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SÃO PAULO — Após ter atingido seu menor patamar histórico, de 2% ao ano, a Selic voltou a subir em 2021. Em março, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, decidiu elevar a taxa básica de juros a 2,75% ao ano — uma decisão esperada pelo mercado a fim de reduzir a pressão sobre a inflação.
Mas a alta da Selic pode prejudicar o desempenho das empresas do setor imobiliário na Bolsa? E como ficam os juros do financiamento imobiliário: eles vão subir também? Executivos de cinco construtoras participaram da série de lives Por Dentro dos Resultados, do InfoMoney, e falaram sobre o juro básico maior. Veja acima um resumo sobre o tema — e o conteúdo completo do projeto está no site.
Flavio Vidigal, CFO da Tecnisa (TCSA3), acredita que o aumento da Selic deve ter pouco impacto sobre o custo dos financiamentos imobiliários. “Os bancos têm capacidade de absorver esse incremento [da Selic]. Até porque quando houve a queda, ela não acompanhou 100%, não teve toda a correlação na parte de pessoa física”, disse.
O executivo afirmou que vê como “saudável” o aumento do juros para mitigar a inflação. “A taxa de juros influencia na capacidade que o cliente tem de se financiar para comprar o apartamento. De nada adianta isso se o preço [do imóvel] subir muito, porque a renda do cliente não acompanharia”, completou.
Já a EzTec (EZTC3) acredita que a subida de juros acende um alerta. “Ela acende um alerta. Não acende um alerta para o consumidor de alta renda, porque ele ainda vê seu dinheiro corroído por um IGP de quase 30%, mas no segmento de média renda o temor, obviamente, é de você começar a ver um incremento das taxas de financiamento imobiliário. Essas sim, quando começarem a ocorrer, provocarão algum tipo de impacto”, afirmou Emilio Fugazza, CFO da companhia.
Rafael Menin, CEO da MRV (MRVE3), disse que mesmo se a Selic subir para cerca de 5% ao ano, o spread dos bancos vai continuar alto e, portanto, ele não acredita que o aumento do juro básico pode encarecer o custo do crédito imobiliário. Segundo ele, a demanda por imóveis continua.
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“Os juros do crédito imobiliário chegaram a custar 11,5% ao ano, e caíram para 7% ao ano. O custo do funding é a poupança, que custa 70% da Selic. Uma Selic a 5% ao ano vai gerar um custo de funding de 3,5% ao ano. Então, o banco ainda terá um spread grande para manter o juro imobiliário na casa dos 7%. Agora é all time high no spread do crédito imobiliário. Nunca se teve um custo de captação de 1,5%, emprestando a 7,7%”, destacou o executivo.
Para a Tenda (TEND3), o CFO Renan Sanches destacou que a alteração na Selic não faz diferença sobre as operações da empresa, uma vez que ela é focada na baixa renda, segmento no qual as taxas de juros são definidas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional e são estáveis.
“A gente de fato espera que, assim como a gente já viveu em outras crises, situações em que a Selic estava em 14% e mais recente em 2%, em nenhum momento isso afetou o interesse das pessoas de comprar imóveis no segmento de renda menor. Como as taxas de juros são pré-definidas, e a troca que a pessoa avalia é se vale a pena ela continuar pagando aluguel ou adquirir a casa própria, que inclusive ela vai ter subsídio do governo para isso”, disse Sanches.
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Felipe Goes, CEO da São Carlos (SCAR3), destacou que há uma correlação direta entre os preços das ações de construtoras na Bolsa e o aumento da Selic. “Os imóveis são vistos corretamente como um investimento seguro, são tijolos, solo, principalmente imóvel urbano tem uma segurança de valor ao longo dos anos”, disse. O executivo, no entanto, destacou que é importante olhar para outros fatores na hora de precificar a empresa.
“Se a gente pega esse valor de avaliação de R$ 5 bilhões [quanto valem juntos todos os empreendimentos da companhia], tira a dívida e divide pelo número de ações, a gente chega a R$ 70. A ação está sendo negociada em torno de R$ 35. Isso demonstra o potencial de upside para o investidor. Entender o valor do tijolo, o valor do metro quadrado, também é muito importante”, completou.
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