WEG (WEGE3) dribla projeções ruins, mostra sua força no 4º tri e ações sobem forte

Companhia teve aceleração nas receitas e números bons, mesmo retirando efeitos não-recorrentes

Lara Rizério

WEG (Divulgação: Linkedin)
WEG (Divulgação: Linkedin)

Publicidade

As ações da WEG (WEGE3) tiveram uma sessão de “redenção” após a divulgação dos resultados do quarto trimestre (4T23), que seguiram o anúncio de dividendos e proposta de aumento de capital. Os papéis subiram 6,89% na sessão desta quarta-feira (21), a R$ 36,63, em um movimento bem diverso ao pós-terceiro trimestre, quando WEGE3 despencou em meio à visão de desaceleração dos números seguidamente positivos da fabricante de motores elétricos.

A expectativa era de números mais modestos para a WEG no 4T23, o que também “facilitou” a surpresa positiva dos analistas com os resultados. A companhia reportou resultados do 4T23 com lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 1,8 bilhão (alta de 17% na base anual), ficando 4% acima do consenso da Bloomberg e da visão do Goldman Sachs.

As receitas aceleraram no trimestre, em alta de 7% na base anual, ante alta de 2% anual no 3T23, impulsionadas pelo aumento de 12% nas vendas da divisão de energia da WEG (principalmente no exterior) parcialmente compensadas por uma expansão de um dígito (+2%) na divisão de equipamentos industriais.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, o Custo de Produtos Vendidos (CPV) do trimestre cresceu 2% na base anual, levando a uma margem bruta de 33,7% (superando a projeção do Goldman de 31,5%). A WEG destacou que a acomodação dos preços das principais matérias-primas que compõem sua estrutura de custos (nomeadamente aço e cobre) e um melhor mix de produtos foram catalisadores importantes para a evolução da margem bruta do trimestre. Contudo, os analistas do Goldman ponderam que provavelmente isso não será sustentável no longo prazo.

O lucro líquido subiu 46% ante o 4T22, beneficiando do reconhecimento de créditos fiscais relacionados com a criação de uma nova subsidiária no exterior (Suíça). Segundo a empresa, excluindo este evento extraordinário, o lucro líquido teria sido de R$ 1,4 bilhão (+18% na base anual). Contudo, na avaliação do Bradesco BBI, mesmo excluindo os não recorrentes a WEG teve um bom resultado.

O JPMorgan ponderou que o resultado final de GTD (Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica) internacional, apesar de forte com alta de 29% no comparativo anual, ficou abaixo da sua projeção de 38%. Porém, em relatório antes da abertura do mercado, já esperava uma reação positiva uma vez que a WEG superou o consenso e mostrou aceleração do crescimento.

Continua depois da publicidade

Na avaliação do Bradesco BBI, além dos créditos fiscais, os principais destaques ficaram com o GTD nos mercados externos, que continua impulsionando o crescimento das receitas. O guidance de investimentos para 2024 de R$ 1,947 bilhão e o retorno sobre o capital investido (ROIC) ajustado de 36% (+0,6 ponto percentual na base anual) também foram pontos positivos.

O Citi vê as receitas acelerando e também a margem Ebitda ainda perto dos níveis históricos a 21,4%, com uma margem líquida de 20,4%. “As margens continuam muito fortes e atribuímos isso a dois fatores principais: 1) um mix atual com proporção de ciclo longo maior (GTD e e equipamentos eletroeletrônicos industriais) que a média histórica (30% histórico versus 40% atual), que estruturalmente possui melhores margens e 2) aumento nas margens do mercado externo, à medida que as instalações de produção greenfield ou fábricas adquiridas amadurecem”, aponta o banco americano.

A recomendação do Citi para as ações WEGE3 é de compra, com preço-alvo de R$ 45 (upside de 31%), recomendação similar ao do JPMorgan (overweight, ou exposição acima da média do mercado). O Bradesco BBI e o Goldman Sachs, por sua vez, possuem recomendação neutra para as ações. O Goldman apontou que a aceleração da receita foi positiva, mas o crescimento permanece na faixa de um dígito. Além disso, o banco também modela alguma contração da margem Ebitda e aumento da alíquota de impostos em 2024.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.