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Bloomberg — A WeWork, startup que consagrou o modelo de coworking no mundo antes de entrar em crise financeira, entrou com um pedido de recuperação judicial pelo Chapter 11 da Justiça dos Estados Unidos no fim de noite de segunda-feira (6), reportando quase US$ 19 bilhões em dívidas. Na véspera, as ações da companhia tiveram sua negociação suspensa em meio aos rumores do pedido de RJ.
A empresa com sede em Nova York disse que havia chegado a um acordo de reestruturação de dívida com credores que representavam cerca de 92% de suas notas garantidas e que simplificaria seu portfólio de aluguel de espaço de escritório, de acordo com um comunicado. O pedido de concordata pelo Chapter 11, figura jurídica equivalente à recuperação judicial no Brasil, listou ativos de US$ 15 bilhões.
A declaração de derrocada é o novo ponto culminante de uma saga de altos e baixos anos para a empresa fundada por Adam Neumann, que já foi uma das startups mais valiosas do mundo, com valuation de US$ 47 bilhões em 2019 e que já foi a maior locatária de escritórios em Manhattan. Sua súbita ascensão e queda vertiginosa cativaram tanto Wall Street quanto o Vale do Silício.
A ruína da empresa começou em 2019. Em questão de meses, a empresa deixou de lado seus planos de uma oferta pública inicial de ações (IPO) bilionária diante da descoberta de fragilidades operacionais e, principalmente, de governança, para posteriormente ter que demitir milhares de pessoas e buscar um resgate de vários bilhões de dólares de seus principais investidores, entre eles o SoftBank.
Mudanças pós-pandemia
Outras empresas de espaço de escritório compartilhado também tiveram problemas depois que a pandemia alterou os modelos de trabalho, com avanço do home office.
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A Knotel e as subsidiárias da IWG entraram com pedido de recuperação judicial em 2021 e 2020, respectivamente. Embora a WeWork tenha chegado a um acordo abrangente de reestruturação de dívidas no início de 2023, ela voltou rapidamente a ter problemas financeiros.
Em agosto, ela disse que havia “dúvidas substanciais” sobre sua capacidade de continuar a operar. Semanas depois, informou que renegociaria quase todos os seus contratos de locação e leasing e se retiraria de locais com “baixo desempenho”.
O pedido de recuperação judicial é, muitas vezes, a única opção para empresas em dificuldades com aluguéis caros, uma vez que a legislação dos EUA permite que as empresas insolventes se desfaçam de contratos complicados que, de outra forma, seriam difíceis de cancelar.
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A presença imobiliária da WeWork se estendia por 777 estabelecimentos em 39 países em 30 de junho, com ocupação próxima aos níveis de 2019. Mas a empresa continua não sendo lucrativa.
Operações no Brasil e em LatAm
“A WeWork está solicitando a capacidade de rejeitar os arrendamentos de certos locais, que são em grande parte não operacionais e todos os membros afetados receberam aviso prévio”, disse no comunicado.
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A WeWork disse que pretende entrar com um processo de reconhecimento no Canadá, embora suas unidades em outros lugares não façam parte do processo de recuperação. Os franqueados em todo o mundo também não serão afetados, e a empresa disse que continuará atendendo aos membros, fornecedores, parceiros e outras partes interessadas existentes como parte dos negócios normais.
Não está claro, portanto, se se haverá efeitos na América Latina, incluindo o Brasil, onde a companhia opera desde 2021 por meio de uma joint venture com o SoftBank Latin America Fund.
A empresa abriu seu capital em 2021 por meio de uma combinação com uma empresa de aquisição de propósito específico (SPAC), dois anos após seu IPO inicialmente planejado. Mas isso não impediu que a WeWork tivesse uma sangria de dinheiro.
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Uma última tentativa de estancá-la aconteceu em março, quando a empresa assinou uma reestruturação extrajudicial que cortou cerca de US$ 1,5 bilhão em dívidas e estendeu outros vencimentos.
Analistas apontam que a WeWork nunca foi uma empresa convencional – durante uma parte substancial de sua existência, ela operou com a missão declarada de “elevar a consciência do mundo”.
O ethos espiritual que o fundador Adam Neumann e sua esposa, a executiva e cofundadora Rebekah Neumann, promoveram às vezes fazia com que a empresa se parecesse mais com uma religião do que com uma startup.
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