WEG: evento evidencia qual é “joia da coroa” para WEGE3; como analistas veem a ação?

XP e JPMorgan possuem recomendação equivalente à compra para WEGE3, enquanto outra parte tem mais cautela de olho em valuation

Lara Rizério Camille Bocanegra

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A WEG (WEGE3) realizou o Investor Day 2024 (Dia do Investidor) na sua sede em Jaraguá do Sul, com a presença de vários executivos e que gerou uma visão positiva para a companhia, ainda que analistas tenham visões bastante diversas sobre as ações da fabricante de motores elétricos.

O evento teve como destaques o processo de integração da Marathon, a estratégia para acelerar a internacionalização e as oportunidades potenciais na transição energética e nas aplicações de IA (inteligência artificial), além da expansão do portfólio de mobilidade elétrica da empresa e seu segmento de Sistema de Armazenamento de Energia por Bateria (BESS).

Os principais pontos, destacados pela XP, foram os seguintes:

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Navegando por águas internacionais. Os mercados externos continuam sendo a principal avenida de crescimento à frente, à medida que a WEG aproveita um mercado endereçável mais amplo, ressalta a XP. Os analistas notam (i) indícios de que T&D (Transmissão e Distribuição) deve permanecer em um cenário de oferta x demanda (muito) favorável no médio prazo (pelo menos), com preços consequentemente melhores, enquanto (ii) para seus produtos principais, a estratégia de crescimento gira em torno do ganho contínuo de participação de mercado nos mercados externos (com destaque para produtos de média tensão), possibilitado por sua pegada global.

Processo de integração da Regal. A WEG detalhou suas estratégias pós-aquisição para Marathon, Cemp e Rotor, com um processo de integração centrado em pessoas reforçando sua cultura corporativa única. Elevar a verticalização parece ser um foco comum, ao mesmo tempo em que exploram oportunidades de cross-selling (oferecendo uma solução mais completa, como com produtos de motion drive).

Alocação de capital. A WEG deu mais cor aos investimentos divulgados recentemente, focados na ampliação da verticalização e da capacidade produtiva. Os destaques ficaram para (i) capex de R$ 340 milhões para uma nova fábrica de fios; e (ii) um capex de R$ 498 milhões para aumentar a capacidade de transformadores no Brasil, que, juntamente com outros investimentos em T&D, deve ajudar a dobrar a capacidade de produção de transformadores da WEG até 2028.

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BESS. Há esforços contínuos da WEG na expansão do portfólio, com impulsionadores estruturais de demanda reiterados para suas soluções de energia e mobilidade elétrica. Também há um ambiente positivo para a aceleração do BESS (Battery Energy Storage System) no Brasil, com usos que variam de geração, transmissão e distribuição a estações de recarga elétrica, agronegócio e outras indústrias.

Como analistas viram anúncio?

A XP vê com bons olhos os anúncios contínuos de investimentos da empresa, com maior verticalização e capacidade de produção abrindo caminho para o crescimento contínuo da receita, reiterando recomendação de compra.

O JPMorgan, no geral, sai do evento com confiança renovada em sua recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) dada a abundância de avenidas de crescimento para a empresa explorar e se beneficiar, dado seu processo de produção verticalizado e produtos de alta qualidade. Além disso, há sinergias e crescimento significativos a serem extraídos dos ativos adquiridos da Regal Rexnord, aponta.

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A Safra Corretora também saiu do evento com uma impressão positiva das perspectivas de crescimento da empresa para o futuro. A integração da Marathon complementa o portfólio da WEG, tanto em termos de produtos quanto de geografia, o que deve impulsionar ainda mais o crescimento internacional da empresa. Após a aquisição, a participação da empresa em motores aumentou de 11,5% para 15%, enquanto nos alternadores passou de 1,1% para 9,1%, colocando a companhia como o terceiro player mais relevante do segmento.

“Também vemos um espaço sólido para a melhoria da margem da Marathon, que deve resultar em suas margens convergirem para os níveis de WEG em 3-5 anos após os ganhos de sinergia e as várias oportunidades de verticalização. A WEG também apresentou iniciativas para se posicionar como um importante player em produtos energeticamente eficientes, um segmento com demanda crescente”, avalia a equipe de análise da casa.

A IA também foi apresentada como uma tendência importante, com impacto positivo na WEG, dado o crescente consumo de energia. Além disso, as perspectivas positivas para o segmento de Sistema de Armazenamento de Energia por Bateria (Battery Energy Storage System – BESS) também devem contribuir para melhorar o crescimento da receita da empresa nos próximos anos. “Seguimos com nossa recomendação neutra para a ação, devido ao seu valuation, mas reconhecemos os ventos favoráveis de curto prazo para a empresa”, ressalta o Safra.

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O BTG Pactual avalia que o evento corroborou o que os investidores veem como a joia da coroa da WEG (e o que acredita ter impulsionado o desempenho das ações este ano): exposição internacional com retornos sólidos. O banco, contudo, tem recomendação neutra para WEGE3, com preço-alvo de R$ 60.

O Goldman Sachs cita três pontos do evento: i) a integração da Marathon (divisão de motores industriais da Regal-Rexnord) e as potenciais sinergias nos principais segmentos que a WEG e a empresa adquirida operam (motores elétricos e alternadores); ii) a estratégia da empresa para o futuro e segmentos onde a empresa vê oportunidades (transição energética e IA generativa); e iii) a atual perspectiva macroeconômica globalmente. O banco tem recomendação de venda para WEG, pois vê uma combinação de crescimento abaixo da média histórica no lucro líquido para os próximos anos, com múltiplos de preço sobre lucro (P/L) acima da média histórica para 2024-25.

De acordo com compilação da LSEG, de 11 casas que cobrem o papel, 7 recomendam compra, 2 manutenção e 2 de venda.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.