WEGE3: Por que analistas acham que a queda da WEG pós-balanço foi exagerada

Analistas de mercado ressaltam estabilidade nas margens e o crescimento de receita da empresa

Murilo Melo

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Apesar de números considerados positivos, as ações da WEG (WEGE3) registraram queda de 5,16% na quarta-feira, logo após o balanço do terceiro trimestre de 2024 (3T24), para depois registrarem uma leve alta na sessão seguinte.

A queda acentuada, segundo analistas de grandes bancos, foi uma reação desmedida dos investidores. Isso porque, para o Itaú BBA, Bradesco BBI, Bank of America (BofA), BTG, Genial e JPMorgan, os fundamentos da empresa seguem sólidos, e o cenário atual pode representar uma oportunidade de compra. Às 16h desta sexta-feira (1º), no entanto, os papéis da companhia começaram a reverter as recentes reações: já eram comercializados a R$ 55,17, uma alta de R$ 1,96%, em um dia de queda de cerca de 1% para o Ibovespa.

Segundo o Itaú BBA, embora o desempenho da WEG no 3T24 tenha ficado ligeiramente abaixo das expectativas do mercado — especialmente na margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização/receita líquida), que alcançou 22,6% contra os 22,9% esperados — a empresa ainda apresentou um crescimento robusto em receita e expansão na margem bruta.

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Os analistas do BBA foram rápidos em afirmar que a correção do preço das ações abre uma oportunidade de compra para investidores que buscam um ativo resiliente com potencial de longo prazo. O banco diz ainda que as margens podem ser pressionadas por custos operacionais da recente aquisição da Regal Rexnord, mas que tais ajustes não comprometem a trajetória de crescimento da WEG.

Tanto o BBI quanto o JP Morgan consideraram a queda das ações uma reação exagerada, dada a estabilidade nas margens e o crescimento de receita da empresa, impulsionado pela integração com a Regal Rexnord e pela desvalorização do real, que beneficiou as exportações da WEG.

O JPMorgan enfatiza que o aumento de 22% na receita anual é notável, mesmo sem uma revisão significativa nos lucros, algo que havia sido esperado pelo mercado. O BBI, por sua vez, observa que a valorização do dólar em relação ao real criou um cenário favorável para a empresa, especialmente nas operações da América do Norte e em outros mercados de moeda forte, onde a Weg continua a ganhar participação.

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Excesso de otimismo

Para a Genial Investimentos, o mercado estava otimista demais com o desempenho da WEG após o segundo trimestre forte, o que pode ter contribuído para a queda nas ações. Apesar de a receita líquida estar em linha com as previsões e de uma melhora na margem bruta, os estrategistas da corretora afirmam que as despesas operacionais cresceram devido aos custos de integração da Regal Rexnord e ao aumento de frete.

A Genial aponta que, embora esses fatores tenham impactado as margens, a expansão de mercado no exterior e a forte posição em segmentos como Geração, Transmissão e Distribuição (GTD) sugerem que a empresa mantém uma base sólida de crescimento.

O BTG, em relatório publicado na manhã desta sexta-feira (1º) elevou a recomendação da Weg para compra, com um novo preço-alvo de R$ 68, em comparação com R$ 60 anteriormente. A equipe de estrategistas do banco analisam que o terceiro trimestre da Weg mostrou um desempenho sólido em relação ao ano anterior.

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Mas assim como a Genial, o BTG também afirma que a companhia, conhecida por superar consistentemente as expectativas, encontrou uma barreira dessa vez aos investidores ficarem à espera de margens mais altas, levando a uma interpretação negativa dos resultados.

O BTG aponta ainda que a WEG enfrentou um aumento nas despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A), o que impactou a margem de lucro, e acredita que esses custos mais elevados são temporários, impulsionados pela integração da Regal, adquirida recentemente, e pelos desafios logísticos enfrentados no trimestre.

Os analistas do BTG mantiveram uma projeção otimista para as margens da companhia, prevendo uma margem Ebitda de 23% no longo prazo. Apesar das incertezas de mercado, segundo o banco, a empresa continua a exibir um forte momento de resultados, apresentando uma valorização no setor devido à sua escassez em um contexto de ações brasileiras.

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O BofA também defendeu que, embora a WEG não tenha atingido revisões positivas como nos trimestres anteriores, os resultados vieram em linha com as expectativas. O banco diz que a desvalorização do real e o impacto das aquisições recentes tiveram papéis fundamentais na expansão da receita. No entanto, o impacto positivo do câmbio pode ser sentido mais fortemente no quarto trimestre, uma vez que o dólar continua em alta.

Recomendações positivas

Apesar das reações iniciais do mercado, boa parte dos analistas está otimista com o desempenho futuro. Com o preço das ações corrigido, diversos bancos apontam que o momento pode ser atrativo para investidores que buscam exposição em uma empresa com forte presença internacional, crescimento em moedas fortes e resiliência no setor industrial.

Os relatórios apontam que a valorização cambial e o fortalecimento de segmentos estratégicos podem posicionar a WEG para um quarto trimestre com boas perspectivas, especialmente se o câmbio se mantiver favorável. Com isso, a Genial tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 58 para o final de 2025. O BofA também recomenda compra, com preço-alvo de R$ 63. Segundo compilação Lseg com analistas de mercado, de 11 casas que cobrem o papel, 7 recomendam compra, 2 manutenção e 2 venda.