Ações da Yduqs (YDUQ3) caem quase 10% após resultados neutros: o que aconteceu?

Balanço foi marcado por despesas não recorrentes acima do esperado por analistas

Camille Bocanegra

Fachada da Estácio, uma das empresas da Yduqs (Divulgação)
Fachada da Estácio, uma das empresas da Yduqs (Divulgação)

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A Yduqs (YDUQ3) reportou na noite de quinta-feira (14) resultados do quarto trimestre de 2023 (4T23) considerados em linha com as expectativas por grande parte dos analistas. Os dados cumpriram as orientações (guidance, em inglês) propostas pela companhia para 2023 e apresentaram otimização de custos. Contudo, as ações caíram 9,76% na sessão de sexta-feira, a R$ 19,14.

O movimento pode ter algumas explicações. Alguns analistas destacaram que o guidance para 2024 foi considerado mais fraco que o esperado, enquanto outros focaram nos efeitos não-recorrentes que, se levados em consideração, levaram a números abaixo do esperado.

A visão do Itaú BBA foi de resultados alinhados com as expectativas de receita e rentabilidade. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado aumentou em 10% em relação ao ano anterior, em linha com as projeções trimestrais. Por outro lado, embora tenha havido otimização de custos, esse progresso foi contrabalançado por despesas gerais e administrativas, comerciais e provisão para devedores duvidosos (PDD) mais elevadas. Além disso, a empresa aumentou sua dívida líquida em R$ 264 milhões, apesar de alguma geração de fluxo de caixa operacional. A Yduqs apresentou, no guidance para este ano, a projeção de um crescimento significativo na captação presencial no primeiro semestre de 2024, prevendo um lucro líquido ajustado entre R$ 172-187 milhões. Por conta disso, o BBA reiterou sua recomendação de “compra” para YDUQ3, fixando preço-alvo de R$ 30 para o final de 2024.

O Morgan Stanley, por sua vez, ressaltou que a receita e o Ebitda ajustado ficaram em linha, mas o Ebitda não ajustado decepcionou em 24% por conta dos efeitos não-recorrentes. Enquanto isso, o guidance para o primeiro trimestre de 2024 foi misto: melhor do que o esperado no presencial, mas pior no ensino a distância (EaD).

Dentre as análises, o BTG Pactual também pontuou o trimestre como “fraco e prejudicado por eventos não recorrentes”. Os resultados seriam considerados em linha com as expectativas apenas quando ajustados por uma quantidade numerosa de itens considerados não recorrentes, que trouxeram impacto na geração do fluxo de caixa. Em relação ao guidance para 2024, assim como para o Morgan, o banco também considerou que o segmento presencial apresentou números melhores que a estimativa em 10% enquanto o ensino a distância deve permanecer mais estável, abaixo das projeções para 2024 do BTG.

Já de acordo a análise do Research da XP, a empresa conseguiu demonstrar aumento do ticket médio, com dados saudáveis em todas as três unidades de negócio (premium, digital e presencial). O guidance ficou acima da projeção da corretora, assim como as estimativas de captações. A visão da XP segue otimista para o nome, com indicação positiva de captações para os próximos trimestres e boas perspectivas para o setor.

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Visão da teleconferência

Como destacado pelos analistas, a sinalização da empresa em teleconferência de balanços foi de que o crescimento teria sido maior se não fossem os efeitos desse ano, como um ano de não-bônus. “A taxa de crescimento que a gente teria visto no ano teria sido muito diferente não fosse esse ponto”, afirma Eduardo Parente, CEO da companhia, ainda que as orientações prometidas pela Yduqs para 2023 tenham sido cumpridas. Em 2024, a expectativa é de alta de 15 a 25% na captação do segmento presencial no 1º semestre, gastos de capital (Capex, em inglês) estável em relação à 2023 (em R$ 470 milhões) e lucro líquido com crescimento de 2 dígitos no primeiro trimestre deste ano.

“Com a retomada de demanda que estamos vendo, temos expectativa de seguir na trajetória de preços (do presencial) ganhando em relação à inflação”, afirmou o CEO.

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“Temos um crescimento de receita de 24%, sendo na graduação 27%, tivemos captações muito relevantes no ano”, considera Parente sobre o ensino à distância (EaD). O executivo falou com otimismo sobre a alavancagem operacional e a pretensão da companhia de mantê-la em baixo patamar.

“Temos trabalhado preço de maneira muito mais forte desde a pandemia”, pontua o executivo sobre a modalidade presencial de ensino.

A administração apresentou detalhes sobre a jornada de transformação tecnológica, com fortalecimento do ecossistema digital. Dentre os destaques, estão a implantação do sistema Salesforce e o aumento de engajamento de alunos no aplicativo e no uso EaD.