WEG (WEGE3): ação fecha em queda de 10%, na mínima do dia, com resultado “atipicamente” decepcionante e mostrando desaceleração

Apesar de positivos, resultados da WEG decepcionam analistas e ações da companhia caem no início do pregão

Camille Bocanegra

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A WEG (WEGE3) apresentou seu balanço do terceiro trimestre de 2023 antes da abertura do mercado nesta quarta-feira (25), com números considerados um marco (negativo) para a fabricante de motores elétricos e tintas industriais.

Mesmo com lucro próximo da estimativa de analistas, que projetavam R$ 1,32 bilhão ante os R$ 1,31 bilhão apresentados, os papéis da companhia têm forte baixa na sessão.

Nesta semana, o Itaú BBA chegou a recomendar redução das posições vendidas antes dos resultados vendo uma possível alta das ações se os números surpreendessem, mas não foi o que aconteceu. Pelo contrário: depois de inúmeros trimestres surpreendendo o mercado, a WEG decepcionou as projeções de alguns analistas.

Assim, as ações foram intensificando a baixa durante o dia, fechando com queda de 10,11%, a R$ 31,47, na mínima da sessão.

Apesar dos números considerados ainda robusto, a desaceleração do crescimento, que se refletiu na receita e nas margens, pesa negativamente nos ativos da companhia.

“Depois de vários trimestres de resultados impressionantes e acima das estimativas, vemos os números do 3T23 materializando algumas de nossas preocupações para a WEG olhando para frente (desaceleração do crescimento da receita e acomodação da rentabilidade), com lucro líquido 4% abaixo das nossas estimativas (o que vemos como incomum). Embora os retornos tenham permanecido em um nível saudável, continuamos a esperar que uma acomodação na rentabilidade pressione os números do retorno sobre o capital investidos nos próximos trimestres (e anos)”, destacou a XP.

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“Os resultados confirmaram a tendência de desaceleração que temos apontado tanto na receita quanto nas margens”, entendeu o BBA, que mantém classificação de market perform (desempenho em linha com a média do mercado de mercado, equivalente a neutro), com preço alvo de R$ 46,00.

A companhia apresentou uma receita operacional líquida de R$ 8,07 bilhões, alta de 2,1% na base anual, mas com redução de 1,2% trimestre a trimestre. A desaceleração do crescimento em relação aos últimos trimestres ocorreu devido a menores vendas no Brasil, em que a empresa teve uma redução das vendas em determinados negócios de ciclo curto, notadamente geração solar distribuída.

A queda dos ativos foi antecipada pelo JPMorgan, em relatório antes da abertura do mercado. “Esperamos uma reação negativa na sessão de negociação de hoje, já que a não conformidade com as expectativas e a desaceleração no crescimento devem levar a uma redução nos múltiplos”, afirmou, na análise sobre os resultados apresentados.

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O banco considerou o trimestre fraco, com pouco crescimento da receita comparado ao ano anterior, “no menor aumento trimestral em relação ao ano anterior desde o 2T17, totalizando R$ 8,1 bilhões”, explica. O banco projetava um crescimento de 11%.

Entre os pontos negativos destacados, está também a queda da receita doméstica de 3% em relação ao ano anterior.

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Já o balanço apresentado ficou em linha com as expectativas do Goldman Sachs.

“Acreditamos que o conjunto de resultados de hoje confirma nossas expectativas de desaceleração nas receitas no segundo semestre de 2023 (embora com uma contração em um nível mais alto do que o esperado no trimestre)”, diz a análise. Ainda assim, o banco mantém o papel como neutro.

A redução na margem bruta, com baixa trimestral de 1,3 ponto percentual, foi maior que as estimativas do Itaú BBA (que projetava alta de 80 pontos-base), para 32,4%, assim como a margem Ebitda de 21,5%, com queda de 90 pontos-base em relação ao trimestre anterior. O recuo foi maior que a projeção do banco, que esperava queda de 50 pontos-base.

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“Em nossa opinião, isso refletiu uma queda nos segmentos de ciclo longo (margens de construção caíram cerca de 5 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior), potencialmente devido a uma tendência de repassar os custos mais baixos de matéria-prima para os preços e a uma desaceleração na demanda dos consumidores globalmente”, pontua.

O Bradesco BBI destacou que os resultados se apresentaram em linha com as expectativas do banco, ainda que abaixo das projeções do mercado. A recomendação do papel é mantida em neutra, com um preço-alvo de R$ 38,00 para o final de 2024.

A Levante Corp ainda aponta que a empresa continua a enfrentar desafios nas vendas de geração solar distribuída, em grande parte devido à antecipação significativa de compras ocorrida em 2022.

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“Por outro lado, as vendas no setor de Transmissão e Distribuição (T&D) permanecem sólidas, tanto no mercado doméstico quanto no internacional, contribuindo para sustentar os resultados. Notavelmente, no mercado externo, a WEG continua fornecendo equipamentos para a expansão da infraestrutura de transmissão nos Estados Unidos, onde a rede existente está envelhecida e requer expansão para atender às necessidades da transição energética”, destaca.

A equipe de análise avalia que, apesar da desaceleração nas vendas, a empresa conseguiu manter margens sólidas, beneficiando-se de um mix de produtos mais favorável e da estabilização dos preços das matérias-primas.

“Além disso, é importante ressaltar que a empresa mantém um sólido desempenho em termos de retorno sobre o capital investido. Resumindo, apesar da desaceleração nas vendas, nossa confiança na performance da empresa permanece inabalada, e esperamos que ela alcance níveis satisfatórios de retorno, especialmente com o ramp up do negócio de motores da Regal Rexnord adquirido recentemente”, destaca a Levante, mantendo visão positiva para a companhia.