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A contratação de seguros ainda não se popularizou no Brasil — sobretudo, para os do segmento de vida, afirmam executivos do setor.
“Com seguro de vida ainda estamos com alguns passos atrás se comparado com a contratação de seguro de carro, por exemplo, mas acho que estamos no processo. Ainda é super nichado, mas há caminhos sendo construídos para a democratização, incluindo as opções de contratação online”, diz Pedro Dalla Stella, sócio-fundador da SDS Insurance, corretora de seguros independente.
“A contratação ainda é mais direcionada para as classes A e B. Há muita relação com o poder aquisitivo. Isso porque uma família de classe C, D, E tem outras prioridades antes de direcionar parte da renda ao seguro de vida”, pontua Manes Erlichman, diretor da corretora digital Minuto Seguros.
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Cerca de 17% da população brasileira com mais de 18 anos tem alguma cobertura de seguro de vida, segundo dados relativos ao ano de 2021 da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), que começou a agregar dados sobre o assunto a partir do ano passado.
De acordo com a Susep, deste total, 57,7% das pessoas possuem planos coletivos, aqueles ofertados por empresas aos seus colaboradores.
“É melhor ter um seguro de vida via empresa do que ficar desprotegido. As empresas fecham com uma seguradora e podem definir quanto será a proteção, valores por cargos, tipos de coberturas”, conta Carlos Gondim, diretor de vida e previdência da Porto.
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Embora exista a possibilidade para profissionais formais terem o seguro de vida via empresa, muitas pessoas ainda não conhecem o seguro de vida ou não entendem se precisam dele e quais são os tipos disponíveis hoje. E mais: muita gente tem o seguro de vida na empresa e não sabe disso.
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“Eu sei que tenho por que vem o valor descontado no holerite. Mas nunca procurei detalhes sobre isso. No momento da minha admissão, assinei e estava lá a proposta, mas são sei dizer valor de cobertura, indenização, entre outros pontos principais”, afirma Lucas Frigieri, analista financeiro de uma empresa de bens de consumo.
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Aos 25 anos, Frigieri viu que o desconto para ter o benefício era pequeno: cerca de R$ 5. “É um bônus dentro do meu contrato”, diz.
Mas, afinal, quais são as diferenças de um seguro de vida individual para um coletivo? Apenas o coletivo é suficiente? É preciso ter os dois? O InfoMoney consultou especialistas no tema para explicar os principais conceitos sobre os formatos do seguro de vida disponíveis hoje. Confira:
Seguro coletivo
Antes de fechar um contrato de seguro de vida, é importante entender quais tipos estão disponíveis.
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São basicamente quatro: o individual (cobertura para o titular, segurado que contratou); o familiar (se estende para toda família, geralmente cônjuge e filhos); o coletivo ou em grupo (contratado por empresas para seus colaboradores); e o resgatável (modalidade que permite o resgate de uma parte do prêmio total pago após um prazo de carência).
“Mas o seguro resgatável e o familiar também são seguros individuais”, explica Manes Erlichman, diretor da corretora digital Minuto Seguros.
Assim, há duas categorias principais de seguro de vida: individual e grupo. O InfoMoney publicou um guia com as principais informações sobre o seguro de vida individual.
A pedido do InfoMoney, a Susep separou alguns dados que mostram a proporção de contratos individuais e coletivos ao longo dos últimos três anos e como o seguro de vida individual vem ganhando força em um mercado em que o coletivo ainda predomina.
Veja o panorama:
Ano | Individual | Coletivo |
2019 | 33.6 % | 66.4% |
2020 | 38.2 % | 61.8% |
2021 | 42.3% | 57.7% |
O seguro de vida coletivo, por sua vez, é uma modalidade contratada somente pelas empresas.
Segundo Erlichman, o seguro de vida tem alguns objetivos. “As coberturas contempladas devem buscar as expectativas dos colaboradores e estarem alinhadas com as coberturas oferecidas pela demais empresas do mercado, para que o seguro de vida ofertado seja um benefício importante para contratar e reter talentos dentro das empresas” diz o executivo.
Pesquisa da consultoria MercerMarsh Benefícios, com 737 empresas do país, mostra que 92% das companhias entrevistadas ofereciam em 2021 seguro de vida aos seus colaboradores, benefício que só ficava atrás dos planos de saúde (98%).
Segundo o estudo, o seguro de vida ganhou maior relevância com aumento dos sinistros individuais e coletivos diante da pandemia. Inclusive, as principais seguradoras do mercado passaram a considerar a Covid-19 nos contratos.
Na prática, o seguro coletivo é compulsório para funcionários em grande parte das empresas que oferecem o produto — está incluso nos contratos de trabalho.
“A vantagem, na maioria das vezes, é o fato de serem definidos em um coletivo de pessoas e, alguns casos, serem até mesmo gratuitos para os colaboradores.”, lembra David Beatham, diretor executivo de vida da Allianz Seguros.
Em outros casos o colaborador pode ter coparticipação, pagando uma parte do prêmio mensal para ter o seguro de vida ou mesmo pagar mais para ter acesso a melhores coberturas — mesma lógica dos planos de saúde.
O estudo da MercerMarsh mostra que a cobertura mais oferecida é a por morte (em 100% das empresas), seguida por invalidez permanente total ou parcial por acidente (92%).
Geralmente, o funcionário segurado tem uma cobertura relacionado a um múltiplo do seu salário, como 12 vezes ou 24 vezes o salário bruto que recebe.
Ainda de acordo com a MercerMarsh, o volume de cobertura que prevalece nas empresas (86%) entrevistadas é o múltiplo salarial de 24 vezes.
“Na companhia em que trabalho, oferecem o seguro de vida com cobertura de 24 vezes o meu salário. Eu achei um benefício muito bom, uma vez que não teria custo extra para mim. Ainda tem a opção de, por um valor simbólico de R$ 9,90, aumentar a cobertura para 36 vezes o salário e foi o que eu fiz”, afirma Lucas Iskandar, 25, planejador de suprimentos de uma multinacional.
Iskandar acredita que o seguro de vida é um benefício importante e pode ser fator relevante na hora de escolher um trabalho.
“Com a pandemia e dias incertos que temos vivido, um beneficio como este dá uma tranquilidade. E acho que alguns profissionais podem escolher entre duas empresas a partir de algum benefício como este. Acho que o seguro de vida ganha cada vez mais importância na vida das pessoas, então, quando tiver minha família e meus filhos, eles vão estar protegidos se algo acontecer comigo”, afirma.
Setores que exigem seguro de vida
Outro fator relacionado ao seguro de vida coletivo é que determinadas categorias profissionais exigem o benefício, como parte de Acordos Coletivos de Trabalho. “Nestes casos, o seguro contratado deve contemplar as coberturas exigidas nos acordos”, diz Erlichman.
O blog da seguradora Icatu Seguros tem publicada uma lista das profissões que exigem contratação do seguro de vida para funcionários. Veja:
Bar, bufê, churrascaria, pizzaria e restaurante; |
Comércio de alimentos no varejo; |
Condomínio; |
Contabilidade; |
Construção civil; |
Hospedagem e hotel; |
Entregador que atua em editoras de jornais e revistas; |
Indústria que atua na transformação e no beneficiamento de cristais e vidros no Estado de São Paulo; |
Indústrias de camisas masculinas e roupas brancas de São Paulo; |
Indústrias de louça, porcelana de barro e cerâmica; |
Indústrias de instalação elétrica, hidráulica, gás e sanitárias de São Paulo; |
Indústrias de roupas infanto-juvenis; |
Indústrias de panificação e confeitaria; |
Indústrias de reparação de acessórios e reparação veicular de São Paulo; |
Indústrias de vestuário; |
Indústrias têxteis; |
Instalação e manutenção de redes de telecomunicações; |
Motoboys; |
Motéis; e |
Prestadores de serviços. |
Seguro de vida coletivo é suficiente?
É importante entender que uma pessoa pode optar por ter mais de uma apólice de seguro, sendo uma fechada pela empresa em que trabalha (seguro coletivo) e outra individual.
Segundo a Susep, em caso de sinistro, o segurado com duas apólices recebe ambas as indenizações.
O consenso entre os especialistas é que é melhor ter um seguro de vida coletivo via empresa do que não ter nenhuma proteção.
Fabiano Vidal, diretor de parcerias comerciais da Prudential, a pergunta que os profissionais precisam fazer é: “o que acontece se eu sair da empresa que fornece o meu seguro?”.
“A pessoa é segurada pela empresa, mas se troca de emprego, perde a proteção. Imagine que o profissional ficou na empresa 20 anos, com seguro de vida”, explica.
Diferentemente de planos de previdência, o seguro de vida não permite portabilidade entre seguradoras e apólices — se o segurado parar de pagar os prêmios, a apólice é encerrada. No caso do coletivo, não faz sentido a empresa seguir pagando os prêmios se o colaborador não estiver mais trabalhando.
“Além disso, o custo para ele fazer um seguro individual será muito mais caro porque, em tese, estará mais velho”, diz Vidal.
O custo do seguro de vida é dado a partir de uma série de requisitos, como idade, histórico de saúde, coberturas, regras da seguradora, entre outros critérios.
“O seguro de vida da empresa é transitório”, afirma Victor Bernardes, diretor de vida e previdência da SulAmérica. Fernando Olbrich, corretor de seguros, acrescenta que há uma questão geracional também.
“No passado, os profissionais ficavam dez, 20 anos na mesma empresa. Hoje, via de regra, os trabalhadores mais jovens ficam três, cinco anos, atingem um objetivo e partem para o próximo. E a cada troca mais uma apólice de seguro de vida é feita, se a empresa oferecer”, diz Olbrich.
“Mas, como o seguro de vida é um produto de longo prazo, idealmente, não vale a pena ficar mudando e fazendo novas apólices. No caso dos coletivos, nem sempre sai mais caro, mas ao mudar de emprego você pode perder a proteção. Por isso, costumo pensar que o seguro de vida deve ser pessoal e ser carregado por onde a pessoa for”, completa Olbrich.
Como saber se o individual é necessário?
O seguro de vida é procurado por pessoas com responsabilidade financeira em um núcleo familiar. É comum, segundo os executivos consultados, quem tem entre 30 e 50 anos e com filhos buscar mais o produto.
No caso de profissionais formais com acesso ao seguro de vida coletivo, a dica é: avalie se só a cobertura coletiva é suficiente. Caso não, é importante consultar opções da modalidade individual, que é mais personalizada.
“Uma saída é buscar por coberturas complementares na modalidade individual e manter as duas apólices”, afirma Gustavo Bentes, membro da Fenacor (Federação Nacional dos Corretores).
“A tomada de decisão entre uma modalidade ou outra deve levar em conta uma série de fatores, entre eles o valor de proteção, as coberturas e assistências selecionadas e o momento de vida do interessado pelo seguro”, diz Beatham, da Allianz.
“O segurado precisa entender o que o seguro de vida coletivo cobre. Geralmente, a empresa fecha um acordo geral, que nem sempre atende as necessidades de cada funcionário. As pessoas são diferentes, têm perfis diferentes, portanto, necessidades diferentes”, afirma Amancio Paladino, diretor de investimentos da XP Seguros.
Para que a escolha seja assertiva, é preciso se informar sobre os produtos disponíveis e fazer consultas com corretores de seguros para avaliar qual categoria é mais adequada ao seu perfil.
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