Vivo (VIVT3) e TIM (TIMS3) conseguem elevar preços e receitas devem crescer acima da inflação no 2º tri

Expectativa também é de margens melhores após conclusão do contrato de transição com a Oi

Mitchel Diniz

(Getty Images)
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As perspectivas para os resultados trimestrais das grandes empresas de telecomunicação listadas na Bolsa são positivas. A Telefônica Brasil/ Vivo (VIVT3) será a primeira a reportar números, já nesta terça-feira (25), após o fechamento do mercado. A divulgação da TIM (TIMS3) está prevista para a próxima segunda-feira (31).

Segundo os analistas, ambas as companhias devem apresentar crescimento de receitas acima da inflação, sobretudo no segmento móvel, após elevar os preços dos serviços prestados.

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O Bank of America (BofA) destaca que o fim do contrato TSA, da transição da base que as operadoras adquiriram da Oi (OIBR3), deve fazer com que as margens das companhias cresçam de forma relevante em relação ao ano passado.

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“Mantemos visão positiva para as grandes empresas de telecomunicações, dada a perspectiva de dividendos fortes e a racionalidade do mercado mobile“, afirmam os analistas do banco.

Na visão dos analistas do Santander, as operadoras foram bem sucedidas em ajustar preços nos planos “controle” e pós-pago.

“Esperamos que as ‘telcos’ brasileiras reportem fortes resultados no segundo trimestre de 2023, marcados por um crescimento sólido de receita e margens Ebitda [Ebitda = sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] saudáveis”, escreveu a equipe de análise. A expectativa de margens melhores também é amparada por uma gestão mais eficiente dos custos.

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Vivo: migração do pré-pago para controle deve refletir nos resultados

A média das projeções do mercado, compilada pela Refinitiv, prevê lucro líquido de R$ 915,05 milhões para a Vivo no segundo trimestre de 2023. Em termos de receitas, a expectativa é que a companhia atinja R$ 12,556 bilhões, 6,12% a mais que um ano antes.

A XP espera por resultados financeiros sólidos, com bons resultados operacionais e saldo positivo de adições líquidas no segmento pós-pago. O desempenho deve refletir uma estratégia “assertiva” de migração do pré-pago para controle e um saldo positivo de portabilidade, segundo os analistas Bernardo Guttman e Marco Nardini.

“Os ajustes de preços feitos em sua base de clientes também devem contribuir para o crescimento da receita no trimestre”, afirmam. “No segmento de banda larga fixa, a empresa tem mostrado dinâmicas positivas, aproveitando as adições líquidas em fibra, que compensaram a queda na receita non-core de acessos legados”.

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A XP prevê crescimento de 5% na receita líquida consolidada da Vivo – nessa conta, entra um avanço previsto em 6% na receita de serviços móveis, de 5% no faturamento com venda de aparelhos e de 3% na receita líquida fixa.

Além disso, estima que a margem Ebitda avance em 1,1 ponto percentual, devido a alavancagem operacional. Por fim, estima crescimento de 21% no lucro líquido, para R$ 903 milhões.

O Santander prevê receitas de R$ 12,7 bilhões para a Vivo no segundo trimestre, com um crescimento orgânico de 7,5% na comparação anual. A casa calcula que faturamento do segmento mobile deve crescer 9,5%, bastante acima da inflação.

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“Em nossa visão, essa performance forte virá como resultado da implementação bem sucedida de alta de preços em maio, junto com um sólido crescimento das adições líquidas de usuários”, escreveram os analistas Felipe Cheng e Cesar Davanco.

Já no segmento de telefonia fixa, o Santander prevê uma desaceleração no crescimento das receitas, que deve ser de 2,9%, após avançar 3,5% no primeiro trimestre. Do lado da rentabilidade, a casa estima Ebitda de R$ 4,9 bilhões para a Vivo (crescimento anual de 8%) e margem Ebitda de 38,9% (alta de 20 pontos-base, na mesma base de comparação). Por fim, a casa calcula que o lucro líquido da operadora será de R$ 835 milhões, alta de 12% em bases anuais.

“Nos preços atuais, continuamos preferindo Vivo do que TIM”, afirmam os analistas.

O Bank of America prevê crescimento de 6,5% nas receitas da Vivo e de 8,6% no segmento móvel. Na parte de telefonia fixa, a expectativa é de que o faturamento cresça 2%. Ainda que a parte de fibra óptica (FTTH) venha a crescer 18% ano a ano, outras tecnologias ainda devem apresentar declínio. O BofA também estima um crescimento forte para os serviços digitais da companhia.

Para a margem Ebtida da Vivo, o banco vê um crescimento de 80 pontos-base em relação a um ano atrás, com impacto positivo da conclusão de negócios com a Oi. “A margem também deve ser impactada positivamente por outras receitas operacionais que devem voltar ao terreno positivo”, afirmam os analistas. O BofA prevê lucro líquido de R$ 850 milhões para a Vivo no segundo trimestre.

O Bradesco BBI espera Ebitda de R$ 4,9 bilhões para a companhia no período. “Assim como em TIM, esperamos ver tendências positivas de faturamento, com melhora nas receitas por usuário impulsionado por iniciativas de ajuste de preço, enquanto as margens devem se manter estáveis na comparação trimestral”.

TIM: maior receitas por usuários e cancelamentos sob controle

A média das projeções do mercado, compilada pela Refinitiv, prevê lucro líquido de R$ 507,88 milhões para a TIM no segundo trimestre de 2023. Em termos de receitas, a expectativa é que a companhia atinja R$ 5,784 bilhões, 7,7% a mais que um ano antes.

As expectativas da XP estão acima do consenso. É de crescimento de 9% nas receitas com serviços móveis da TIM, também impulsionado por aumento de preços ao longo do trimestre e baixos níveis de cancelamento. Em relação à margem Ebitda, os analistas preveem expansão de 2,3 pontos percentuais, atingindo 48,6%, beneficiada pelo fim do contrato TSA com a Oi.

A XP estima crescimento de 82% do lucro líquido da TIM no trimestre, comparando com um ano antes, para R$ 569 milhões. O valor deve ser positivamente impactado pelos R$ 520 milhões pagos em juros sobre capital próprio (JCP) ao longo do trimestre.

O Santander prevê crescimento de 8,8% nas receitas da TIM, para R$ 5,8 bilhões. No segmento mobile, a expectativa é de avanço de 9% no faturamento, impulsionado pela elevação de preços nos meses de abril e maio. Para o Ebitda, a previsão é de R$ 2,8 bilhões, crescimento de 14% em relação a um ano antes, e margem de 48,5%, com alta de 220 pontos-base no mesmo intervalo de comparação. Os números devem ser impulsionados pela conclusão da transição da parte da Oi Móvel, adquirida pela TIM.

O lucro líquido previsto pelo Santander para a operadora é de R$ 593 milhões no segundo trimestre, alta de 89,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

O BofA prevê crescimento de 8,5% nas receitas da TIM, em bases anuais, e de 9% no faturamento com serviços móveis. No segmento de linhas fixas, o banco está mais otimista, prevendo avanço de 6% em comparação a um ano antes e de 10% na Tim Live, negócio de fibra óptica da companhia.

O banco também calcula uma expansão de até 180 pontos-base na margem Ebitda da companhia, após a conclusão do negócio com a Oi, que teve impacto negativo nos trimestres passados. O BofA prevê lucro líquido de R$ 530 milhões para a TIM no segundo trimestre.

O Bradesco BBI espera Ebitda de R$ 2,7 bilhões no segundo trimestre, levemente acima do que foi registrado nos três primeiros meses do ano e em linha com o consenso do mercado. Na visão dos analistas da casa, as receitas da TIM devem continuar mantendo a força vista no primeiro trimestre, sustentada por tendências saudáveis de ARPU (sigla em inglês para “receita média por usuário”).

Isso, de acordo com o BBI, é resultado de inciativas de ajuste de preços enquanto os níveis de cancelamento (churn) continuam sob controle.

“O lucro líquido, por sua vez, também deve se beneficiar de uma alíquota efetiva baixa com o pagamento de juros sobre o capital próprio no trimestre”, diz relatório assinado por Otavio Tanganelli.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados