Você se sente atraído por pechinchas na Bolsa? Explicação pode estar no seu DNA

Estudo aponta que até 24% das diferenças de tomadas de decisão dos investidores neste sentido pode ser explicada pelo código genético

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Quando uma ação começa a cair muito, você é daqueles que vê logo uma boa oportunidade e já compra logo o papel? Ou é daqueles que se sente mais atraído por ações que registram movimentos de alta constante mas que, às vezes, podem estar muito caras? Um novo estudo concluiu que muitos investidores podem ter mesmo uma certa predisposição genética para ir à caça de pechinchas no mercado de ações.

Três economistas – Henrik Cronqvist e Frank Yu, da Escola de Administração China Europa Internacional, em Xangai, e Stephan Siegel, da Universidade de Washington – examinaram a composição genética e as carteiras de 35 mil gêmeos na Suécia. Eles compararam as semelhanças nas carteiras de investimentos entre gêmeos idênticos, que compartilham 100% do DNA, e de gêmeos fraternos, que compartilham cerca da mesma quantidade que irmãos e irmãs. Com essa comparação, os economistas estimaram o grau em que as mesmas combinações de genes estavam associadas às semelhanças entre as carteiras. 

O estudo indicou que o número médio de ações mantidas por esses investidores era negociada com uma relação entre preço e lucro de 23 vezes, sendo que apenas um décimo dos investidores – os chamados caçadores de pechincha – possuíam ações com uma relação entre preço e lucro abaixo de 11,6 vezes. Enquanto isso, cerca de 25% dos investidores – estes adeptos das “ações com crescimento rápido” – tinham ações negociadas a uma relação de preço sobre lucro de 28,6 vezes.

Através da pesquisa, descobriu-se que de 18% até 24% das diferenças no nível em que os investidores preferem ações baratas ou de crescimento rápido pode ser explicada pelo código genético. Conforme destacou Siegel, a preferência por ações baratas ou de crescimento rápido não é somente uma preferência e sim, uma tendência inata. 

Outros fatores
Além dos fatores genéticos, as influências ambientais também são determinantes. Se a economia sofreu uma recessão severa quando os investidores tinha entre 18 e 25 anos e os pais eram relativamente pobres, eles estão mais propensos a investir em ações consideradas baratas. 

Porém, os estudiosos ainda não definiram as variações específicas que podem funcionar como os genes dos investimentos baratos. Mas, com novos trabalhos, pode ser possível indicar que a definição do nosso perfil de investimentos pode estar aonde nós nem mesmo esperamos.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.