XP lucra R$ 1,04 bi no 4º tri, alta anual de 33%, e cumpre projeções apesar de ano desafiador

Participação de novas verticais de negócios, menos sensível ao cenário econômico, impulsionaram resultados em 2023

Mitchel Diniz

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O ano de 2023 marcou o crescimento relevante de novas verticais nas receitas da XP Inc., o que ajudou a empresa a contornar impactos negativos do ambiente econômico em seu core business. No ano cheio, a XP obteve lucro líquido de R$ 3,9 bilhões, o que representa uma alta de 9% em relação a 2022. O período também foi marcado por um aumento de eficiência.

Entre outubro e dezembro do ano passado, a XP obteve lucro líquido de R$ 1,04 bilhão. A cifra é 33% maior que a registrada no mesmo período em 2022 e 4% menor que a do terceiro trimestre de 2023.

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Também foi no quarto trimestre que a receita bruta da XP registrou um crescimento anual de 29%, para R$ 4,3 bilhões. O resultado foi impulsionado, sobretudo, pelo crescimento de 24% na receita de varejo, que atingiu R$ 3,152 bilhões. A receita líquida avançou 27% na mesma base de comparação, para R$ 4,046 bilhões.

No ano passado, as receitas das novas verticais de varejo da XP, o que inclui cartões, crédito, seguros e previdência, cresceram 43%, na mesma base de comparação, para R$ 1,7 bilhão. Em 2023, as novas verticais como um todo contribuíram com 17% da receita bruta da XP. A diversificação de portfólio ajuda a empresa na longevidade do relacionamento com o cliente.

No quarto trimestre, a receita de cartões cresceu 30% na comparação anual, para R$ 306 milhões. O volume total de pagamentos (TPV) em cartões de crédito bateu recorde no período, marcado pela sazonalidade, com crescimento anual de 44%, para R$ 11,8 bilhões.

A receita institucional da XP avançou 16% no quarto trimestre, em bases anuais, para R$ 413 milhões. No ano fechado de 2023, por outro lado, houve uma queda de 21%, para R$ 1,5 bilhão, em função de volumes menores na B3.

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Já a receita de grandes empresas e mercados de capitais foi de R$ 508 milhões. A cifra recuou 2% em relação ao terceiro trimestre, mas saltou 85% na comparação anual, com uma retomada da atividade do mercado e contribuição de fusões e aquisições (M&A).

Em 2023 como um todo, a receita do segmento avançou 22%, para R$ 1,6 bilhão.
A empresa encerrou o ano com mais de 4,5 milhões de clientes ativos, número 17% maior que o de 2022. A base soma 1,22 trilhão em ativos, o que representa um crescimento de 19% no mesmo intervalo de tempo.

A margem bruta da companhia foi de 68,1% no quarto trimestre. Ainda que superior aos 65,1% registrados um ano antes, houve um recuo frente aos 70,1% do terceiro trimestre de 2023. A XP atribuiu a queda ao mix entre produtos e canais no trimestre. No acumulado de 2023, a margem bruta recuou 2,32 pontos percentuais para 68%, queda que também está relacionado a um aumento nas provisões para perdas de crédito, com o crescimento do negócio de cartões.

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O retorno sobre patrimônio médio (ROAE, na sigla em inglês) caiu 1,52 ponto percentual para 21,1% no quarto trimestre em relação ao terceiro. Porém, avançou 2,93 pontos na comparação anual. No acumulado de 2023, o ROAE foi de 21,4%, queda de 1,39 ponto em relação a 2022.

Apesar de descrever 2023 como um ano desafiador e mesmo com as despesas referentes à compra do Modal, a XP informou ter cumprido com suas principais projeções de eficiência no período e destacou a redução em 4% das despesas administrativas em 2023, para R$ 5,4 bilhões, número dentro do guidance para o ano (entre R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões). No terceiro trimestre, essas despesas ficaram praticamente estáveis, em R$ 1,553 bilhão.

O lucro antes de impostos (EBT, na sigla em inglês) da companhia recuou 14% no quarto trimestre em relação ao terceiro, para R$ 995 milhões. A margem EBT, por sua vez, sofreu uma contração de 3,41 pontos percentuais para 23,3% na mesma base de comparação.

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Apesar dos números terem sido impactados por aumento pontual de despesas no quarto trimestre e contração de margem bruta, a margem EBT da XP cresceu 0,68 ponto percentual em 2023 como um todo para 26,5%, e ficou dentro do guidance da companhia. O índice de eficiência renovou sua melhor marca desde o IPO da XP no quarto trimestre de 2023, chegando a 36,3%, mostrando uma melhor relação entre crescimento de receitas e despesas.

O ano também ficou marcado como período em que a XP mais distribuiu capital, retornando cerca de R$ 4,5 bilhões aos seus acionistas. A distribuição está relacionada à otimização de estrutura de capital da empresa.

Para 2024, a XP quer estender a oferta de serviços antes restrito a clientes private para um público mais amplo, na alta renda, com o intuito de ganhar escala em um ecossistema financeiro mais inclusivo. O foco em disciplina de custos deve ser mantido em 2024. A empresa também vê o início da queda de juros e melhores condições de mercado como sinais positivos para o core business de investimentos.

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Recompra de ações

O Conselho de administração da XP ainda aprovou um novo programa de recompra de ações, que visa neutralizar futuras diluições acionárias devido ao plano de incentivo de longo prazo para os funcionários da empresa. De acordo com o programa aprovado para 2024, a XP poderá recomprar até 2,5 milhões de ações ordinárias Classe A no período que começa em 28 de fevereiro de 2024 e termina em 27 de dezembro de 2024.

Tais compras ocorrerão no mercado aberto, com base nos preços de mercado vigentes, ou em transações negociadas de forma privada, dependendo das condições de mercado. O conselho de administração da XP revisará periodicamente o programa de recompra e poderá autorizar ajustes em seus termos e tamanho ou suspender ou descontinuar o programa de recompra.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados