WEG: WEGE3 dispara 10,47% e ganha R$ 20 bi de valor após 2T24; “não nade contra maré”

Ebitda superou expectativas em 10%, enquanto analistas avaliam que deve haver revisões positivas para números da fabricante de motores elétricos

Lara Rizério

WEG (Foto: Divulgação)
WEG (Foto: Divulgação)

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A WEG (WEGE3) confirmou a visão recente mais positiva de muitos analistas de mercado para as ações e surpreendeu os analistas, que já esperam um resultado positivo para a fabricante de motores elétricos. Adjetivos como “trimestre notável”, com “lucratividade roubando a cena” e que pode levar a revisões para cima foram destaques. Com isso, nesta quarta-feira (31), os papéis saltaram 10,47%, a R$ 50,66, uma performance equivalente a um ganho de cerca de R$ 20 bilhões em valor de mercado, passando de um valor total de R$ 192,49 bilhões para R$ 212,63 bilhões de valor de mercado.

A companhia apresentou um reportou lucro líquido de R$ 1,44 bilhão no segundo trimestre de 2024, alta de 5,4% ante o apurado no mesmo período de 2023.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 2,12 bilhões entre abril e junho deste ano, montante 15,7% superior ao reportado em igual etapa do ano passado, e 19,8% maior que o registrado no primeiro trimestre do ano, além de 10% acima do consenso de mercado.

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A receita operacional líquida (ROL) ao longo do segundo trimestre totalizou R$ 9,27 bilhões, que equivalem a uma alta de 13,5% ante o registrado em igual etapa de 2023 e de 19,8% ante ao trimestre anterior.

Em relatório chamado “não nade contra a maré”, a XP Investimentos ressalta que a WEG registrou resultados mais fortes do que o esperado no 2T24, com lucro 6% acima do que projetava, enquanto a melhora da margem Ebitda foi a principal surpresa positiva sobre os resultados de hoje. Isso reflete um ambiente de demanda mais forte do que o esperado, um melhor mix de produtos e a depreciação do real (com os níveis cambiais atuais implicando mais ventos favoráveis no 3T24).

O JPMorgan aponta que os principais pontos positivos foram: i) o crescimento da receita acelerando acima de 13% na base anual, para o nível mais alto desde o 2T23, ajudado pela Regal, enquanto o crescimento excluindo a Regal foi de 8,5% ano a ano, ainda o nível mais alto desde o 2T23; e ii) as margens melhoraram ainda mais, com a margem Ebitda em 22,9% (+0,4 pp, ou ponto percentual, na base anual), um nível recorde, mesmo com a consolidação da Regal pressionando as margens para baixo.

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O Goldman Sachs reconhece o forte conjunto de resultados da empresa neste trimestre e aponta que tentará entender, através das falas de executivos na quinta-feira em teleconferência, quais foram as principais razões que impulsionaram as margens resilientes, apesar da consolidação dos negócios de motores industriais e geradores da Regal Rexnord neste trimestre.

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No geral, os destaques foram forte crescimento da receita e do Ebitda da WEG no 2T24, a melhora das margens Ebitda, atingindo níveis recordes, apesar da consolidação da Regal, enquanto a WEG apresentou um desempenho sólido em diversos segmentos de negócios.
Já os principais pontos negativos, segundo o JPMorgan, foram: i) a taxa de imposto efetiva aumentou para 22,7%, o nível mais alto desde 2014 e comparando com a sua expectativa de 19% para o ano todo; ii) GTD (Geração, Transmissão e Distribuição) no exterior cresceu 16% ano a ano, o nível mais baixo dos últimos 7 trimestres, devido a uma base de comparação alta no 2T23 devido à entrega de projetos na Europa. “A WEG conseguiu acelerar o crescimento da receita novamente (organicamente e inorganicamente) enquanto melhorava as margens, o que sustenta sua recente valorização e avaliação premium”, avalia o JPMorgan.

O JPMorgan possui recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para as ações, enquanto Goldman Sachs e Morgan Stanley, apesar de destacarem os resultados fortes, seguem com recomendação de venda ou equivalente. O Bradesco BBI seguiu com recomendação neutra, enquanto elevou o preço-alvo de R$ 43 para R$ 50. Além disso, neste último mês, casas como a XP Investimentos e o Bank of America elevaram a recomendação para as ações. A XP, inclusive, reiterou recomendação de compra após o balanço, com fatores de crescimento estruturais para justificar um múltiplo de valuation mais rico.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.