XP rebaixa ações de BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3); JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3) são favoritas

Ciclo de gado nos Estados Unidos e incertezas como gripe aviária e gripe suína são apontados pelos analistas como motivos para rebaixamentos

Vitor Azevedo

Publicidade

Os analistas da XP Investimentos rebaixaram, em relatório divulgado nesta sexta-feira (31), suas recomendações para as ações da BRF (BRFS3) e da Marfrig (MRFG3) de compra para neutra. Além disso, firmaram a JBS (JBSS3) como sua favorita do setor e a Minerva (BEEF3) como a preferida no curto prazo, ambas com recomendação de compra.

“O setor tem apresentado alta volatilidade devido ao intenso fluxo de notícias. Caso atípico de mal de vaca louca no Brasil, avanço contínuo e sem precedentes da gripe aviária ao redor do mundo e potencial avanço da febre suína africana na China. Temos novos riscos de baixa e de alta afetando o desempenho das ações dos frigoríficos brasileiros”, comenta a equipe da corretora, chefiada por Leonardo Alencar.

As ações da BRF, por exemplo, vêm sofrendo com o temor de que a gripe aviária possa chegar ao Brasil – o que impactaria muito sua produção, que está focada em aves.

Já a Marfrig, que também foi rebaixada, tem grande exposição à produção de carne bovina nos Estados Unidos, país no qual o ciclo do gado está em movimento descendente, aumentando o preço da arroba do boi (e, decorrentemente, os gastos do frigorífico).

“Onde as margens de carne bovina nos EUA irão parar? A HPAI [gripe aviária] entrará no Brasil? Gostaríamos de ter uma bola de cristal para responder essas e muitas outras questões que envolvem o setor de frigoríficos. Mas as  incertezas afetaram negativamente o desempenho das ações do setor como um todo e devem continuar a fazê-lo no curto prazo,  principalmente devido à incerteza quanto às margens de carne bovina nos EUA”.

A JBS também é uma companhia que tem grande exposição aos Estados Unidos, mas, para os analistas, sua maior diversificação geográfica, e também de proteínas, protege mais seus resultados.

Continua depois da publicidade

No Brasil, por exemplo, os frigoríficos da JBS devem ter, no curto prazo, um bom momento. Por aqui, o número de cabeças de gados está aumentando, o que está derrubando o preço da arroba e, decorrentemente, as margens das companhias.

O fato de a Minerva ser, no curto prazo, uma das favoritas do setor para a XP se dá, principalmente, por conta da maior exposição dessa empresa ao Brasil.

“O fluxo de notícias negativas para o setor também pesou sobre o Minerva, criando uma assimetria, a qual possui menos incertezas devido ao seu posicionamento geográfico, a nosso ver. Portanto, vemos a Minerva com um valuation atrativo de 3,9 vezes o EV/Ebitda [valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] para 2023 e deve ser a empresa que mais se beneficiará no curto prazo devido a uma tríade positiva de China, câmbio e ciclo do gado”, expõe.

Continua depois da publicidade

A corretora tem preço-alvo de R$ 8,6 para as ações da BRF, potencial de valorização (upside) de 30,3% frente ao preço de abertura, e de R$ 6,75 para as da Marfrig, número 28,3% maior do que o do começo do pregão de hoje. Para as ações da JBS e da Minerva, os preços-alvos são, respectivamente, R$ 39, com potencial de alta de 113,3%, e R$ 17,5, ou upside de 56,3%.