WEG: após “efeito DeepSeek”, incertezas sobre tarifas de Trump; como WEGE3 é afetada?

Analistas comentam que a WEG tem 25% de sua receita líquida proveniente dos Estados Unidos, principalmente em transformadores e motores de ciclo curto

Felipe Moreira

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Após o “Efeito DeepSeek”, agora as tarifas de Donald Trump. Mesmo com novas ameaças no radar, o Itaú BBA avalia que a WEG (WEGE3) está estrategicamente posicionada para mitigar os impactos das tarifas mais altas impostas pelos EUA aos bens importados do México (medidas estas que foram suspensas por um mês em notícia durante a tarde) e do Canadá, com implicações limitadas para receita e rentabilidade, embora o sentimento do mercado no curto prazo possa ser afetado.

As medidas de maior tarifa representariam uma escalada significativa do protecionismo comercial, com potenciais impactos em setores que dependem das cadeias de suprimentos norte-americanas.

Analistas comentam que a WEG tem 25% de sua receita líquida proveniente dos Estados Unidos, principalmente em transformadores e motores de ciclo curto.

Aproximadamente um terço desses produtos é fabricado nos EUA, outro terço no México e o restante em outras regiões. Como resultado, cerca de 8% da receita líquida da empresa estará diretamente exposta ao novo ambiente tarifário.

Nesse contexto, o banco destaca que a WEG conta com diversos mecanismos para compensar a pressão das tarifas, incluindo integração vertical e flexibilidade produtiva, permitindo a realocação da produção para outras fábricas e mitigando aumentos diretos de custo. Segundo analistas, essa estratégia seria semelhante à adotada durante a pandemia de COVID-19.

Os analistas também apontam a capacidade ociosa adquirida com a Regal Rexnord, incluindo unidades nos EUA, que estavam operando com 50% de ociosidade.

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Além disso, segundo o BBA, a companhia pode adotar ajustes de preços, que podem atuar como uma barreira parcial contra os impactos das tarifas.

Por fim, embora não espera impactos financeiros materiais, o BBA reconhece que a reação inicial do mercado pode ser influenciada pelo sentimento negativo, especialmente diante da incerteza macroeconômica gerada por mudanças nas políticas comerciais.

O BBA reiterou recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 67.

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Questões no radar dos investidores

À luz dos recentes desenvolvimentos globais, o Goldman Sachs listou os principais tópicos que acredita que os investidores estarão atentos na teleconferência do 4T da WEG (agendada para 27 de fevereiro): i) tarifas dos EUA; ii) notícias recentes sobre IA; iii) sustentabilidade das margens; e iv) ambiente macroeconômico fraco no Brasil.

Sobre as tarifas e os impasses sobre elas, o Goldman também ressalta que 25% da receita da WEG provém da América do Norte e, embora a empresa não divulgue receitas por país, acredita que uma parte significativa dos produtos é produzida no México (como referência, a WEG possui 5 fábricas de motores industriais na América do Norte, das quais 2 estão localizadas no México e 1 no Canadá, com apenas 2 nos EUA).

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Além disso, ressalta que o governo dos EUA também impôs uma tarifa adicional de 10% sobre todas as importações da China – a WEG destacou em seu dia do investidor que uma das fontes de sinergias e oportunidades decorrentes da aquisição da Marathon está relacionada à produção de motores para exportação (tanto a Marathon quanto a WEG possuem plantas industriais na China). “Assim, acreditamos que os investidores estarão buscando avaliar os potenciais impactos dessas tarifas na lucratividade e nas perspectivas de crescimento da WEG no futuro, em um cenário onde essas tarifas persistam”, apontam.

Para o Goldman, os investidores podem ter interesse em entender melhor como essas tarifas recém-implementadas poderiam mudar os planos de capex (despesas com capital) da empresa no futuro. “Observamos que a WEG anunciou vários investimentos no México (como expansões de fábricas, uma nova fábrica de fios e a verticalização das operações da WEG no México)”, relembra.

O efeito DeepSeek também será monitorado de perto. O anúncio de novos modelos de IA na China na semana passada, que potencialmente têm requisitos de energia mais baixos em comparação com outros modelos atuais no mercado, causou uma correção significativa no preço das ações da WEG (as ações caíram cerca de 8% na segunda-feira, 27 de janeiro).

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“Acreditamos que um cenário potencial onde as tecnologias de IA têm requisitos de energia mais baixos poderia levar a uma menor demanda por capex na infraestrutura/geração da rede elétrica e, portanto, poderia impactar negativamente as perspectivas de crescimento da WEG. Assim, esperamos que os investidores se concentrem nesse tema durante a teleconferência do 4T, buscando avaliar como o recente anúncio da DeepSeek poderia mudar as expectativas da empresa em relação ao crescimento em seu segmento GTD (Geração, Transmissão e Distribuição) internacionalmente”, apontam.

A sustentabilidade das margens e os impactos de um ambiente macroeconômico mais fraco no Brasil também são pontos citados pelo Goldman. Ao contrário do BBA, o banco americano tem recomendação de venda para WEG, pois vê uma combinação de crescimento abaixo da média do lucro líquido para os próximos anos, juntamente com um múltiplo de P/L (preço sobre lucro) acima da mediana histórica de cerca de 31 vezes em 2025 (versus mediana de 12 anos de cerca de 25 vezes), mesmo ao considerar o forte momento operacional que a empresa está passando.

“Por outro lado, vale ressaltar que a WEG é vista como uma ação defensiva no Brasil, o que significa que as ações tendem a ter um desempenho superior em condições macroeconômicas adversas”, afirma a equipe de análise.