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A Latam Airlines retomou, nesta quarta-feira (14), a venda de bilhetes para o transporte de pets no porão de suas aeronaves em voos realizados no Brasil. O serviço ficou suspenso por dois meses depois de duas mortes seguidas de cachorros levados nos compartimentos inferiores dos aviões da empresa.
Para a aérea, a suspensão do serviço foi fundamental para o aprimoramento das novas regras de viagens dos pets. As normas passarão a valer a partir desta quarta-feira (15). O InfoMoney já havia divulgado, com exclusividade, o conjunto de medidas que serão adotadas para tornar o transporte dos animais mais seguro e confortável.
Em 14 de setembro, Zyon, um golden retriever de dois meses de vida, saiu desfalecido do avião da Latam, que fez um voo da ponte aérea entre São Paulo e Rio de Janeiro — o trajeto não passa de 50 minutos. Mesmo sendo atendido numa clínica veterinária na capital fluminense após o desembarque, o filhote não resistiu e morreu.
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Um mês depois, foi a vez de Weiser, um american bully deixado pelo tutor no aeroporto de Guarulhos (Grande SP) quatro horas antes do embarque para Aracaju (SE). O animal foi despachado em uma caixa de madeira e chegou já morto na capital sergipana.
A suspeita é que Weiser morreu asfixiado após roer a estrutura da caixa que o transportava. Os tutores de Zyon e Weiser estudam medidas judiciais de reparação na Justiça contra a companhia aérea.
As mortes dos pets causaram revolta, críticas de ativistas da causa animal e forçaram a Latam a reestruturar um novo serviço que garanta mais segurança aos bichos.
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Em comunicado divulgado à imprensa, a companhia aérea disse que realizou um mapeamento em profundidade de todos os seus procedimentos. E conduziu “um processo de escutas ativas com especialistas do tema para ajudar a identificar oportunidades à luz das melhores práticas do mercado para garantir cada vez mais eficiência nesse tipo de transporte.”
A Latam também disse ter firmado uma parceria com a ONG AMPARA Animal, parceria que será a responsável por alinhar a empresa “com as melhores práticas internacionais no transporte de pets, baseadas na ciência do bem-estar animal, e com o intuito de minimizar e reduzir o risco no transporte aéreo de cães e gatos”, segundo trecho do comunicado.
Novas regras
Só serão aceitos, a partir desta quarta, pets com 16 semanas (quatro meses) de vida na cabine ou no porão das aeronaves que foram despachados pelos seus tutores no ckeck-in dos aeroportos.
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Já os animais com 8 semanas poderão ser transportados pela LATAM Cargo no compartimento inferior, caso o voo seja direto e realizado em certos horários para evitar picos de calor. O tutor do animal, segundo a empresa, terá de apresentar atestado médico veterinário confirmando que o pet já foi desmamado há pelo menos 7 dias.
A empresa também vai passar a adotar novos procedimentos para as caixas onde os animais são acondicionados tanto na cabine como nos porões dos aviões durante os voos. Hoje, o kennel deve ter tamanho suficiente para que o pet consiga ficar de pé com uma distância de 5 cm até o teto e também possa dar um giro em torno do seu próprio eixo.
Já na cabine do avião, o animal podia ser levado em dois tipos de caixas: no kennel ou na bolsa flexível. A partir desta quarta, os animais embarcados na cabine só serão aceitos se estiverem dentro de uma bolsa flexível ou numa caixa de plástico rígido.
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Esses procedimentos mudam para os embarques de animais que serão colocados nos porões da aeronave e seguirão normas específicas conforme o animal é entregue nos terminais da Latam Cargo ou no check-in dos aeroportos.
No caso dos despachos de pets via Latam Cargo, só seguirão viagem os animais que estiverem dentro de caixas de fibra de vidro, plástico rígido ou madeira — neste último caso, raças de grande porte terão de estar em um kennel de modelo 82.
Já nos aeroportos, as caixas aceitas poderão ser de fibra de vidro ou de plástico rígido. “A Latam irá disponibilizar informações para apoiar os tutores a escolherem corretamente os kennels e dicas para que os pets se acostumem à caixa de transporte antes das viagens”, afirmou a empresa.
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Todas as caixas de transporte deverão ter, obrigatoriamente, compartimento de comida e bebedouro que possam ser acessados pelo lado de fora do kennel. O bebedouro deverá estar com água para que o animal possa se hidratar durante a viagem.
A empresa também diz ter criado mais pontos de checagem durante todo o processo de transporte (dentro do terminal de cargas, do aeroporto e da pista) para verificar o bem-estar do animal, incluindo o estado da caixa de transporte.
E mudou o tempo máximo de viagem para pets, um ponto sensível que interfere nas condições físicas dos animais. A partir de 15 de dezembro, será permitida somente uma conexão de no máximo 7 horas entre origem e destino — os itinerários para todos os pets não poderão passar de 24 horas. Também não será permitido o pernoite dos pets nos aeroportos e nos terminais de carga da Latam.
Normas variam por empresa
Cada empresa aérea possui uma regra de transporte que especifica o tamanho e o peso para o animal viajar na cabine ou no compartimento de carga do avião. Na Azul (AZUL4), o animal de estimação só vai na cabine. As normas das principais companhias do país podem ser acessadas aqui.
As empresas devem informar, previamente, as suas normas e as condições necessárias ao transporte garantindo segurança aos passageiros, tripulantes e ao próprio animal.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) não faz a regulação do transporte aéreo de animais, exceto o de cão-guia, que é regido pela resolução 280, de 2013. A norma assegura que o cão-guia seja colocado na cabine junto ao passageiro com visão comprometida.
“A apuração de possíveis maus tratos ou descumprimentos de normas de saúde animal passa pela competência de órgãos como o Ibama e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”, informa a Anac.
Tutores também têm se valido de laudos médicos que exigem seus pets na cabine para “apoio emocional”. Com essa autorização, geralmente aceita pelas aéreas, o animal viaja sem precisar estar numa caixa. Um projeto de lei de autoria do deputado federal Paulo Bengtson (PTB-PA) tenta regulamentar essa questão.
Cuidados e preparação
As famílias de hoje são multiespécies, termo que designa laços não apenas baseado em parentesco, mas no afeto. E os animais estão incluídos nisso. Segundo o IBGE, quase 48 milhões de domicílios do país têm cães ou gatos.
O número de pets transportados em aviões no país também é elevado. Só caiu recentemente devido aos impactos da pandemia de Covid-19 no setor aéreo.
Em 2021, com dados até setembro, foram transportados 121.309 pets nas cabines e nos compartimentos de cargas dos aviões “com temperatura controlada”, segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). Em 2019, 152.582 animais viajaram de avião; em 2020, o total de deslocamentos de animais foi de 142.543.
Os números são relativos aos serviços prestados por Gol, Latam e Voepass (empresas ligadas à Abear). Cartilha da entidade afirma que antes de os tutores se preocuparem com as regras das companhias aéreas é preciso se ater às condições físicas e emocionais do animal.
“Afinal, ficar preso em uma caixa de transporte vai exigir uma adaptação. Por mais amigável que o seu animal de estimação seja, estude se ele ficará bem acomodado na viagem, não ficará estressado e não haverá risco à saúde dele”, aponta a Abear.
A dica da entidade é: planeje voos diretos e trajetos curtos. “Com isso, você consegue controlar a ansiedade dos pets e evita a desidratação deles”.
Segundo a Latam, para o transporte ocorrer da forma mais segura possível, além das mudanças que está promovendo, “o envolvimento dos tutores de pets é essencial para que tomem os cuidados necessários”.
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