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*Por Xinyi Luo
A China foi pioneira e iniciou seu projeto de moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês), ainda em 2014. Chamada popularmente de yuan digital, ela é conhecida na China como e-CNY.
Think tanks e especialistas em finanças, bem como funcionários e ex-funcionários do governo dos Estados Unidos, alertaram que se o país estivesse muito à frente do restante do mundo nessa área, controlaria a interoperabilidade, privacidade, segurança e outras facetas do desenho das CBDCs.
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A preocupação dos EUA se materializou com as Olimpíadas de Inverno de Pequim, em 2022. As principais economias suspeitavam que a China usaria esse grande evento global para apresentar o e-CNY para participantes de todo o mundo, e sentiram uma tremenda pressão para evitar ficar para trás na corrida.
De acordo com o think tank norte-americano Atlantic Council, 105 países que representam mais de 95% do PIB global estão explorando CBDCs.
“Da mesma forma que [a China] fez com a tecnologia 5G, eles podem ser um grande exportador de infraestrutura CBDC”, disse J. Christopher Giancarlo, ex-presidente da Commodity Futures Trading Commission (CFTC, a reguladora de derivativos dos Estados Unidos), ao CoinDesk em fevereiro.
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Ele observou que países poderiam usar uma moeda digital para escapar de sanções como as que os EUA e a União Europeia impuseram à Rússia após a invasão da Ucrânia.
“As CBDCs estão sendo vistas como uma forma de governo por países que foram submetidos a sanções ocidentais no passado e desejam ter uma maneira de evitar isso no futuro”, disse Giancarlo.
A cobertura da mídia sobre o yuan digital esfriou um pouco neste ano. Apesar disso, a China continua a forçar os limites dessa inovação, com testes sendo feitos nos últimos dois anos e cujo ritmo foi acelerado em 2022.
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Os dados do Banco Popular da China também mostram que o e-CNY atingiu a marca de 100 bilhões de yuans (US$ 13,9 bilhões) em transações até outubro deste ano. No início de 2022, os chineses abriram 261 milhões de carteiras de e-CNY, de acordo com os dados mais recentes do BC chinês.
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Um dos principais personagens por trás da moeda digital do país é Mu Changchun, que trabalha como diretor-geral do Instituto de Moeda Digital do Banco Popular da China desde 2019, e se tornou, pelo menos em entrevistas, o rosto do yuan digital. Fundado em 2016, o instituto dedica-se em parte ao lançamento do e-CNY.
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No momento, Mu parece ser o único porta-voz a transmitir notícias sobre o progresso da CBDC na China. “Tenho uma ideia aproximada de que (existem) vários ou alguns milhões de RMB (renminbi) de pagamentos todos os dias”, disse ele em um webinar do Atlantic Council que coincidiu com os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.
Ele também falou sobre o e-CNY em várias reuniões globais, incluindo um evento a portas fechadas em julho com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O Banco Central do Brasil recebe elogios de todos os lados pelo projeto avançado do real digital, mas é preciso lembrar: o país que tem a moeda digital mais avançada do mundo é a China – e deverá se manter na dianteira por um longo tempo.
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*Xinyi Luo é jornalista de de finanças e colunista de opinião da revista CoinDesk Layer 2
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