XP projeta próxima decisão de juro pelo Copom mais consensual e menos dividida

A casa prevê manutenção da taxa Selic em 10,50% até o final do ano

Augusto Diniz

Conteúdo XP

Publicidade

A XP divulgou Relatório Brasil Macro Mensal de junho e o ponto mais importante ressaltado no documento refere-se à política monetária.

Rodolfo Margato, economista da XP, participou nesta quinta (6) do Morning Call da XP e apresentou alguns dados do relatório, inclusive com novas estimativas na economia.

Seja um dos primeiros a garantir ingressos para a NFL no Brasil com a XP. Pré-venda exclusiva com Cartão XP, aprovado em 24h!

Cenário novo

“Há desafios de política monetária desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Por conta disso, a gente alterou o cenário base da taxa Selic. Nós vemos agora 10,5% (até o final do ano), que é o atual patamar”, afirmou.

Isso significa a manutenção dos juros na próxima reunião do comitê, nos dias 18 e 19 de junho. “Antes, estávamos prevendo dois cortes de 0,25pp, com a Selic chegando a 10% (no final do ano)”, acrescentou.

Ele avalia que, considerando a sinalização mais recente dos diretores do Banco Central, eles irão buscar uma decisão mais consensual na próxima reunião sobre a Selic. “Um placar novamente dividido, especialmente um 5 a 4, seria muito negativo para os ativos financeiros, para o cenário econômico como um todo”, explicou.

Continua depois da publicidade

Na última reunião do Copom, cinco diretores votaram pela corte da Selic em 0,25pp e quatro, que foram indicados pelo atual governo, optaram pela queda da taxa em 0,50pp.

Aumento das expectativas

“Ao longo das últimas semanas temos observado um aumento das expectativas inflacionárias, que é um elemento por trás das decisões de política monetária”, comentou Margato.

“Não apenas as expectativas para o IPCA de 2025 continuaram em alta no período mais recente, como as projeções de mercado para 2026 começaram a subir, afastando ainda mais da meta inflacionária de 3%”, disse.

Continua depois da publicidade

Para o economista, fatores diversos influenciam as expectativas da inflação, como o mercado de trabalho mais aquecido no Brasil e incertezas na economia global, principalmente com relação ao início do corte de juros pelo Federal Reserve nos Estados Unidos, além da persistência de tensões geopolíticas.

Fiscal continua preocupando

“No campo doméstico, preocupações fiscais permanecem e até de questões envolvendo a credibilidade do Banco Central, especialmente após a votação dividida da última reunião do Copom”, complementa.

“Com base nesses fatores a gente vem observando um aumento das expectativas inflacionárias, ou seja, um desafio maior para o Copom”, disse.

Continua depois da publicidade

Mercado de trabalho

Sobre o mercado de trabalho aquecido, Rodolfo Margato lembra que a taxa de desemprego está nos menores patamares desde 2014, perto de 7% – antes da pandemia, ela era de 11,5%.

“A gente observa também o aumento consistente dos salários reais, com os rendimentos do trabalho subindo além da inflação. Inclusive, os dados de abril, divulgados na semana passada, surpreenderam para cima. É um mercado de trabalho quente. Não é só no Brasil, mas também nos Estados Unidos, e isso impõe um desafio ao Copom”, destaca.

Receita líquida do governo precisa crescer

Do lado fiscal, ele disse que a equipe da XP vem discutindo algumas medidas que o governo anunciou para tentar chegar ao equilíbrio orçamentário. Segundo o economista, a receita líquida necessária para o cumprimento da meta zero esse ano pelo governo exige aumento de 10%.

Continua depois da publicidade

“Temos estimativa de crescimento de 6%, 7%, ou seja, aquém do necessário para cumprir a meta. Esse é apenas um exemplo das preocupações fiscais que seguem no radar porque isso tem um peso na taxa de câmbio e também nas expectativas inflacionárias de médio prazo”, ressalta.

Real depreciado

Já com relação à taxa de câmbio, Margato explica que na comparação com a moeda de outros países emergentes, como México, Colômbia, Peru e Chile, percebe-se que de janeiro ao dado mais recente, o real vinha mais ou menos em linha com outras moedas, mas a partir de março começou com um descolamento para baixo.

“No fim, vê-se o real se descolando das outras moedas emergentes, que tiveram também piora, só que marginal”, ressalta. No entanto, a XP mantém no relatório Brasil Macro Mensal de junho a taxa de câmbio no final de 2024 de R$ 5, com uma média anual de R$ 5,15.

Continua depois da publicidade

”Consideramos que, com a reação do Banco Central mantendo a Selic mais alta, e o início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, no final do ano, ou seja, a ampliação do diferencial, o câmbio pode voltar a cerca de R$ 5 – a mensagem aqui é de que tem espaço para apreciação (do real) mais para o final do ano”, afirma.