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SÃO PAULO – As medidas restritivas de distanciamento social têm atingido em cheio as empresas brasileiras, sobretudo, as micro, pequenas e médias.
Com o fechamento das portas e a queda do faturamento, as PMEs aumentaram a busca por crédito no mercado para passar pela crise e conseguir honrar seus compromissos, como pagamento da folha salarial, de fornecedores e outros custos operacionais.
Nessa esteira, as financeiras que ofertam crédito na modalidade P2P Lending (Peer to Peer lending, ou empréstimo interpessoal) buscam soluções para tentar minimizar os riscos de crédito, proteger os investidores e ajudar as empresas em um cenário de aumento da demanda por empréstimos e redução do número de investidores em consequência das oscilações do mercado gerada pelo novo coronavírus.
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O P2P oferece crédito com custos menores para o tomador por meio de plataformas digitais, minimizando as burocracias bancárias. O dinheiro do financiamento parte de investidores pessoa física, que empresta, tradicionalmente, para pequenas e médias empresas, em troca de juros – mais atrativos do que o de aplicações de renda fixa, mas assumindo o risco de calote.
Fuga de investidores
A Nexoos, que oferece crédito a taxas de juros de 1,14% a 4,19% ao mês, registrou, na semana do dia 15 de março, uma redução de 35% no número de investidores que procuraram a plataforma para as rodadas de negócios em relação às semanas anteriores.
A fintech emprestava cerca de R$ 30 milhões por mês para as PJs antes da crise. No mês de março, o montante de operações para o público caiu para R$ 12 milhões. Segundo o co-fundador e CEO da empresa, Nicolas Arregalla, a previsão para abril é ainda menor, entre R$ 8 e 10 milhões. Mas a taxa de queda nos registros de novos investidores vem caindo.
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“Estamos notando uma retomada da confiança dos investidores, que ainda não é tão grande, mas agora [eles] têm uma certa noção do impacto da crise. O cadastro de investidor está crescendo nas últimas semanas, assim como os acessos na plataforma para ver oportunidades de investimentos”, explica, sem detalhar os números.
Diante do cenário, a Nexoos aumentou a carência por até 90 dias, em alguns casos, para ajudar as empresas a voltar ao fluxo de caixa rotineiro. A startup também lançou uma estrutura que permite às PMEs a criação de um site próprio para anunciar e vender seus produtos e serviços na internet e criou novos tipos de produtos, com garantia real, para trazer maior segurança para o investidor.
Rigidez e novas estratégias
A IOUU, outra plataforma que atua no segmento P2P, registrou o dobro de solicitações de empréstimos desde o início da pandemia.
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Para lidar com o cenário, o CEO e fundador, Bruno Sayão, afirma que os critérios para concessão dos empréstimos se tornaram mais rígidos, levando em consideração quais os setores estão sendo mais afetados com a crise para analisar o tipo de empresa que vai captar na plataforma.
Com o objetivo de garantir rentabilidade aos investidores e manter o modelo de negócio sustentável com a fuga de investidores, que chegou a 40%, a IOUU passou a operar com operações de bullets, em que o montante principal, acrescido de juros, deve ser pago apenas no final do empréstimo.
O ticket médio de captação também foi reduzido de R$ 80 mil para R$ 50 mil, e o investimento mínimo caiu de R$ 500 para qualquer valor que o investidor tenha na carteira digital da plataforma. “Os números de aportes vêm crescendo em relação à queda na segunda semana de março e nós estamos balanceando e criando oportunidades para tomadores e investidores”, afirma Sayão.
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A IOUU também tem feito com que as tomadoras utilizem sua base de cliente para ajudar na captação do valor do empréstimo. “Ao invés da empresa, como muitas estão fazendo, vender um voucher para ser consumido no futuro, estamos mobilizando para que as empresas façam com que seus consumidores conheçam a nossa plataforma e ajudem a empresa com o valor do empréstimo, que ainda será devolvido com juros para eles”.
As renegociações de dívidas na plataforma giram em torno de 30% da carteira total, e estão sendo feitas de duas formas: uma em que o tomador paga, por até 90 dias, apenas os juros da parcela; e outra em que a carência é dada por 90 dias, tendo o prazo do contrato estendido.
Já a Nexoos aumentou a carência por até 90 dias, em alguns casos, para ajudar as empresas a voltar ao fluxo de caixa rotineiro. A startup também lançou uma estrutura que permite às PMEs a criação de um site próprio para anunciar e vender seus produtos e serviços na internet e criou novos tipos de produtos, com garantia real, para trazer maior segurança para o investidor.
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Sayão acrescenta que, apesar das tensões, parte dos investidores estão abrindo mão do recebimento de juros, no momento, para ajudar as empresas a equilibrar suas contas.
É o caso da médica Ana Carolina Caltabellotta, que investe em P2P há quase dois anos. Ela retraiu parte da sua carteira por se sentir ameaçada com a situação, mas se sente confortável em ajudar abrindo mão temporariamente dos juros.
“No momento, eu me sinto seguro de tomar essa situação, porque eu sei que essa dívida não tem como morrer e uma hora o dinheiro vai acabar retornando. Ainda não sabemos o que vai acontecer daqui pra frente, então, essa é a oportunidade que temos de fazer a nossa parte”, diz.
Cenário não é 100% negativo
Arregalla, da Nexoos, pontua que a crise tem criado oportunidades para algumas empresas captarem investimentos com o intuito de expandir sua operação e conseguir atender o aumento da demanda no período. A situação, inclusive, está fazendo crescer o número de investidores dispostos a emprestar dinheiro para essas empresas.
O cenário também tem motivado empresas com faturamento maiores a procurar créditos através do modelo de financiamento coletivo.
“O que estamos vendo de interessante nesse mercado é que as pessoas estão conseguindo se ajudar para sair de uma situação de crise que estamos passando, mas sem deixar de pensar no retorno financeiro. Isso traz uma noção de proximidade, porque as pessoas conseguem ver o valor gerado pelo seu investimento”, ressalta o CEO do Nexoos.
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