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A recuperação judicial da Americanas abriu caminho para que credores acionem o chamado seguro de crédito, modalidade que garante a cobertura de pagamento dos recebíveis de transações comerciais a prazo das vendas B2B. O mercado de seguros estima que essas apólices somam entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões em risco segurado, trazendo sinistros de proporções inéditas em todo o mundo.
“Este mercado tem prêmio anual de cerca de R$ 800 milhões, considerando os dados de 2022 e só com um caso vai pagar de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões”, aponta Caio Lhano, gerente de crédito e seguro paramétrico da consultoria de riscos e corretora Marsh Brasil. “É um impacto muito grande”, reforça ao lembrar que existe toda uma estrutura de resseguro, que pulveriza esse impacto.
Nos últimos anos, o setor reportou forte crescimento. Não só pelo aumento na demanda pelo produto, mas também pela alta da inflação e dos preços das commodities, que também favoreceram o desempenho do faturamento segurado.
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Para se ter uma ideia, o setor registrou expansão de 21% em 2022 na comparação com o ano anterior.
“Podemos dizer que o mercado de seguro de crédito se divide entre antes e depois desses eventos. A partir desses casos, acendeu um sinal de alerta para a necessidade de estar protegido para situações imprevistas. O seguro de crédito deve ser contratado para proteção de eventos inesperados, assim como os demais seguros que existem”, diz Rosana Passos de Pádua, CEO da Coface Brasil.
“O custo do seguro de crédito não depende de um único fator, mas de uma conjunção de variáveis. Por exemplo o faturamento do segurado, os países para os quais o potencial segurado vende e o setor de atuação”, complementa.
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De acordo com Lhano, o caso Americanas caminha para ser o maior em seguro de crédito do mundo e a tendência é que as seguradoras passem a olhar de maneira mais criteriosa para a análise deste produto.
Renan Silva, professor de Economia do Ibmec Brasília, destaca que a Americanas tem vários elementos que contribuíram para ter traumas maiores, porque é marca conhecida e antiga. “Os sócios eram bem conhecidos pelo mercado. Fornecedor acaba aumentando tolerância por não querer se distanciar de um grande player e vai construindo elemento de alto risco”, diz.
“Além disso, por se tratar de uma empresa de capital aberto, com normativo sobre transparência e divulgação de balanços, inclusive auditado, tudo isso foi desenvolvendo uma segurança com o fornecedor”, complementa Silva.
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Para Raphael Miranda, do escritório Raphael Miranda Advogados, que é especializado em seguros e resseguros, a tendência agora é que este seguro passe por um estresse e muitos desafios.
“No médio prazo, o produto vai crescer muito porque outros fornecedores que não contrataram vão contratar, mas isso vai acontecer se o assunto for tratado com responsabilidade. Se os pagamentos ocorrem de forma correta o mercado segurador tem um bom caminho pela frente”, finaliza.
Veja também 1º episódio do vídeocast “Tá Seguro”:
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