WEG faz compra: baixo efeito para ação, mas novo passo para marcar presença global

WEG anunciou nesta quinta compra de fabricante turca de motores Volt pelo equivalente a R$ 496 milhões

Felipe Moreira

Turbina do Grupo WEG (Divulgação/WEG)
Turbina do Grupo WEG (Divulgação/WEG)

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A WEG (WEGE3) anunciou nesta quinta-feira (12) a aquisição da fabricante turca de motores elétricos industriais e comerciais Volt por US$ 88 milhões (enterprise value, equivalente a R$ 496 milhões).

De acordo com cálculos da Ativa Investimentos, o valor da aquisição representa aproximadamente 0,2% do valor da firma (EV) da WEG. A Volt reportou receita líquida de US$ 70 milhões, com margem Ebitda (Ebitda, lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre receita) de 18,5%, o que implica em uma aquisição a 6,8 vezes EV/Ebitda.

A Ativa comenta que a aquisição está em linha com os negócios da WEG, reforçando o segmento de equipamentos eletroeletrônicos industriais (EEI) e motores comerciais e appliance (MCA). Além disso, a casa de análise ressalta que o valor da aquisição tem pouco efeito no EV da WEG e o múltiplo pago também é confortável para a companhia – tanto que as ações fecharam em leve queda de 0,36%, a R$ 53,31, nesta quinta, mostrando pouca reação ao anúncio.

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Embora pequena, segundo o Bradesco BBI, a aquisição da Volt Electric Motors deve ajudar a consolidar a presença da WEG no segmento de motores elétricos no mercado europeu, complementando a aquisição do negócio de motores e geradores da Regal Rexnord, que tinha apenas 13% de exposição à região da Europa, Oriente Médio e África.

Por mais que a utilização da capacidade da Volt ainda não esteja clara, o BBI acredita que a capacidade adicional pode ajudar a WEG a desbloquear capacidade ociosa e pode se beneficiar da alavancagem operacional.

Enquanto isso, a margem Ebitda da Volt de 18,5% em 2023 provavelmente terá um impacto mínimo nas margens consolidadas da WEG desde o início, mas não deve demorar muito para que a WEG se beneficie das sinergias, dada sua operação atual na Turquia, que inclui uma fábrica de motores elétricos e estrutura comercial.

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O JPMorgan pontua que, apesar de pequeno, vê o anúncio de hoje como marginalmente positivo para a WEGE3, pois a aquisição é relativamente cumulativa, com múltiplos baratos e ajudará a empresa a continuar ganhando participação no mercado de motores globalmente.

Já o Itaú BBA comenta que a aquisição veio com uma avaliação atrativa, mas não impacta significativamente as finanças da WEG devido ao seu tamanho.

Por outro lado, o BBA ressalta que a transação demonstra os esforços contínuos de expansão da capacidade estratégica da empresa, apesar da consolidação de sua maior aquisição até o momento (Regal Rexnord). Analistas do BBA esperam que essa atividade de fusões e aquisições (M&A) melhore a integração vertical da WEG na Turquia.

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O banco também acredita que a aquisição não afetará as despesas de capital orgânico da WEG, pois as despesas de M&A são separadas de seus investimentos orgânicos planejados.

O BBA mantém recomendação de compra e preço-alvo de R$ 57. Já a Ativa e BBI reiteram recomendação neutra e preço-alvo de, respectivamente, R$ 43 e R$ 50.