SÃO PAULO – André Pepitone, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), afirmou nesta terça-feira (15) que já é possível estimar alta de pelo menos 5% nas contas de luz em 2022, devido à crise hídrica que o país vem enfrentando.
Com a diminuição na geração de energia por meio das hidrelétricas, é necessário acionar com mais frequência as termelétricas, que são mais caras, o que se reflete na alta nos preços da energia.
“O número que o Ministério de Minas e Energia tem usado publicamente é que vamos ter um custo adicional de R$ 9 bi [de janeiro a novembro de 2021]. Até abril, já se gastou R$ 4 bi adicionalmente. Isso vai ter impacto adicional na tarifa de 5% [em 2022]”, explicou Pepitone durante audiência pública na Câmara dos Deputados nesta terça.
A expectativa é que esse impacto na conta de luz seja refletido nas tarifas residenciais e comerciais no próximo ano.
De acordo com o governo, o Brasil enfrenta a pior estiagem dos últimos 91 anos. A preocupação é passar por um racionamento de energia, como aconteceu em 2001. Porém, Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), garantiu que esse cenário está descartado por ora.
“Reiteramos que, para o ano de 2021, não existe previsão de racionamento ou apagão, nenhuma dessas consequências negativas”, afirmou o diretor-geral do ONS, também na audiência pública virtual da Câmara dos Deputados.
Bandeiras tarifárias mais caras
Ainda, outro aumento na conta de luz dos consumidores deve entrar em vigor já nas próximas semanas. O diretor-geral da Aneel informou que o reajuste das bandeiras tarifárias, que já estava previsto será ainda maior diante do cenário: deve ultrapassar os 20%.
Enquanto as tarifas representam a maior parte da conta de energia dos consumidores e cobrem custos envolvidos na transmissão da energia elétrica, as bandeiras tarifárias refletem custos variáveis da geração de energia elétrica no Brasil.
Quando o país enfrenta uma condição favorável de geração de energia e há uma demanda estável no consumo, a bandeira fica verde, ou seja, não há cobrança adicional. Por outro lado, quando a situação não é favorável a bandeira pode ficar vermelha.
Na audiência, Pepitone ressaltou que o reajuste de 20% vai impactar apenas as bandeiras, e não o valor total das faturas. “Não é a tarifa que vai subir 20%. Nós estamos conseguimos fazer com que os aumentos que estão ocorrendo neste ano fiquem na casa de 7%, 7,5%”, explicou.
O InfoMoney explicou em uma reportagem anterior como funcionam as cobranças da energia elétrica.
Veja as cobranças das bandeiras tarifárias:
Verde | Amarela | Vermelha |
Condições favoráveis de energia | Condições menos favoráveis | Termelétricas ligadas. Situação de alerta |
Sem cobrança adicional | R$ 1,34 por 100 kWh consumidor | Patamar 1: R$ 4,16 por 100 kWh consumido |
Patamar 2: R$ 6,24 por 100 kWh consumido |
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