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SÃO PAULO – Poucas pessoas associam a palavra planejamento à tomada de crédito. Essa postura talvez reflita o fato de que são poucas as pessoas que vêem o crédito como ele é: um produto, como outro qualquer.
A maioria de nós se planeja antes de comprar uma geladeira, carro, ou qualquer outro bem, mas esquece de adotar o mesmo procedimento na hora de emprestar dinheiro. Mas, o que efetivamente envolve o planejamento da tomada de crédito?
O que você precisa?
Comece refletindo sobre o porquê da sua decisão de tomar dinheiro emprestado. O forte crescimento na concessão de crédito, que vem ocorrendo nos últimos anos, acaba incentivando as pessoas a usarem crédito para arcar com despesas correntes ou para a realização de sonhos de consumo.
Não há nada de errado em usar o crédito para realizar um sonho de consumo, mas antes de optar por esse caminho faça as seguintes perguntas: será que você realmente precisa disso agora? Não é possível esperar um pouco? Quanto você economizaria se planejasse a compra a vista?
Se depois de analisar esses pontos você ainda estiver convencido de que o crédito é a melhor saída, é hora de avaliar que tipo de linha de crédito você precisa, quanto você precisa tomar emprestado, e por quanto tempo você vai precisar desse dinheiro. Uma vez definido o tipo de linha de crédito que você precisa é hora de pesquisar os custos.
Que valor e por quanto tempo?
Se você não sabe ao certo o quanto vai precisar, faça as contas com cuidado, não vale a pena tomar um volume maior de crédito emprestado só por segurança. Lembre-se que isso tem um custo. Muitas vezes o consumidor, animado com o fato da taxa de juro ser mais baixa, acaba decidindo aumentar o volume do empréstimo, o que acaba pesando no seu bolso.
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Definido o volume, é hora de refletir por quanto tempo, ou o prazo, durante o qual você vai precisar desse dinheiro. De certa forma, essa resposta está alinhada com o objetivo que você pretende dar ao dinheiro emprestado. Estamos falando de uma emergência financeira temporária: o seu salário atrasou, e você não tinha com o que pagar as contas? Você perdeu emprego e não conta com uma reserva de emergência? Optou por comprar financiado um determinado bem?
Com essas duas informações você já pode definir melhor o tipo de linha de crédito que precisa. Vale notar que, no caso das necessidades temporárias de dinheiro, pode valer mais a pena optar por uma linha de crédito rotativo, como o cartão ou o cheque especial, do que com uma linha de empréstimo pessoal com prazo mais longo.
Na ponta do lápis
É claro que aí é preciso ter uma noção realista do que é temporário, pois senão corre-se o risco de virar permanente e, nesse caso, o crédito rotativo não é a melhor opção. A tabela abaixo ilustra essa situação. Se temporária, financiar no cartão implica em gastos menores do que fazer um empréstimo pessoal.
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Linha de crédito | Cartão | Empréstimo |
Valor emprestado | R$ 5.000,00 | R$ 5.000,00 |
Prazo | 2 meses | 12 meses |
Taxa | 10% ao mês | 5,29% ao mês |
Gasto com juro | R$ 761,90 | R$ 1.880,69 |
Porém, se a situação temporária se alongar, e você financiar esse saldo no cartão por seis meses, então aí a situação já muda, e o gasto total com juros do cartão já supera o do empréstimo pessoal.
Atenção aos custos!
Aqui também é preciso atenção, pois os custos de um financiamento não terminam com os juros, é preciso arcar com as taxas de concessão de crédito, assim como o custo do seguro – já que na maioria dos casos o custo do seguro já é embutido.
Contudo, é preciso se informar sobre custos extras, ou possibilidade de mudança dos juros durante o prazo de financiamento. Você está financiando a uma taxa fixa, ou não? Não são raros os casos de empréstimos, sobretudo, no caso de crédito rotativo, cuja taxa anunciada é bastante atrativa, mas não se aplica em todos os casos.
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É possível que essa taxa só seja praticada para um volume de crédito menor, ou por um período determinado de tempo, depois do que as taxas praticadas são até mais elevadas do que as vigentes no mercado. Aqui novamente é preciso fazer as contas. Se você acredita que consegue quitar sua dívida antes do término do período no qual a taxa é mais baixa, então essa pode ser a melhor linha de crédito para você.
Um ponto que vale a pena ser analisado é a possibilidade de quitação antecipada, e as condições na qual isso pode acontecer. Em alguns casos, a quitação até é aceita, mas as condições oferecidas não são atrativas, daí a importância de se avaliar com cuidado o tema.
Endividamento, quando perdemos o controle?
Mesmo que as condições oferecidas em uma determinada linha de crédito sejam atrativas, você precisa verificar que ela se encaixa na sua realidade financeira. Assim, avalie qual o peso da prestação no seu orçamento.
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Um erro comum cometido pelas pessoas é o de analisar a prestação de crédito de forma individual. Ainda que as regras de financiamento sugiram que a prestação não deve comprometer mais do que 30% da sua renda mensal, lembre-se que, provavelmente, essa análise já está sendo feita pela instituição financeira.
No seu caso é preciso ir além. Mesmo que a prestação comprometa uma parcela inferior a 20% do seu orçamento, avalie o quanto dele já está comprometido, e se você realmente tem como absorver esse gasto extra. Caso tenha condições de absorver o gasto com a prestação, mas isso faça com que a parcela do seu orçamento comprometida com dívidas supere os 40%, você corre o risco de perder o controle.
Nessa situação, avalie se não é o caso de esperar um pouco mais para levantar esse crédito. Será que não vale mais a pena adiar a realização do sonho, ou no caso de uma emergência, recorrer a cortes drásticos no orçamento, e até mesmo a venda de bens para obter o dinheiro de que precisa?
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Antes de assinar o contrato de crédito leia com atenção todas as cláusulas e pergunte tudo o que não entender. Assegure-se de que tudo o que foi combinado com relação a custos, prazo, quitação, garantias esteja detalhado no contrato. Feito isso, guarde uma cópia, pois essa é segurança de que seus direitos serão respeitados.