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Na noite da véspera, mais um desdobramento da crise na Americanas (AMER3) chamou a atenção dos investidores, ainda que fosse esperado: a Vibra (VBBR3) anunciou que seu Conselho de Administração decidiu rescindir a joint venture Vem Conveniência com a varejista, tendo em vista o processo de recuperação judicial da então sócia, após detectar inconsistências contábeis em suas demonstrações financeiras em 11 de janeiro.
A dissolução da parceria já estava prevista nos instrumentos de Partnership, e visa devolver os negócios (Local e BR Mania) aos respectivos sócios originais. A Vibra espera que a entidade Vem Conveniência continue com a empresa, e reiterou seu compromisso com a estratégia de negócios das lojas de conveniência.
Já a Americanas afirmou na manhã desta terça que recebeu “com surpresa” a notificação da Vibra Energia sobre o fim da sociedade. “A administração da companhia está avaliando os termos da notificação junto a seus assessores legais para resguardar o interesse da Americanas”, escreveu a varejista.
Mesmo a notícia não sendo vista como positiva, analistas destacaram que ela tem impacto limitado para as ações da Vibra. Por sinal, os papéis VBBR3 subiam 2,15%, a R$ 15,23, no início da tarde desta terça.
Na visão do Morgan Stanley, este era um movimento esperado e necessário, pois os procedimentos na Americanas poderiam potencialmente comprometer as operações da JV (mesmo as inconsistências contábeis não sendo relacionadas à joint venture) e a sócia da Vibra não teria mais condições de se comprometer com os investimentos necessários e focar em desenvolver o negócio.
“Apesar de voltar à estaca zero em sua estratégia de expandir o negócio de conveniência, vemos a rescisão do contrato tendo impacto limitado para VBBR3, já que a joint venture era uma parte muito pequena do negócio, representando menos de 5% do total de lojas de conveniências operadas pela empresa”, aponta o Morgan.
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O Morgan segue com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 24 para os ativos, com potencial de valorização de 61% em relação ao fechamento da véspera.
“Continuamos a gostar da ação, pois o valuation é atrativo e a Vibra está executando sua recuperação desde seu IPO, permitindo-lhe oferecer margens superiores consistentemente em relação aos seus pares. Também achamos que as ações poderiam mais uma vez fornecer uma proposta atraente de remuneração ao acionista, uma vez que a alocação intensiva de capital em negócios de energia renovável (Comerc e Copersucar) foi concluída”, avalia o banco.
Na mesma linha, o Bradesco BBI destaca que a joint venture estava em seus estágios iniciais e acredita que o impacto deve ser limitado para a Vibra. “Além disso, parece não fazer tanto sentido desenvolver um negócio de lojas de conveniência com um parceiro que está passando por um processo de recuperação judicial. O valor da empresa da joint venture foi avaliado em R$ 995 milhões (R$ 497 milhões líquidos para a Vibra) pelos sócios e a Lojas Americanas injetou cerca de R$ 200 milhões em dinheiro no empreendimento. Portanto, continuarão as discussões sobre como a Americanas pode potencialmente recuperar o valor investido na parceria”, aponta o BBI.
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O Citi manteve recomendação de compra para os ativos VBBR3, com preço-alvo de R$ 30, ou potencial de valorização de cerca de 101% frente o fechamento da véspera. O banco acredita que a Vibra irá procurar por um novo parceiro no segmento de lojas de conveniência, uma vez que a companhia ganharia alavancagem operacional com um parceiro varejista para operar a cadeia de oferta (logística e de compra) para a sua rede de 1,2 mil lojas BR Mania espalhadas pelos estados brasileiros.
“É uma notícia negativa para a tese de investimentos, mas a esse ponto não vemos risco de queda para a ação, com a VEM não estando precificada na nossa tese de Vibra”, apontam os analistas.