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O número médio de contas por CPF ou CNPJ em diferentes instituições financeiras explodiu nos últimos anos no Brasil. A média saltou de 2,1 contas em diferentes bancos por indivíduo ou empresa, em 2015, para 5,5 contas em 2023. E os bancos digitais foram os mais beneficiados por essa diversificação e já ultrapassaram os bancos tradicionais em número de correntistas na geração Z (indivíduos de 18 a 29 anos). Os dados trazem uma preocupação para os bancos tradicionais, que mantêm a liderança hoje entre os clientes mais velhos, com 60 anos ou mais.
Os dados integram a pesquisa “Panorama do Sistema Bancário Brasileiro”, realizada pela consultoria global Oliver Wyman, um negócio da Marsh McLennan, que foi detalhada nesta quarta-feira (26) durante a Febraban Tech.
Especializada no setor financeiro, a consultoria informa que realizou o estudo junto a 3 mil correntistas em todo o país, entre abril e maio, para traçar um panorama do sistema bancário brasileiro na perspectiva do consumidor, como explica o coordenador do estudo e o sócio de Serviços Financeiros da Oliver Wyman, Leandro Vilain.
De acordo com o executivo, apesar de ter contas em várias instituições, 72% priorizam operações em um banco só. Apesar do avanço do digital, e de 71% dos respondentes dizerem que raramente vão ou nunca vão a uma agência, os pontos de atendimento físicos ainda são considerados por muitos consumidores como item importante. Cerca de 36% das pessoas dizem que a existência de agências físicas ainda pesa muito na escolha de um banco. Mesmo assim, o serviço mais acessado por 62% dos usuários nos pontos de atendimento físicos são os caixas eletrônicos.
Setor em números
- 89% da geração Z têm conta em banco digital ante os 79% em bancos tradicionais
- 97% da geração chamada baby boomers (60+) tem conta em bancos tradicionais
- 16% dos consumidores entre 30 e 39 anos aderem à corretoras de investimento, o que é considerado ainda baixo
Desafios
Vilain concorda que os custos das instituições financeiras tradicionais, com pontos físicos, é maior. Por outro lado, ele lembra que as digitais precisam se esforçar para conquistar a confiança do cliente e conseguir fidelizá-lo, passando a vender outros produtos e rentabilizar sua base.
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Os bancos tradicionais, no entanto, não estão parados e seguem trabalhando para competir com os digitais. Por isso, conforme dados apurados pelo setor junto à Federação Brasileira de Bancos (Febraban), essas instituições fecharam mais de 2,5 mil agências bancárias entre 2020 e 2022. Isso já levou ao desemprego mais de 14 mil bancários, como estimou um estudo do Dieese.
“A pesquisa é uma fotografia desse momento, mas indica uma tendencia dos clientes escolherem os canais digitais por serem mais intuitivos. Por isso, os tradicionais estão reagindo, oferecendo propostas digitais cada vez melhores”, afirma Vilain. Diante desses dados, o executivo acredita que as redes de agências físicas devem continuar passando por transformações profundas. “Porém, com o cliente se sentindo mais confortável com instituições que tenham rede física, provavelmente os bancos irão optar por agências menores, com mais espaços para caixas eletrônicos”.
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Avanço da bancarização
Quando questionado se a ampliação dos bancos digitais acelerou a derrubada das portas giratórias, ampliando a chamada bancarização no Brasil, Vilain é taxativo e diz que não é tão simples assim. “Esse foi um grande salto, mas o ponto fundamental para o avanço efetivo da bancarização no país foi o Pix”, diz o executivo, que já foi ex-diretor de Política de Negócios e Operações da Febraban.
Agora ele aposta que os bancos digitais devem oferecer soluções mais segmentadas para seus públicos, como pequeno e médio empreendedor ou agricultores, por exemplo. “Muitas fintechs já estão tentando seguir nesse caminho, fazendo com que o cliente consiga se identificar com o instituição”, diz.
Com o avanço dos digitais, a nova fronteira bancária agora, segundo a consultoria, é viabilizar contas transnacionais, para atrair o público mais seleto.