Vivara troca de CEO em 10 dias após turbulência e ação sobe: VIVA3 voltará ao normal?

Bradesco BBI destaca notícia como positiva após forte queda das ações, enquanto JPMorgan vê mudança com ressalvas

Felipe Moreira

(Shutterstock)
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Depois de uma reação bastante negativa do mercado, Nelson Kaufman, maior acionista e fundador da Vivara (VIVA3), decidiu voltar atrás em sua decisão de assumir a presidência executiva da companhia pouco mais de uma semana (10 dias) depois de anunciar que assumiria o cargo.

A varejista anunciou nesta segunda-feira (25) que Otavio Lyra, CFO da empresa desde o IPO, assumiu como CEO, enquanto Kaufman ficará na presidência do conselho de Administração. Cabe ressaltar que, no dia 15, já havia ocorrido uma mudança abrupta de CEO, seguida de teleconferência com investidores em 18 de março e resultados fracos do 4T23 relatados em 20 de março, levaram as ações a uma queda de 18% na semana passada. Além disso, a saída de dois conselheiros independentes – Anna Chaia e Tarcila Ursini –na última sexta-feira (22 de março) sugeriu que as questões de governança ainda não estavam totalmente resolvidas internamente.

A notícia da nova mudança foi bem recebida pelo mercado, com as ações VIVA3 fechando em alta de 1,91%, a R4 25,56, na sessão desta segunda, ainda que longe das máximas do dia. Porém, alguns analistas ainda fazem ponderações sobre as novas escolhas.

O Bradesco BBI avalia a mudança anunciada nesta segunda como positiva e disse gostar das medidas implementadas pela Vivara em busca de mitigar os danos percebidos. Analistas esperam que a Vivara fortaleça ainda mais a sua governança, a fim de aumentar a confiança dos investidores na tese.

Em termos de avaliação, o BBI enxerga um ponto de entrada atraente e reconhece que os erros do passado recente não serão facilmente apagados. No entanto, com a ação negociando a 11 vezes o múltiplo Preço (P)/Lucro (L) para 2025, um desconto de aproximadamente 10% em relação aos pares, o banco vê as ações como descontadas do ponto de vista fundamentalista, e acredita que o pior deveria estar, em grande medida, no passado.

O BBI reitera recomendação de compra por enquanto, considerando que mesmo que hipoteticamente o múltiplo deprimido seja preservado, a Vivara deveria ter um bom carrego com base em um crescimento de lucros futuros de aproximadamente 20%, e para justificar os níveis de valuation atuais, os fundamentos teriam que ser dramaticamente corroídos, o que parece improvável, na opinião do banco.

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O JPMorgan, por sua vez, acredita que a mudança de gestão provavelmente trará mais turbulência para as ações da empresa. A interpretação do banco é que, apesar dessa aparente tentativa de acalmar o mercado com um CEO profissional, a percepção do mercado é improvável de mudar. “A equipe de gestão pode não ter independência para administrar a empresa após a movimentação da semana passada”, destaca o banco americano.

Além disso, o JPMorgan comenta que apesar de ser um CFO resiliente e consistente na Vivara, com mais de 10 anos de experiência no setor varejista, Otavio Lyra teve envolvimento limitado nas operações e execuções de varejo. Ele possui vasta experiência em finanças – sendo CFO da Vivara nos últimos 4 anos, após atuar como diretor de tesouraria/RI na Netshoes e CFO/IRO na Brasil Pharma.

Por fim, o JPMorgan destaca que as questões apontadas por Kaufman em teleconferência na semana passada, ao assumir o cargo de CEO, estavam relacionadas aos aspectos operacionais e executivos da empresa.