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Primeiro-ministro do Reino Unido por uma década (1997-2007), Tony Blair reconhece hoje um mundo profundamente alterado pelas mudanças tecnológicas. “As grandes empresas de tecnologia tornaram-se players globais, mais poderosas do que muitos países”, disse o inglês, durante sua apresentação na Fides 2023, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (25).
“O valor de mercado da Apple é equivalente ao PIB anual da França. A Amazon vai gastar neste ano quatro vezes mais do que todo o governo do Reino Unido em pesquisa e desenvolvimento. A Microsoft gastou US$ 10 bilhões apenas em inteligência artificial generativa. Países não conseguem fazer isso.”
Blair lembrou que, há 20 anos, a empresa de Bill Gates era a única de tecnologia entre as dez maiores do mundo — hoje, são oito na lista. Este cenário levanta questões de segurança e independência para os governos, que buscam garantir controle e segurança para seus dados. “Será interessante observar que parcerias cada país vai querer ter com essas empresas de tecnologia que são tão poderosas.”
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Tecnologia para remodelar governos
O inglês defendeu, no entanto, o imenso poder transformativo que as novas tecnologias podem gerar, inclusive, para os serviços públicos.
“Se eu estivesse à frente de um governo hoje, estaria focado na revolução digital. Em como reimaginar o Estado a partir das tecnologias que vão remodelá-los. A inteligência artificial generativa vai mudar o terceiro setor e, em última instância, o governo. Mas as pessoas que criam políticas são de outra geração em relação aos criadores da IA, e têm muita dificuldade em manter-se atualizados.”
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Blair citou a saúde e a educação como áreas do serviço público que podem ser positivamente impactadas. “Temos de usar as tecnologias de diagnóstico e o aumento do controle que as pessoas têm sobre sua saúde para mudarmos de um sistema que trata doenças para um centrado em prevenção e promoção do bem-estar.”
Lembrando que o Brasil, “como a maioria dos países em desenvolvimento”, enfrenta grandes problemas educacionais. Blair afirmou ainda que há soluções tecnológicas inovadoras sendo criadas para essa área, assim como para a própria administração pública. “Devemos usar a tecnologia para eliminar muito da burocracia governamental. Eu colocaria a tecnologia no centro de tudo que fizesse, se estivesse no poder.”