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SÃO PAULO – Considerada a grife brasileira da aviação, a Varig passa por uma enorme turbulência financeira, com amplas possibilidades de falência, e causa preocupação nos passageiros com vôo marcado. Para a maioria da população, esse tipo de crise financeira na empresa é difícil de ser compreendido, uma vez que até pouco tempo atrás a companhia detinha o monopólio das linhas que ligavam o Brasil ao exterior, e era sinônimo de qualidade e excelência em seus serviços.
Com uma dívida de mais de R$ 2,8 bilhões e um patrimônio líquido negativo, a empresa corre um grande risco de fechar suas portas. Sem uma injeção adicional de recursos, a Varig terá que dizer adeus aos milhares de passageiros que anualmente transporta e suas linhas serão transferidas para outras companhias aéreas.
Quem comprou uma passagem para as férias nesse fim-de-ano deve ficar atento a seus direitos e acompanhar o processo para saber o procedimento em caso de fechamento da empresa. Especialistas acreditam que os problemas mais sérios só ocorram no ano que vem, o que gera maior tranqüilidade para quem está com vôo marcado para as próximas férias.
Crise financeira
Administrada por uma fundação composta por funcionários e credores, a Varig representa uma peça-chave no mercado de aviação brasileiro, uma vez que muitas empresas de grande porte dependem de suas atividades. Ela é a principal cliente da Boeing na América Latina, a maior compradora da BR Aviation, braço da Petrobras que vende combustíveis para aeronaves, e gera R$ 30 milhões em receitas para a Infraero todo mês.
Nesse sentido, não interessa a ninguém que a empresa pare de funcionar. Por outro lado, com uma dívida de US$ 768 milhões, um patrimônio líquido negativo, e uma administração que não quer cortar custos, principalmente demitindo funcionários, a situação torna-se bastante complicada.
Para resolver o problema teria que ser feito um aporte de capital de R$ 400 milhões pelo BNDES, o que foi negado pela fundação que administra a empresa. A última possibilidade, então, seria a intervenção do governo federal, que injetaria recursos para salvá-la. Caberá, portanto, ao novo governo a responsabilidade sobre a empresa e a uma nova definição do setor aéreo no Brasil.
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Clientes com vôo marcado
O caso Varig tornou-se um dos principais problemas do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que segundo assessores irá analisar o setor como um todo para não gastar dinheiro de forma ineficiente. A Varig não constitui um exemplo isolado no setor, já que a maior parte das companhias aéreas no mundo passa atualmente por dificuldades financeiras, o que coloca em dúvida a viabilidade econômica desse tipo de atividade em um regime de concorrência.
De qualquer modo, ainda não é preciso ficar preocupado. Quem está com passagem marcada para esse fim de ano deve ficar tranqüilo, pois os problemas maiores (caso apareçam) deverão surgir somente no ano que vem. O Departamento de Aviação Civil já tem um plano de redistribuição das rotas administradas pela Varig para outras empresas, o que significa que os passageiros com vôo marcado deverão receber assentos em aviões de outras companhias.
Alguns especialistas acreditam numa fusão da Varig com outras empresas do setor, o que também beneficia aqueles que possuem milhagens no cartão Smiles. Segundo a companhia, não seria difícil negociar com outras empresas para que as milhagens sejam automaticamente transferidas para elas.
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Seus direitos
Em caso de falências de companhias aéreas ou interrupção dos vôos por um determinado tempo, as empresas acabam discutindo uma forma de não deixar na mão os clientes que já tenham comprado as passagens. Note que os assentos concedidos por outras empresas são mera cortesia, já que elas não têm obrigação alguma de transportar passageiros de suas concorrentes.
Como muitos vôos decolam vazios, com vários lugares livres, as empresas fornecem assentos para clientes de outras companhias para aliviar o problema no setor. Por outro lado, nem sempre é possível conseguir um lugar na data marcada ou no horário desejado. Desse modo, clientes perdem negócios, turistas deixam de passear nas férias e ainda são obrigados a gastar dinheiro com hospedagens e outras despesas quando estão fora de casa.
Logo, a recomendação do Idec, Instituto de Defesa do Consumidor, é de que os clientes guardem todos os recibos e notas fiscais que comprovem esses gastos adicionais e comuniquem a empresa. Caso o passageiro não consiga obter o reembolso da companhia, ele deverá entrar com uma ação e exigir indenização na Justiça.