outros países como Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Japão contarão com a novidade, que chega junto com o novo sistema iOS 18.1.
O NFC é a tecnologia que faz dois aparelhos trocarem informações sem o toque, é ela que está por trás de ações feitas por aproximação, como pagamentos com cartões de crédito e fechaduras inteligentes.
O que muda?
Antes da notícia de abertura, somente a Apple conseguia cadastrar serviços dentro da wallet. Nos pagamentos feitos com a carteira digital, por exemplo, as bandeiras e bancos de cartões de débito e crédito precisavam fazer um acordo bilateral com a Apple, incluindo o pagamento de taxas, para utilizar o ecossistema e permitir a transição financeira ao consumidor
Mesmo outros usos diários, como a adição de cartão de saúde e embarque de viagens, ficavam restritos ao guarda-chuva do Apple Pay, mediante integração com a empresa. Agora, com acesso ao chip NFC, novos dispositivos e produtos podem ser criados e adicionados às carteiras de outras marcas – como chaves virtuais, relógios inteligentes e ingressos de cinema.
“O mercado ficava fechado. Uma companhia pequena não conseguia fazer um acordo com a Apple, e aí não entrava na carteira”, explica Rogério Melfi, Head de Comunidades na Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs). “Com essa mudança, ainda será um grupo de desenvolvedores selecionados, mas ela abre portas para diversas negociações e iniciativas que querem desenvolver seu próprio aplicativo e produto, facilitando a inovação”, completa.
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Por que vai facilitar o Pix por aproximação?
Com acesso ao chip NFC, as empresas poderão implementar a tecnologia por aproximação dentro dos próprios aplicativos, incluindo a criação de novas carteiras digitais no celular, além das mais usada como Apple Pay e Samsung Pay. Na prática, o usuário poderá optar por outros produtos de pagamento, ocasionando uma corrida na disputa das instituições financeiras pela principalidade do cliente.
O arranjo do NFC já existe no mundo dos pagamentos por aproximação feitos com cartões físicos, mas havia uma lacuna em relação ao Pix antecipada pelo InfoMoney — especialmente em relação à padronização entre maquininhas e sistemas operacionais, para que o pagamento acontecesse de maneira igual em qualquer estabelecimento do país. Com a abertura, este mecanismo de comunicação via NFC deve ser em breve implementado por empresas que queiram ofertar o Pix por aproximação como meio de pagamento.
A quebra do protocolo chega em momento alinhado com a agenda do Banco Central. No dia dois de agosto, o órgão publicou a resolução nº 406, que regulamenta a “jornada sem redirecionamento” (JSR) e é base para o pagamento por aproximação no mundo físico.
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Na prática, ela possibilita que, ao fazer um pagamento, o usuário autorize a transação uma única vez e não precise mais acessar o aplicativo do banco para efetuar pagamentos com aquela conta, excluindo a necessidade de copiar o código e colá-lo na área do banco para finalizar o pagamento.
“Hoje o Pix é esse sucesso absoluto, globalmente reconhecido como um dos maiores pagamentos instantâneos em valores. Mas e no mundo físico? Como você usa? A jornada do usuário no Pix físico é longa, ele precisa abrir o aplicativo do banco e copiar o código, é mais trabalhoso”, Nic Marcondes, Head de Open Finance da Delend. “A gente tinha esse vácuo de como fazer o Pix por aproximação, mas agora conseguiremos avançar e ter uma entrega completa, um meio de pagamento de igual pra igual”, afirma.
A JSR, que será a sustentação tecnológica para o Pix por aproximação, deve estar pronta para funcionar a partir de fevereiro de 2025. Até lá, o consumidor ainda precisará esperar, mas agora sabendo que o Pix por aproximação está mais perto do que nunca.
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