XP vê IPCA a 7,4% este ano e revisa PIB de zero para 0,8%; economia deve crescer menos em 2023 com política monetária mais apertada

Números foram revisados após piora do quadro inflacionário e indicadores econômicos melhores que o esperado

Mitchel Diniz

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Com a piora no quadro inflacionário, a XP revisou suas projeções de indicadores para este ano e 2023. A previsão da casa para o índice de preços ao consumidor (IPCA) ao final de 2022 passou de 7% para 7,4%. A XP lembra que o IPCA de março, por si só, ficou 0,3 ponto percentual acima das expectativas do mercado. A principal revisão da casa foi na inflação de serviços para 2022, que passou de 6,2% para 7,4%.

“Os repasses de custos estão chegando mais cheios ao consumidor final, sinal de que a inflação pode estar se tornando mais inercial”, explica Caio Megale, economista-chefe da XP. Ou seja, a alta de preços no segmento está se comportando como uma “bola de neve”. A inflação de bens industriais também foi revisada de 7,3% para 7,5%.

“Mantivemos inalteradas nossas projeções para os demais grupos: alimentos, industrializados e preços administrados. Esses grupos tendem a ser afetados positivamente pela recente acomodação dos preços das commodities medidos em reais”, afirma a equipe da XP. Para 2023, a projeção de IPCA foi mantida em 4%, ainda acima da meta do Banco Central.

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Por outro lado, a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 teve uma pequena melhora. Depois de meses projetando estagnação, agora a XP vê crescimento de 0,8% para a economia brasileira este ano. Na avaliação da equipe de análise, o PIB está mostrando maior firmeza no primeiro semestre deste ano, após a recuperação do mercado de trabalho ao final de 2021, a reabertura das atividades e o avanço da vacinação.

A XP acredita calcula que a massa de renda disponível do brasileiro deve crescer 1,5% em 2022, e a disponibilidade de recursos deve ser manter no segundo semestre do ano com medidas governamentais, como Auxílio Brasil e liberação de saques do FGTS.

“A nossa projeção de taxa de variação do PIB de 2022 estava nula há quatro meses e meio e, ao longo dos últimos dois meses, com alguns sinais um pouco mais favoráveis, passamos a trabalhar com viés altista”, explica o economista Rodolfo Margato. Ele destaca o bom desempenho do varejo nos dois primeiros meses do ano, em detrimento da performance fraca do setor de serviços. “A variante ômicron  parece ter impactado os números, mas o setor de serviços ainda parece protagonista para explicar um crescimento moderado da economia no primeiro semestre deste ano”, explica.

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Para 2023, contudo, a XP revisou suas projeções de PIB para baixo, saindo de crescimento de 1,2% para 0,5%. A equipe de análise acredita que a inflação só deve convergir para a meta em 2024, considerando o choque de oferta gerado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. Um cenário de ajuste monetário mais apertado tende a desacelerar investimentos e as concessões de crédito em um momento de crescimento do endividamento das famílias. A economia global, como um todo, deve desacelerar no ano que vem, com sinalização de aperto monetário nos Estados Unidos e em outros países.

Por fim, a XP acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) terá que ajustar o seu plano de voo e revisou sua projeção para a Selic terminal. Antes, a equipe de análise acreditava que os juros subiriam até 12,75% na reunião de maio. Agora, prevê uma nova elevação, em junho, para 13,75% ao ano. “Assim o Banco Central terá mais gordura para atravessar o período de eleição. E se lá na frente, o movimento se mostrar exagerado, poderá fazer ajustes”, conclui Megale.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados