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SÃO PAULO – Recentemente, uma nova onda de golpes deixou muita gente assustada: criminosos roubavam os celulares das vítimas e limpavam as contas bancárias, ficando com todo o dinheiro mesmo sem ter a senha.
Esse episódio, que o InfoMoney mostrou como está acontecendo e as dicas para se proteger, trouxe à tona novamente um tema que vem sendo bastante discutido no sistema bancário: como proteger os dados? Na iminência da chegada da segunda fase do Open Banking no Brasil, que prevê o compartilhamento de dados com o consentimento do cliente, a preocupação é grande.
E a sensação vem sendo refletida em números: 86% dos brasileiros tem muito ou algum medo de serem vítimas de fraudes, golpes, ou violação dos dados pessoais, de acordo com a pesquisa da Federação Brasileiros de Bancos (Febraban), intitulada “Segurança de Dados no Brasil”, divulgada nesta sexta-feira (02). A pesquisa foi feita entre 18 e 25 junho deste ano com 3 mil entrevistados.
Em relação aos dados pessoais, 55% dos entrevistados entendem que a proteção de seus dados estão menos seguras ou a mesma coisa do que vêm observando nos últimos cinco anos. Outros 42% avaliam que seus dados pessoais estão mais seguros do que nos últimos anos.
Efeitos da pandemia
A pandemia intensificou o uso do ambiente digital. Afinal, com as pessoas ficando em casa mais tempo e o risco de contaminação, compras e serviços online de diversos tipos e categorias foram as soluções.
Mas com isso, a percepção é de que a segurança digital ficou mais vulnerável. 91% dos entrevistados avalia que os crimes aumentaram muito (46%) ou aumentaram (45%) no período da pandemia, conforme mostra a pesquisa. Do outro lado, somente 5% acham que diminuíram (4%) ou diminuíram muito (1%).
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“Nos últimos 12 meses, os próprios entrevistados ou familiares foram vítimas, sendo as situações mais comuns aquelas envolvendo recebimento de mensagens ou ligação telefônica com solicitação fraudulenta seja de dados pessoais ou bancários (43%), seja de depósito ou transferência de dinheiro para amigo ou parente (34%)”, diz o estudo.
Mas também foram observadas outras fraudes, como as de cobranças fraudulentas ou compras indevidas em seu cartão de débito ou crédito (29%); invasão do e-mail ou das redes sociais, com alguém assumindo o controle sem permissão (18%); clonagem de celular ou WhatsApp (18%); tentativa de abertura de linha de crédito ou solicitação de empréstimo usando seu nome (15%); e invasão e acesso a dados bancários (14%).
Lia Pilatti, head de cybersegurança e prevenção de fraudes do Banco do Brasil, afirma que teve aumento grande de phishing, quando o criminoso tenta enganar as pessoas para que compartilhem informações confidenciais como senhas e número de cartões de crédito, e criação de páginas falsas.
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“O crime se adapta com o tempo. O que se via antigamente, como o batedor de carteira, se vê menos hoje. Como se dizia antigamente, o assaltante invade a casa onde o muro é mais baixo. Hoje o mundo digital é mais abordado porque a direção dos golpes e fraudes é o elo mais fraco, o cliente”, disse durante a live de apresentação da pesquisa nesta sexta.
Segundo ela, o fraudador vai oferecer super oferta ou apelar para o emocional, de fato, enganando as pessoas, por vezes, mais velhas e menos adeptas das tecnologias. “Mesmo assim, os bancos trabalham e investem muito para garantir a proteção dos sistemas e clientes, e estamos cientes dos desafios”, afirma.
Riscos x Benefícios do compartilhamento de dados
Mais de 55% dos brasileiros acreditam que há mais riscos do que benefícios ao fornecerem seus dados a empresas ou instituições, segundo a pesquisa da Febraban.
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Ainda, desse grupo, um terço das pessoas acreditam que é durante as compras online e no acesso a sites que mais facilmente são coletados os dados dos clientes e usuários.
A edição do estudo traz dados segmentados por regiões do país e mostra que os entrevistados da região sudeste são os que menos veem benefícios no compartilhamento de dados.
Em todos os casos a maioria das pessoas entende que os riscos do compartilhamento de dados pessoais superam os benefícios atualmente. Veja:
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Desconfiança hoje
A percepção de 59% dos entrevistados é de que a privacidade não passa de um mito, pois acreditam que tudo ou a maior parte das informações podem ser acessadas.
“Nesse sentido, cobra-se mais eficiência e endurecimento da legislação que rege a proteção de dados. Mas a expectativa é otimista em relação à diminuição de fraudes e golpes, a partir das novas leis (LGPD e Lei 14.155) em vigor”, avalia o estudo.
A desconfiança é ainda maior quanto ao monitoramento e coleta de dados por parte das empresas ou governos.
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Do total, 79% dos entrevistados desconfiam que as empresas privadas monitoram e acessam tudo ou a maior parte do que fazem online ou no celular. Quanto ao monitoramento por parte dos governos, na média, 60% dos entrevistados acreditam que isso ocorre.
Considerando isso, cerca de 70% dos entrevistados afirmam que se sentem preocupados ou muito preocupados em relação a coleta e monitoramento desses dados.
Dados em troca de benefícios
Apesar da desconfiança, o consenso é entre a grande maioria dos entrevistados das cinco regiões – acima de 70% – é de que é aceitável o uso dos dados pessoais desde que a ação vise melhorar a vida em sociedade, sobretudo em casos de prevenção ou o combate a crimes, e prevenção de golpes ou fraudes com dados bancários e em compras.
Sobre o avanço tecnológico e a proteção dos dados pessoais, praticamente metade acha que a tecnologia contribui para mais segurança e a outra metade que ajuda na violação dessas informações. Para 46% dos entrevistados, a tecnologia pode contribuir para manter as informações mais seguras, e o 49% entende que a tecnologia pode facilitar a violação de dados e fraudes.
A expectativa para os próximos anos é positiva. Para os próximos cinco anos, 54% dos entrevistados têm a expectativa de avanço na segurança, enquanto apenas 22% apostam que esses dados estarão ainda menos seguros.
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