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O mercado de distribuição de combustível no ano passado teve forte mudança com o fluxo elevado de diesel importado da Rússia para o Brasil.
A Vibra (VBBR3) reconheceu após os resultados de 2023 que esse diesel – junto com o americano – já faz parte estruturalmente do suprimento de combustíveis do País.
A distribuidora chegou a perder mercado com esse novo cenário – motivo para a queda das ações de mais de 5% no pós-resultado apesar do salto do lucro – e agora tenta recuperá-lo, inclusive adquirindo produto refinado importado.
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Ernesto Pousada, CEO da Vibra, durante a teleconferência de resultados do 4T23 a analistas, realizada nesta terça (5), destacou que a empresa perdeu market share no diesel principalmente no segmento B2B.
No release do 4T23, a empresa observa que a média anual (2023) de share foi de 25,9%, redução de 2,4 pontos percentuais (p.p.) na comparação com a média de 2022.
“Um dos fatores foi o diesel russo. A Vibra aguardou um pouco, colocou um processo bastante robusto de compliance de atendimento a todas as normas para importação do diesel, e isso acabou afetando o nosso resultado no segundo semestre numa base relativa”, comentou.
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“Agora, estamos aptos a importar diesel, inclusive da Rússia, caso essa seja a nossa estratégia. Em algum momento ele vai ser vantajoso, em outro não. Isso a companhia vai avaliar. Mas mais importante é a empresa ter competitiva”, complementou.
Restruturação para importar
Segundo o executivo, a Vibra reestruturou a área de sourcing (contato com fornecedores) para justamente ter capacidade de importação. E busca esse ano a retomado do market share que tinha no final de 2022.
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“Em 2024, o desafio da companhia é a continuidade de sua rentabilidade crescente e entrega dos projetos, e recuperar o que estamos chamando de fair share (capacidade de atendimento no mercado) para o tamanho da Vibra, que nós acreditamos que não seja o patamar atingido no final do ano (passado)”, disse o CFO Augusto Ribeiro.
“Nós vamos retomar esse market share muito gradualmente. Não estamos com pressa. Entendemos o market share como algo de médio e longo prazo”, acrescentou Pousada.
Desalavancagem abre possibilidade de dividendos adicionais
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Em 2023, outro ponto que chamou a atenção no resultado da Vibra foi a redução expressiva da alavancagem. “Saímos de 2,7 vezes e fechamos com 1,1 vez. Importante considerar que quando você tira o ganho extraordinário tributário, a gente voltaria para 1,5 vez”, disse o CEO na teleconferência.
Segundo Ernesto Pousada, “o primeiro ponto é estabilizar a alavancagem, entender onde estamos posicionados nos próximos trimestres e trazer uma estabilidade para isso”. E complementou: “A gente tem alguns projetos inorgânicos. Agora é importante dizer que caso esses projetos ao longo dos próximos trimestres não se materializem, a companhia estará pronta para distribuir esse dividendo adicional”.
Eneva: fim das negociações?
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Sobre a Eneva (ENEV3), a Vibra parece tem descartado de vez uma possível fusão. Pousada fez questão de destacar que em um fato relevante divulgado pela empresa em novembro sobre a possível combinação de negócios, ficou expresso que a operação não andava bem.
“A companhia está zelando pelo longo prazo e melhor interesse de seus acionistas, e a gente vai estar sempre aberto a escutar propostas que possam gerar valor”, ressaltou, para frisar em seguida que o comunicado de novembro afirmava que o valor apresentado pela Eneva para o negócio era “injustificável”.