Vibra deve manter política de dividendos mesmo com a compra da Comerc, diz analista

Distribuidora anunciou a aquisição de 100% da empresa de energia renovável e a expectativa é que ela recupere rápido a capacidade de pagar proventos extraordinários

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Quando a Vibra (VBBR3) foi privatizada, ela deixou de ser somente distribuidora de combustível líquido e passou a ser uma empresa com um portfólio mais amplo, incluindo negócios com energia renovável, vindo com os investimentos na Comerc.

Nesta quinta (22), a companhia anunciou a aquisição integral da Comerc – antes, a Vibra tinha 50% do negócio. A Comerc é uma empresa que inclui geração de energia renovável, comercialização e serviços.

Faz sentido, mas é controverso

Regis Cardoso, analista de óleo e gás da XP, participou nesta sexta (23) do programa Morning Call da XP, e disse que “a aquisição da Comerc faz sentido, mas o valor da compra é controverso”. O remanescente de 50% na Comerc está sendo adquirido pela Vibra por R$ 3,52 bilhões.

“A gente acha que faz muito sentido essa decisão porque ela permite antecipar algumas sinergias que são geradoras de valor, como eficiências de custo, menor custo da dívida e monetização de ativos fiscais”, disse.

“Mas gostaríamos de ver um preço menor (de aquisição), mas ao mesmo tempo as transações estão disponíveis a um certo valor e talvez esse fosse o melhor a fazer ali na mesa de negociação”, ressaltou.

Alavancagem mais alta

O analista ressaltou que o impacto secundário dessa transação é que ela aumenta a alavancagem da Vibra para 4,3 vezes. “Isso levantou uma certa preocupação do mercado por causa de pagamentos de dividendos no curto prazo. Mas a alavancagem deve reduzir muito rapidamente, na medida em que o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] da Comerc subir, e a própria empresa combinada gerar caixa”, disse.

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“A gente acha que a política (de dividendos) deve ficar restrita a 40% do lucro no curto prazo, mas, depois, com o aumento de Ebitda e geração de caixa (com os negócios combinados entre a Vibra e a Comerc), a companhia deve voltar a pagar dividendos extraordinários”, complementou.

A XP explicou, no entanto, que os negócios da Comerc normalmente operam com maior alavancagem devido à natureza do projeto de seus ativos, que exigem um investimento inicial significativo e têm receitas contratadas de longo prazo, o que sustentam uma maior alavancagem.